Thursday, May 29, 2008

cuma

se eu lhe disser
que estou cansado
de procurar
cansado de encontrar
algo que se perdeu
Algo que
perdi e sempre
tenho saudades de
quem não conheci?

e se eu voltar
para o
esmo lugar
e me perder
na rua que
moro e busco
e não cuido?

e não me preocupar
com o que se perdeu
por procurar
algo
que nunca esqueceu
nem desejou
encontrar?

Wednesday, May 28, 2008

nicanor e sua fé

Hoje, quando a noite chegar, vou para casa, comprar uma sacola de brejas e aguardar. Estou um tanto ansioso. O time do Boca é nojento, um time de argentinos filhos da puta, que jogam bem e sabem disso, parece uma revoada de pombas indo de um lado pro outro do campo envolvendo o adversário. Os hermanos têm a pegada. Riquelme é um dos melhores meios-campos do mundo, junto com Palácio e Palermo na frente, a chapa esquenta, contudo, o Fluminense está na pilha após eliminar o São Paulo. É só não vacilar e futucar o barbante deles pelo menos uma vez na Argentina. O engraçado é ler a Folha de SP. Ontem eles dissertaram sobre a situação do Boca Juniors, principalmente sobre a parte administrativa do clube que está em frangalhos. Hoje, além das tantas estatísticas e números, o que torna a matéria uma petulante encheção de lingüiça, dizem que o ‘Fluminense testa sua grandiosidade’ nas semi-finais, que o Boca tem Riquelme em sua melhor forma, e que o Boca sempre aplica um sacode em times brasileiros. Só não disseram que se o São Paulo estivesse lá, eles estariam fazendo festinha e mijando de alegria no piso da redação. Eu não entendo. Quem está testando o quê nessa competição? Qual time não sonha em ser campeão da Libertadores, almofadinhas? A questão não é ser grande, a questão é vencer. Antes do jogo contra os são-paulinos, exaltavam a superioridade bambina, sua grandeza e toda a experiência do time em Libertadores, que o Fluminense não ganhava do São Paulo por dois gols de diferença no Maracanã há 40 anos, tal. As labaredas estavam acesas, isso até tomarem a sapecada da semana passada, até o Rogério Ceni dizer que o Dodô bateu mal na bola e por isso ele cometeu aquela lambança. Foda-se a grandiosidade dos bambis e do Boca Juniors, isso pra mim é coisa de madame, foda-se a história desses clubes também, a única coisa que importa agora é a fase do Tricolor carioca e esses próximos 180 minutos nos dois jogos que acontecem hoje e na quarta que vem.

Tuesday, May 27, 2008


Monday, May 26, 2008

sobre vinis

no ensolarado último sábado, encarei o centro da cidade na sede de adquirir velhos discos. Acompanhado de dois grandes trutas, fomos a Galeria Nova Barão, na loja do Tuca, a Perdição & Ruína para quem, como eu, acredita que a única coisa que ainda presta nesse mundão é a música. A variedade é grande ali, rola encontrar desde coisas esquecidas de Chet Baker e Ray Charles a rockablillies de primeira, ou até um death metal das profundezas de El Diablo; tem até uma caixa comemorativa do Caetano, com uma pintura dele sorrindo debaixo de uma juba horrenda, deu uma vontade louca de lamber; um 7” do Silvio Santos; a caixa do Sonic Youth “Daydream Nation” - uma reedição comemorativa com faixas ao vivo e algumas raridades. Eu cheguei já na febre de pegar um Eddie Cochran e um Bob Dylan (que havia sido vendido), na fissura arrastei um Gene Vincent pra sacola e um Carl Perkins também. Daí sentei ali fora e fumei um cigarro batendo uma prosa com Tuca, Cabeça e um outro cara bem firmeza. Expliquei que não queria fuçar mais, que é preciso ir aos poucos, tal, que comprar discos é como comprar drogas em bocadas sórdidas. Dá até um barato na cabeça. Depois rola aquela ansiedade monstra de chegar em casa para ouvir. Como Frasa, meu camarada, em seu entusiasmo quase infantil com as pérolas que encontrava e mostrava das prateleiras pro pessoal lá fora, não terminava nunca sua busca, parecendo uma dondoca em loja de roupa de shopping, resolvi dar mais uma garimpada, e, não é que meus dedos encontraram do nada um Woody Guthrie. Pá. Senti sobre meus ombros os olhos crescerem, mas já era tarde, movido pelo impulso eu já sacara a carteira e estendia placidamente 18 reais para Tuca. Depois, ainda fomos encher a pança no Sujinho. Passei o domingo ouvindo meus vinis novos. Woody Guthrie e Junior Kimbrough eram os mais solicitados. Parecia que um furacão havia passado e eu estava estirado numa planície desolada com todos os pedaços de telhados e paredes e carros ao meu redor. Cansado. Mergulhado nas águas mais profundas e escuras de um lago. Minha casa imunda e minhas pernas doendo do tanto que andei sem rumo através do feriado. Vi todos os dias nascerem sem o menor entusiasmo. Quando chegava em casa, a primeira coisa que fazia era colocar uma bolacha pra girar, assim situação ficava mais tranqüila. Calma, eu pensava. Assisti toda a pilha de faroestes que estava esquecida sobre a caixa de som. Alicate miava dependurado numa árvore. Alguns times perdiam na televisão, outros ganhavam. Um novo livro eu tentei começar, mas a concentração estava tão perdida quanto meu sangue gelado. Limitei-me ao último volume do Preacher que eu estava segurando para não terminar. Sonhei enquanto encarava a quina do teto. Devorando um cacho de bananas que comprara na feira, eu me imaginava na estrada outra vez. O sobe e desce das serras resplandecentes, as curvas em cotovelo, a carne moída dos cachorros no asfalto. Escutando Blind Willie McTell debulhar a viola e o motor trabalhando acima dos 3000 rpm. Preciso apenas sumir um pouco. Escorregar pelas retas do Brasil central cercado por plantações silenciosas de soja e café. Preciso eliminar os musgos da alma. Mijar no acostamento de cascalho olhando o horizonte. Deixar tudo pra trás sem vestígios. Uma pausa. Por um tempo. Novos ares. Velhos tormentos.

Wednesday, May 21, 2008

yodeleriiiiii leriiiiii leeeriiii



As estações mais legais da internet são os blogs de MP3. Além da vasta informação grátis, você ainda pode descobrir coisas do arco da velha, daquelas que dificilmente se descobre em lojas de discos legais – cada vez mais raras hoje em dia. Pode-se também descolar lançamentos frescos que só estão nas prateleiras européias e americanas ou até os que nem saíram. Passo a hora do almoço e faço hora extra aqui no trampo para ficar vasculhando essas tranqueiras virtuais. Hoje mesmo encontrei esse El Diablo Tun Tun, que apesar de não possuir uma mísera resenha, disponibiliza para qualquer indivíduo curioso portando um mouse uma extensa coleção de raridades dos anos 20, 30 e 40. Só pelas capas já rola uma coceira pra baixar tudo. Dá uma olhada nessa acima. Eu ando na pilha de encontrar algo do Jimmie Rodgers, um cantor de alguma coisa entre folk rock pop de bailinhos da década de 60, ele é xará da lenda criadora da música country. Rodgers toca “Honeycomb”, uma canção bem mela-cueca, com cara de comercial de cereal matinal que eu gosto bastante, acho até que ela está na trilha de “Conta Comigo”, o filme que mais assisti na vida até hoje. Ainda não encontrei nada. Não importa. Voltando aos blogs, vale muito a pena uma visita também ao Doctor Mooney, que dá de bandeja uma pancada de raridades absurdas, daquelas que você só encontrava em CDs piratas de galerias imundas do centro da cidade com o vendedor/proprietário punk velho e sorridente que fica na dúvida de vender. É embaçado. Olha só essas “Eshers Demos” acústicas que os Beatles fizeram em 1968, as versões ainda cruas do que viria a se tornar o “White Album”.

Duas semanas após o pedido, hoje chegou minha encomenda da Fat Possum. Me deu até caganeira na hora que abri o pacote, juro, esse tipo de coisa me emociona bem mais que novela. Lá de dentro olhavam para mim as bolachonas do T-Model Ford, Junior Kimbrough & R. L. Burnside. Só paulada. Cada um custou 15 dinheiros americanos, uma pechincha comparando com os preços de discos desse naipe quando encontrados aqui no Brasil.


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E hoje, eu espero com grande ansiedade pelo jogo entre Fluminense x São Paulo. O Tricolor carioca, meu clube desde que nasci, vai esmerilhar essa cambada de bambis afrescalhados. Vai meter o sarrafo nesse time de mamãe-quero-bolo tangas-frouxas do caralho. Daí, depois do jogo, os são-paulinos vão colocar a chupeta e ir dormir encolhidinhos.
Bom, pelo menos, eu acho.

Tuesday, May 20, 2008

hoje


Todos dizem que vai passar. Como um trem descarrilado e toda aquela poeira levantada. Vai passar. Como os efeitos daquela bomba H. Contem os mortos e tudo vai passar. Eles dizem. Embora eu nem saiba de onde veio. Nossos amigos se foram. Outros estão chorando. Nenhum está sorrindo. As pessoas que amei ficaram para trás. Mas vai passar. É só tomar cuidado. Eles dizem. Eu é que já não tenho tanta certeza.

Monday, May 19, 2008

na natureza selvagem

essa era a música favorita de Alexander Supertramp

"King of the Road" - Roger Miller

boa. daquelas que podem mudar o rumo de uma vida.

e o camarada Rodrigo colocou o link ai nos comentários para baixar o disco novo do Bonnie 'Prince' Billy. trincou, irmão. o disco tá muito bom, só "So Everyone" e "Willow Trees Bend" eu já escutei umas 15 vezes cada. essa nova backing vocal acaba com qualquer esperança. ainda estou me familiariarizando, mas creio que ele soa bem country, rústico e com as cordas bem trabalhadas, na linha do "The Letting Go". gostei bastante até agora. deve melhorar muito nos próximos dias, já que seus discos não são fáceis. ainda bem. obrigado.

"Lie on the Lights" (2008) - Bonnie 'Prince' Billy (zShare)

Friday, May 16, 2008


vamo lá, bonecas.


Thursday, May 15, 2008

hoje rola o lançamento do disco "La Cancion Inesperada", do Wander Wildner, com show no SESC Pompéia, às 21hs.

vou lá, ó.

One Man Guy

Acordo, olho meu reflexo no espelho enquanto lavo o rosto e vou pro trabalho todas as manhãs. Fico ali o dia inteiro, entre intervalos para o café e o cigarro. Às vezes, no final da tarde, tomo uma cerveja com o pessoal no bar aqui ao lado. Dependendo do meu ânimo, fico andando sem sentido pelos bairros mais silenciosos até tarde da noite. Volto para casa numa melancolia confortável, preparo algo para comer, tomo um banho e vou para a cama com alguma leitura. Faço tudo sozinho. Pode parecer monótono. E é. Mas não reclamo. É a vida que escolhi. Certa vez, sentado num banco de praça, parei para pensar em minhas ambições. Flexionei minha mente numa espécie de meditação e pude visualizar um grande vazio. Tentei questionar se havia algo de errado comigo, ou por que eu não me importava com aquelas fotos de lugares maravilhosos e cheios de sombras que aparecem nas revistas de turismo. Desisti quando um garotinho espantou os pombos que levantaram em revoada. Minha última companheira queria que eu mudasse e reclamava da minha falta de zelo com minha pessoa. Isso foi há 17 anos. Eu continuo o mesmo, só um pouco mais velho e cansado. Todos que me conhecem sabem realmente quem eu sou. Como naquela canção de Loudon Wainwright II em que ele diz que é o mesmo cara nas manhãs, tardes e noites, eu não vou mudar, muito menos por alguém. Espero apenas minha hora chegar. Sem reclamar.

Wednesday, May 14, 2008

The Yardbirds



Tracklist:

01. For Your Love
02. Putty In Your Hands
03. Got To Hurry
04. I Wish You Would
05. Good Morning Little Schoolgirl
06. Evil Hearted You
07. Still I'm Sad
08. Heart Full Of Soul
09. Jeff's Blues
10. Shapes Of Things
11. Steeled Blues
12. Stroll On
13. A Certain Girl
14. I Ain't Got You
15. Train Kept A Rolling
16. I'm A Man
esse disco é perfeito. experimente fechar as janelas da casa, colocar "Stroll On" no talo. a sensação é de atravessar um corredor polonês armado de panelas e frigideiras.

Monday, May 12, 2008

pros irmãos & irmãs




"Didn't It Rain" - Dave Van Ronk
* roubei do ótimo "Old Blue Bus". Passa lá.

para as mães

“Mother The Queen of My Heart" - Ramblin' Jack Elliott

Friday, May 09, 2008

FESTA DE MERDA



amigos, ajudem a divulgar, e apareçam, claro.

Wednesday, May 07, 2008

encontre-me na cidade


"filho, os malucos sem náipe pegam muito mais mulher"

Uma coisa leva à outra. Cheguei na Fat Possum procurando vinils do Black Keys, mas antes andei pesquisando sobre o tipo de porcaria que esses caras mastigaram para chegarem ao que se tornaram. Descobri numa entrevista na net que a principal coisa que eles ouviam enquanto faziam a lição de casa era Junior Kimbrough - eles lançaram até um EP só com músicas do negão casca-grossa. Até 2 semanas atrás, nunca tinha escutado bulhufas desse bluesman, agora seu som não sai da minha cabeça. Nascido em 1930 no norte do Mississippi, longe das margens do Delta e das plantações de algodão, aos 8 anos teve seu primeiro coma alcoólico e aprendeu a tocar guitarra sozinho. Como todo bluesman que se preze, o cara tem uma história incômoda como dor de dente no frio. Aquelas velhas mazelas dos resquícios da escravidão, o abandono dos pais, a miséria e a necessidade e, lógico, o forte amor pela música. Pelo que pesquisei, em 1954, Kimbrough ruma para Chicago numas de tentar a sorte, arruma uma caralhada de subempregos e tenta gravar uma música com Sam Phillips, o chefão da Sun Records. A tentativa foi em vão. Logo ele pega sua suitcase e volta pro Mississippi, senta na beira do rio, toma um trago e decide abrir uma juke joint, um desses barracões onde os negões faziam festas com som ao vivo e era uma diversão do caralho. Ele tenta gravar novamente por outro selo e... nada, de novo, por isso dedica-se ao seu humilde pub, onde pode tocar pra quem quiser ouvir e pau no cu do mundo.
Somente em 1979, um professor de música da Universidade de Memphis, que havia visto Kimbrough tocando em sua espelunca, convida-o, junto com Jessie Mae Hemphil e R.L. Burnside (se liga na nata) para gravar algo para um selo que ele estava inaugurando, o tal do Fat Possum, que na época era voltado para um blues mais tosco, de poucos acordes, muito groove e bateria simples e marcada, fugindo do que estava acontecendo com o gênero naquele momento, aquelas fusões grotescas de rock bosta e blues cheios de solos da moléstia e total falta de postura. Essas gravações ficaram encalhadas até 1992, quando um tal de Robert Palmer, que estava fazendo um documentário sobre o blues do Norte de Mississippi Hill - um canto do estado onde o gênero e seus músicos eram pouco conhecidos apenas por puro desalinho - bateu de frente com o som de Junior Kimbrough e gravou seu primeiro albúm "Do The Rump", que fica mais uma vez encalhado e esquecido. Esses dias, eu, tentando prestar atenção na música, ao invés de apenas aproveitar, dentro do carro de madruga onde o som alastra minha mente, percebi que o blues de Kimbrough é um tanto estranho por natureza, algo que ele buscou nos primórdios não tão distantes de seus irmãos de sangue que empunhavam suas violas em cadeiras de balanço nas varandas de madeira podre com vista para as plantações, de Blind Blake e Skip James e Furry Lewis, na sua levada hipnótica e sonolenta como um barato forte, como o som de uma tribo africana em chorosos cânticos fúnebres. Eu tive essa impressão. Não, na verdade, eu vi isso, caralho.
Quando o filme foi lançado e apresentou o estilo de Kimbrough ao mundo, ele já fazia aquilo havia mais de 40 anos. Somente assim seu primeiro álbum foi lançado e as pessoas o perceberam. Daí a revista de mauricinhos maquiados Rolling Stones o considerou o melhor disco de blues da década. Daí Junior Kimbrough caiu nos braços dos roqueiros, daí sua juke joint passou a ser freqüentada pelos Rollings Stones que pagavam drinks para todo mundo e sorriam; e o Sonic Youth; daí o boca-de-subaco Bono Vox também costumava mostrar sua bunda mole por lá; Jon Spencer ficava no balcão em silêncio, martelando sua bota no piso no mesmo ritmo.
Nessa época, Kimbrough já se encontrava bastante judiado pela idade, não podendo mais encarar uma turnê, embora não faltassem convites. Ainda assim, Iggy Pop o convenceu a fazer uma canja em seus shows pelos EUA. Em 1998, Junior morreu de ataque cardíaco assistindo TV no sofá de casa. Seus filhos continuaram cuidando de sua juke joint, até que um dia, no ano 2000, ela foi consumida por um incêndio premeditado que levou tudo, discos, equipamentos, gravações raras e pôsteres originais. A única coisa que sobrou mesmo foi sua música, que vaga por ai e atinge uns otários como eu, que estou aqui agora, novamente, sendo castigado por uma noite mal dormida e pela voz de trovão desse desgramado. Até aqui tudo bem. “I Feel Allright”. (baixa essa, eu tô mandando, ou vá se foder)
Na fissura de vasculhar algum arquivo do maluco no rapidshare, sem querer encontrei um tributo ao cara, lançado em 2005, seis anos após sua morte, que possui um absurdo de companheiros fazendo versões igualmente absurdas. Tem lá Blues Explosion, Iggy Pop & The Stooges em 2 versões porretas de “You Better Run”, The Fiery Furnances fazendo miséria em “I’m Leaving”, e Mark Lannegan, pra citar os mais conhecidos. Ah, não tem o Bono não. Vai na fé.
*esse texto foi revisado bem por sima.


"God Knows I Tried" - Junior Kimbrough (rapidshare)
1. You're Gonna Find Your Mistake
2. How Do You Feel
3. I Gotta Try You Girl
4. I'm In Love With You
5. I Cried Last Night
6. Keep On Braggin'
7. Tramp
8. All Night Long (instrumental)





1. You Better Run Version #1 - Iggy and the Stooges
2. Sad Days Lonely Nights - Spiritualized
3. Meet Me In The City - Blues Explosion
4. Done Got Old - Heartless Bastards
5. My Mind Is Ramblin' - The Black Keys
6. I Feel Good Again - Pete Yorn
7. Do The Romp - Entrance and Cat Power
8. I'm Leaving - The Fiery Furnaces
9. All Night Long - Mark Lanegan
10. Release Me - Thee Shams
11. Done Got Old - Jim White
12. Lord Have Mercy On Me - Outrageous Cherry
13. Pull Your Clothes Off - Whitey Kirst
14. I'm In Love With You - Jack Oblivian
15. Burn In Hell - The Ponys
16. You Better Run Version #2 - Iggy and the Stooges

deus, tenha misericórdia

Pai do céu. Fudeu. Descobri uma porcaria que vai rasgar meus fundilhos. Olha essa porra de selo. Só têm desgraça. E em vinil ainda por cima. Desses pra dar uma orelhada segurando a capa com um sorriso que vara a cara. Sozinho em casa. Cola até uns encostos pra escutar junto. Vá lá conhecer a lendária Fat Possum, gravadora que abriu as portas em 1979 e logo de cara lançou R.L. Burnside, Jessie Mae Hemphill e Junior Kimbrough, tirou os caras de suas escondidas juke joints e os colocou nos ouvidos do mundo. Hoje o cast oferece coisas mais recentes como os malucos do Black Keys, Fiery Furnance, Dinossauro Jr. E aproveite que eles disponibilizam uma caralhada de MP3s para baixar, como esses aqui:

“Old Black Mattie” – RL Burnside (direito, salvar destino como...)

“Hard Row” – The Black Keys

Monday, May 05, 2008

COYOTE


Coyote espreita Codrescu, Bolaño & cia em novo número


Entre os destaque da revista de literatura e artes estão dossiê com o escritor, poeta e ensaísta Andrei Codrescu (Romênia, 1946), poemas do chileno Roberto Bolaño, mais conhecido como prosador, a poesia de Fernando Karl e Veludo negro, uma mini-antologia com seis jovens poetas brasileiras. Também traz o desenho de Carlos Carah, traduções de Gertrude Stein e as prosas à margem de Carlos Carlaccio e Rubens K , entre outros

"A ironia me parece um poderoso artefato para desativar a realidade. Agora vejamos, o que acontece quando vemos algo que tínhamos visto, por exemplo, numa fotografia e de repente vemos de verdade? É possível ironizar sobre a realidade, não crer nela, quando estamos vendo algo que é verdade?". É sob o espírito desta citação de Enrique Vila-Matas, editorial do número 17, que Coyote, revista de literatura e arte editada em Londrina (PR), chega a seu décimo-sétimo número, depois de ter publicado quase duzentos autores (escritores, fotógrafos, ensaístas, tradutores do Brasil e de diversas partes do mundo). Em seus cinco anos de atividade, completados com o número 15, Coyote prossegue abrindo espaço para novos autores, além de resgatar e apresentar nomes importantes das letras e das artes, de épocas e lugares diferentes, incitando à reflexão e à criação literária. A revista é patrocinada pelo PROMIC (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) da cidade de Londrina.

Um dos destaques do número é o dossiê "Caçador de Diferenças", com o escritor Andrei Codrescu (Romênia, 1946), inédito no Brasil, em entrevista feita a Rodrigo Garcia Lopes, além da tradução de quatro capítulos de seu livro (prosa) Zoombification, traduzidos por Kátia Hanna. Como escreveu Lawrence Ferlinghetti, "Codrescu sempre dá um jeito de criar um desejo ardente pelo que é subversivo — algo extremamente necessário nesses tempos de 'fascismo amistoso'".

Coyote 17 também apresenta os poemas do escritor chileno Roberto Bolaño (1953-2003), mais conhecido como prosador. Sua carreira meteórica foi marcada pela fundação do movimento mexicano infrarrealista nos anos 70. Apesar de mais conhecido como romancista (Os Detetives Selvagens, 2666, De Noite no Chile, entre outros), Bolaño era uma espécie de poeta da prosa, tendo publicado dois volumes de poesia: Los Perros Románticos e La Universidad Desconocida.


A nova ficção brasileira também está presente no número com os textos de Rubens K. E Ricardo Carlaccio.


A modernista norte-americana Gertrude Stein (1874-1946) traduzida e apresentada por Luci Collin, é também um dos carros-chefes do número, que traz ainda a antologia Veludo Negro: uma seção que mostra a força poética de seis jovens autoras brasileiras: Ana Rüsche, Bruna Beber, Izabela Leal, Lígia Dabul, Luana Vignon e Monica Berger,


O desenhista Carlos Carah também mostra seus traços, num número que tem ainda poesia visual de Vinícius Lima e poemas de Fernando Karl. Na Contracapa, o Movimento Contra a Lei Seca.


COYOTE é uma publicação da Coyote Edições, editada pelos poetas Ademir Assunção, Marcos Losnak, Maurício Arruda Mendonça e Rodrigo Garcia Lopes. Projeto gráfico de Marcos Losnak. Tem periodicidade trimestral e distribuição nacional (em livrarias) pela Editora Iluminuras. Tiragem de 1 mil exemplares.

COYOTE 17 // Outono 2008 // 52 pgs. // R$ 10 Uma publicação da Coyote Edições.
Vendas em livrarias de todo o país ou pelo site: http://www.iluminuras.com.br/
email: revistacoyote@uol.com.br e rgarcialopes@gmail.com Fone: (43) 3334-3299 – Londrina.: revistacote@uol.com.br


PATROCÍNIO: PROMIC - PROGRAMA MUNICIPAL DE INCENTIVO A CULTURA – SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA – PREFEITURA MUNICIPAL DE LONDRINA (PR)

hoje


Jezebelle

Talvez eu ainda encontre aquela garota. Que desceu do meu carro no meio do escuro da estrada. Berrando como uma louca em dia de visita no hospício. Inventando mentiras desconexas em balbucios ininterruptos. Talvez eu ainda encontre aquela garota. Que rodopiava no meio da 14 Bis toda mijada. Segurando rosas murchas e abraçando estranhos na calçada. Às 4:53 da madrugada. Talvez eu ainda encontre aquela garota. Com os lábios descascados pela secura do ar. O corpo coberto de hematomas como uma dálmata mestiça sem lar. Pedindo um trocado para comer rochas que brilham no escuro na porta do bar.