Saturday, December 22, 2007

ela berrou bastante enquanto eu segurava o fone do orelhão olhando pra esquina da rua Vitória. ela disse que eu era um vacilão. eu não sabia o que estava fazendo ali e nem pretendia passar tanto tempo no telefone olhando pra esquina vacilando. caminhei pela madrugada, sem um puto ou cigarro no bolso, até minhas pernas doerem. tentei a sorte nos bares mal iluminados debaixo do Minhocão. ninguém me deu ouvidos. todos solitários e silenciosos como corujas. quando cheguei em casa, você tinha me trancado pra fora. tive que escalar o muro e entrar pela janela. botei metade do corpo pra dentro, você acendeu o abajur e reparou que eu havia perdido meu chapéu.

Friday, December 21, 2007

quero mijar do mirante

A idéia é pegar o carro e fugir lá pros cantos do Mato Grosso do Sul. Não imagino como são as rodovias por ali nem pra onde levam aquelas estradas secundárias, não faço a menor questão disso também. O que importa é apenas sair fora e ganhar a estrada e as paisagens do Estado, sem muita preocupação ou planos ou trajetos e roteiros, com uma boa música, os vidros abertos pro vento e o sol entrar e uma companhia agradável. Pode ser que eu passe pelo Pantanal, pela Chapada dos Guimarães e quem sabe faça uma visita à Bolívia. Tudo depende do tempo, mas sem pressa.

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Aqui as demos do ótimo “The Letting Go”, do Bonnie ‘Prince’ Billy. As versões ainda cruas de um dos melhores discos do Barba Ruiva.

Tuesday, December 18, 2007

se fosse por mim, me esconderia num lugar onde não houvesse vestígios de seres humanos. e no conforto da minha tristeza, escreveria uma canção sobre como te tratar melhor.

Friday, December 14, 2007

a madrugada em claro e o jornaleiro assoviando lá fora e a necessidade de algo forte para apaziguar a sede por objetos cortantes e uma voz na minha cabeça e pouco tempo tempo pouco tempo pra pensar em tudo que vem e vai e volta e passa e ricocheteia nas paredes brancas do quarto. já nem sei mais onde fui parar depois daquela curva.

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estou completamente podre após a noite de ontem. mesmo assim estarei no JukeJoint hoje para o lançamento do livro de fotografias do Cemitério dos Automóveis. a banda do Mário toca e o Marcelo Montenegro discoteca e acho que ele gosta de rockabilly mas eu não danço só escuto enquanto jogo sinuca silenciosamente e penso em como eliminar as vírgulas da minha vida.

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hoje é o último dia de “Delicadeza”. o último dia de uma das peças mais pauleras que já vi nessa minha vida de meu deus. e quando digo paulera é porque vira o estômago da rapaziada.

21hs, lá no Satyros 2 – praça Roosevelt.

Wednesday, December 12, 2007

hoje também


“Rusty Cage” – Soundgarden (clique dir. "salvar destino como..)

música para acalentar pensamentos positivos.

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Hoje, lá na Livraria HQMIX, na Praça Roosevelt, 142, às 19hs, rola o lançamento do livro “São Paulo”, que David Loyd ilustrou para a coleção Cidades Ilustradas, da Editora Casa 21. Acho que deve ser salgado o preço desse livro, mas vale a pena ter um autografado.

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E depois acontece “Natimorto”, a peça nova do Mário, baseado nos quadrinhos do Lourenço Mutarelli. Lá no teatro Sesc Anchieta - rua Dr. Vila Nova, 245, perto do Mackenzie, às 21hs.

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“You Belong to Me” – Rose McGowan.
Essa versão de uma música do Bob Dylan que Rose McGowan fez para “Grindhouse”, do Tarantino, é um country de cabaré vagabundo dos mais safados, gela até os ossos.


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E a 2001 Video já colocou "Down By Law" à venda.

Tuesday, December 11, 2007

sem dúvida, o melhor site de fotografias que eu conheço.

super king size

puliça sacana


magnólias brancas e tijolos descascados

Era uma fábrica abandonada cercada por mato e magnólias e uma cerca de tela nas proximidades da rodovia Dom Pedro I. Eu sempre visitava aquele mastodonte de concreto quando saia da escola. Pulava a cerca com extrema facilidade debaixo do sol escaldante de um meio-dia tedioso de cidade de interior e adentrava a escuridão das grandes salas cheias de máquinas, esquecidas por algum magnata. Subia uma velha escada de ferro que levava à parte mais alta da construção, uma espécie de varanda sem corrimões, e sentava na beirada, tirava o baseado do maço de cigarros, o colocava entre os dentes e acendia observando as nuvens de moscas que giravam num redemoinho caótico ao redor de latões industriais. Pensava na diferença entre ser mosca e pássaro. E no estrago que seria cair lá de cima e se estatelar como uma fruta podre no chão de cimento. Do outro lado, através do mato todo que atravessei, podia ver a rodovia. De lá só era possível notar as chaminés escurecidas da fábrica, como cruzes num cemitério muito antigo. Passava a tarde ali. Nenhum movimento. Nenhum incômodo. Levemente chapado e respirando o ar puro da efêmera liberdade vespertina eu rabiscava histórias sórdidas no caderno que deveria anotar as porcarias que a professora ensinava na aula. E o dia me engolia até virar noite. Às vezes me sentia triste ali por motivos que nem eu sabia. Mas na maioria das vezes eu ria mesmo. Conversava alto sozinho comigo. Corria por aqueles blocos enormes com uma barra de ferro na mão fazendo o maior estardalhaço. Um dia pisei num prego numa tábua. Aquela desgraça varou meu tênis e fincou na minha carne. Praguejei como um profano. Fiquei ali um tempo. Deitado de barriga pra cima. Assistindo as nuvens se moverem no céu azul. O farfalhar das árvores ao redor. Os carros deslizando na rodovia lá longe. Com a planta do pé brotando sangue fresco. Fantasiei minha própria morte. No esquecimento daquela cloaca. Magnólias brancas e tijolos descascados.

Friday, December 07, 2007

Havia 3 horas que eu estava na interestadual. Não tirei o pé do acelerador e cruzei no caminho com poucos caminhões Volkswagen capengas que se arrastavam pesadamente na outra mão da pista. O carro saltava por sobre todos aqueles buracos. Roy Orbison cantava no rádio baixinho. Reduzi pra segunda marcha, o que fez com que o motor berrasse como um trovão nas montanhas. Iluminei o acostamento e notei uma pequena estrada de brita, deslizei com carro sobre ela e apaguei os faróis. A escuridão era absoluta. Nuvens pesadas escondiam as estrelas e a lua como uma cortina de fumaça. Fiquei em silêncio no carro, apenas Roy Orbison baixinho no rádio. Only the lonely know the way i feel tonite. Cerrando os olhos pude notar uma única luz lá no fundo, numa montanha talvez. Fiquei pensando que talvez uma família comesse torradas com manteiga ao redor da lareira naquela noite fria, num momento leve e sem preocupações, como a vida deve ser. Mas não é. Abri o porta-luvas e peguei a garrafa, tomei uma dose e deitei o banco. A chuva enfim veio. Sem trégua. Tão intensa que a luzinha desapareceu, como meus sonhos. Only the lonely know the way i feel tonite.

Tuesday, December 04, 2007

Na febre rockabilly não consigo parar com o porra do Buddy Holly nem com Stray Cats.

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Jussara me leve embora. Estou tranqüilo aqui na civilização. São apenas meus pensamentos que sangram. Tiro o chapéu quando você chega em casa. Como um aleijado dançando na cadeira de rodas, perco a elegância de alegria. Sigo levando a vida. Distorcida num retrovisor quebrado. Jussara me leve pra casa. Enxugue minhas lágrimas e me empreste a enxada. Quero passar a noite na varanda lustrando a espingarda.

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quem diria, no top 10.

Monday, December 03, 2007


secando

A cidade mata. O final de semana me custou caro. Agora estou cansado e chateado. Não que esteja arrependido. Estou cansado e chateado. Só. Sábado toquei no Berlin. Estava completamente sem forças. Como uma menininha. Bebia segurando o copo com a ponta dos dedos e a música me incomodava extremamente. Atordoado. Agüentei até tarde ali. A moça disse que gostou e me deu o cachê em dobro. Eu sorri e disse que poderia ter sido melhor. Traguei. Agradeci e me arrastei até em casa. A cidade mata. Ontem entre miojos e copos d’água, grunhi de satisfação com a queda corintiana. Nunca tinha visto tanto marmanjo chorando junto. E a Globo apelando sempre pro pieguismo em seus closes e comentários. Estou me recuperando. Estarei melhor bem antes que o Corinthians. A cidade morre. O sol estala o concreto lá fora. E eu aqui dentro sonhando com a estrada novamente. Pra bem longe das pessoas. A 160 por hora. Com um isopor cheio no banco de trás. E um monte de idéia errada.