Tuesday, April 29, 2008



Ontem li na Folha de SP a opinião de um playboy babão sobre a Virada Cultural – que uma amiga apelidou de Cambalhota Cultural. Nela, o sujeito, um tal de Gustavo Piqueira, reclama que um ‘mar de mijo’ invadiu as ruas do centro. Pimpão. Acho que ele só havia dado umas pernadas por aquelas bandas através do Google Earth. Ficaria impressionado se ele dissesse que o centro cheira à Jasmim. Hoje mesmo, fui até lá com o motoboy aqui do trampo. Engolindo monóxido de carbono descemos a Consolação no regaço pelo corredor de ônibus. Daí paramos num prédio ali na 7 de Abril e ele subiu pra protocolar uma papelada. Eu fiquei ali fumando um cigarro e andando em círculos até que pisei na merda de um cara, ao lado de uma árvore. Limpei a bota raspando a sola num poste, sob os olhares de um velhinho sentado naqueles bancos anti-mendigos. Não pude deixar de rir. Não é todo dia que se pisa numa bosta humana. Depois, Piqueira, o indignadinho, crítica a molecada que ‘turbina garrafas PET com birita’ num evento gratuito com música ao vivo no centro. Francamente, esse cara deve ter nojo de buceta. “Ai, que fedor!” Quê que ele quer? Tacinhas? O engraçado é o último parágrafo, onde ele questiona e responde as próprias perguntas. Parece uma tia.

o estalo do chicote

A banda CICRANO - dos camaradas Cabeça, Gui e Andrezão - faz hoje sua primeira apresentação ao vivo.

Monday, April 28, 2008

é o diabo aqui ao meu lado

Descobri agora, lá no Pitchfork, que Bonnie ‘Prince’ Billy lança um álbum novo só de inéditas no dia 19 de maio. Logo logo. Colocaram até o link para uma versão demo de uma das músicas do disco*, e o de um vídeo bem babaca. Agora, aproveitando o ensejo, coloco aqui o link do clipe de uma das minhas músicas favoritas do barba-ruiva. “Horses” foi gravada pelo Palace Brothers há um bom tempo atrás. Quando viajei para o Chile de carro há quase um ano, ouvia essa porra o tempo todo, tinha tudo a ver com as paisagens. Ela é daquelas músicas que quando toca no carro, naqueles estradões de meu deus, ninguém abre a boca, mesmo não a conhecendo, fica ali rodopiando no ar enquanto a estrada é percorrida e uma daquelas scanias gigantescas de 10 toneladas cruza o sentido contrário. Foi engraçado descobrir esse vídeo, uma espécie de road-clipe irmão caminhoneiros Shell na neve, com um cachorro husky na boléia e uma pá de caminhoneiros rednecks.

* “So Everyone” – Bonnie ‘Prince’ Billy


A Pixel colocou à venda o 5º volume do Preacher “Guerra ao Sol”.


dá uma olhada nas fotos que Hunter S Thompson tirou entre os anos 50 e 70.

aqui.
Furei. Bebi água. O Mário me descolou uma carteira na classe dos fodões, na Jam Session de quadrinhos que rolou ontem na HQMIX pela Virada Cultural, ali na Praça Roosevelt. No entanto, por motivos de uma força bem maior - como kriptonita - fugi de São Paulo e do escarcéu que foi esse final de semana na capital. Pelo line up da bagaça, creio que não fiz falta alguma, só espero não ter cauterizado meu filme com o simpático organizador.
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Fui assistir “Aos Ossos que tanto doem no inverno” na sexta. Puta que o pariu, hein, Sérgio Mello. Tu é um desgraçado. Apelão. Primeiro por ter escrito aquilo ali. Logo na primeira peça já chega mostrando adagas enferrujadas. Depois, por ter juntado no mesmo engradado essa equipe: Mário, Nelsinho, Marcelo Montenegro e a Soledad, que não conheço, mas que pela direção, só pode ser uma grande pessoa. Apareci no Ruth Escobar um tanto esmerilhado pela noite anterior, mesmo assim, comprei um Toddynho e um pão de queijo e me sentei no boteco ao lado. Daí o Sérgio apareceu e ficamos jogando palitinhos até o início da peça. Então, eu entro naquela salinha claustrofóbica, noto uma figura perturbada segurando uma espingarda, minha mente já pensa “lá vem”. E veio. Eu sabia. Algo que aconteceu numa pequena cidade industrial. Que me fez matutar sobre o fato de muitas pessoas nunca terem encontrado paz na Terra. Sobre causos que arrancam uma risada inquieta do ouvinte. Sobre como lavar a roupa suja sem sabão, e a saudade que esfrega teu rosto chão. Gritos abafados pelo escuro do quarto. Sobre uma revanche que se transforma em redenção. Eu sabia. Pouca gente deve saber.
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Wednesday, April 23, 2008

façam melhor

Riam, matraqueiem, babies asnos. Pensem sobre não ter filhos. Antes cretino que otário. Pode ser tarde. Para aqueles que bravam e pisam na tal da merda. Sobre quem não sabe o que fazer. Peguem seus atalhos acarpetados, felizbertos. Apenas fujam de mim. Posso fazer-lhes de churrasquinho. E enterrá-los no cascalho de seus flácidos arbítrios. Dos tolos que crêem no que Eles dizem. Amém. SARAVÁ.

Thursday, April 17, 2008

Eu não tenho pra fazer, além da falta de apetite e do mau humor. Passei a maior parte do dia como de costume, sentado na varanda olhando o casal de patos desenhando na lagoa. Ontem, acertei a merda do meu polegar com o martelo e estilhacei a unha em várias partes. Eu estava tentando fixar a prateleira que desabou com todos meus pratos. Calculei mal. Doeu pra caralho na hora, agora parece que tem um bicho dentro querendo sair pelas beiradas. Hoje almocei na panela como se raspasse a lama incrustada em minha bota. Fui até o pasto, mas Pintado não respondeu meus chamados e assobios, por isso decidi, após soltar todas as pragas retumbantes contra o mundo, que não vou descer até a cidade para comprar presunto. Não estou com fome mesmo. A noite chega e as cigarras se esgoelam cada vez menos, dando lugar aos sapos que gorgolejam cada vez mais alto no brejo. Juvenilson apareceu visivelmente perturbado na hora do almoço. Me viu de cueca comendo na panela. Riu como uma hiena com aquele cabelo imundo entrando em sua boca. Eu peguei a espingarda e apontei. Ele continuou rindo, se contorceu pra frente e caiu no chão como um saco de merda. Está lá roncando até agora.

logo mais

tem show do DEBATE, às 23 horas, no Milo Garagem.

Rua Minas Gerais, 203a, São Paulo, São Paulo Custo : R$ 10

Wednesday, April 16, 2008

vida chata



Li “Sangue de Bairro” na Animal no começo dos anos 90. Lembro que fui na casa de um grande amigo que tinha um pai colecionador de HQs. Ele arremessou o exemplar no meu colo e me disse para ler. Passei a tarde no quintal dele, sentado numa cadeira enferrujada, acarinhando o cão com a sola do tênis, entre um baseado e outro, devorando uma das histórias em quadrinhos que mais me marcaram a vida. Fiquei impressionado com o traço econômico e cheio de estilo do espanhol Jaime Martin. Ontem fui ao Mercearia e o Marquinhos me mostrou a edição que a Conrad lançou esses dias. Nem imaginava que se tratava de “Sangre de Barrio” - eles colocaram o péssimo nome de “Vida Louca” - mas folheando ele ali no bar delirei, foi como escutar de novo aquela música esquecida favorita da adolescência. Garanti o meu. Essa edição é completa, eu nunca tinha lido a história inteira que tem 3 partes. Passei a tarde fazendo isso hoje. O quadrinho de Jaime Martin conta a história de um moleque novo num bairro na periferia de Barcelona. A primeira parte mostra sua chegada, seu envolvimento com a gangue, pequenos furtos, drogas e bebedeiras, noitadas e roubadas, o "Rumble Fish" dos quadrinhos. Tudo no embalo das bandas undergrounds espanholas da época. A cena de Vince bolando um beque e fumando na janela do quarto enquanto rola um som e ele se prepara pra cair no rolê é muito foda, aquilo ali é poesia, truta. As duas últimas partes que eu não conhecia seguem um pouco monótonas perto da primeira que é uma pedrada, mesmo assim, não deixam de ser empolgantes. O que bateu mesmo, como na primeira vez que li há quase 20 anos atrás, é a tristeza que essa história carrega. É como aqueles finais de tarde de domingo, que você fica andando pelo bairro sozinho, sentindo saudades de uma namorada que nunca teve e a sensação de derrota por não fazer noção do que vai cair na prova de matemática no dia seguinte.

Wednesday, April 09, 2008

Estou arriado. Ando atarefado. Sinto que pifei esses dias. Como se minha barra de energia, tipo a dos fliperamas de lutinha, estivesse capenga, nas últimas. Passei uns dias entre o trampo e minha casa, me alimentando com comida de acampamento, trabalhando bastante e cuidando de um gato filho da puta que apareceu no domingo de madrugada miando na janela. O maldito dominou, no começo até achei que fosse uma fêmea, ainda não tenho certeza. Quando eu era criança havia muitos gatos na casa da minha mãe, só que sempre fui alérgico. Esse é filhote, vira-lata de olhos azuis e o pêlo branco com manchas cinza. O engraçado é o rabo dele, que tem a ponta quebrada, em formato de “ele”, por isso, coloquei o nome dele de Alicate. Faz uma zona do caralho e afia as unhas no braço do sofá. Daí, comprei sardinha, lavei um cinzeiro e o servi, ele comeu como um refugiado. Ontem eu estava prancheta, concentrado e um tanto cansado, quando o desgramado pulou em cima das folhas com as patas imundas de terra. Eu não achei a menor graça. Acho que nem ele, ou ela. Atirei o pau no gato. Na verdade um pincel. Errei. Ele correu pra fora, depois voltou com o rabo torto como se nada tivesse acontecido. Coloquei Magnolia Electric co. no som bem alto. Alicate ficou no sofá, parecia que revirava os olhos de prazer. Ri pra caralho. Esse gato é firmeza, gosta de música, não reclama nem faz cara de cu.

Hoje tem show do Bad Brains na Eazy. Eu queria muito assistir. Na realidade, hoje eu sairia de férias aqui do trampo, mas tenho algumas coisas para resolver, por isso ainda tenho que comparecer aqui esses dias. Outro motivo é o preço da porra do show: R$ 100,00 – isso que a banda ainda vem pela metade, sem o desgraçado do HR.

Mesmo assim, ainda quero bater pernas pela noite. Hoje meu carro chegou do conserto após um prejuízo bisonho na quinta, depois que saí do Mercearia. Eu fico ouriçado depois de ficar desmotorizado um tempo. Assim, pretendo assistir a banda Fábrica de Animais, no Bourbon Street, às 21hs30. Pelo menos, ali sei que a diversão é garantida por Fernanda e Cia.

Friday, April 04, 2008

Gosto de dias assim. Quando penso em Minas Geraes e em suas estradas sinuosas com a chuva tamborilando no párabrisa. Acho que vou dar uma volta por aquelas bandas em breve. Ando pesquisando sobre a Estrada Real. Parece interessante.

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O blog de MP3 Setting The Woods On Fire é muito bom. O cara, um fanático por Hank Williams, posta raridades do passado que devem ser embaçadas de conseguir. A maioria é ligada ao velho honk tonk, como covers e gravações ao vivo.

Essa que eu roubei é uma delas:

Elvis Presley - Your Cheatin' Heart (mp3)

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Fico aqui no trabalho depois do expediente, matando tempo, ouvindo Johnny Burnette

Wednesday, April 02, 2008