Monday, October 03, 2011

medicina

Estou inchado como um barril. Um saco murcho de arrotos. Sinto dores desde o pescoço até o fim das costas – não, a bunda não dói, ainda. Minhas costas doem, desde a rebarba do pescoço até o quadril, do lado esquerdo. Sinto que minhas vértebras estão soltas numa sopa espessa de entranhas e líquidos quentes e impregnados de sangue, álcool e bosta. Ela não me dá trégua. Como um carcereiro sádico que me lembra o tempo todo, do fundo da luz no fim do túnel, que a chapa vai esquentar, parceiro. Tento permanecer chapado. Mover apenas o olhar. Rapid eye moviment. Tudo pareceria um sonho não fossem as porra das dores. O mundo me enchendo o saco o dia inteiro e minha cabeça tranqüila. Kill the body and the head Will die. Há pouco tempo atrás poderia socar paredes até jorrarem sangue nos meus olhos. Hoje preciso de analgésicos.

Sunday, October 02, 2011

às vezes a insônia me acerta aqui. pressiono a caneta no papel como se tentasse talhar algo. até que minhas costas doem. um torcicolo anda me limitando levemente o lado esquerdo. coisa leve. fora isso, nada mais me acomete. a vida corre calma lá fora. um bêbado ecoa uma velha canção nessa língua estranha. escuto um salto alto estalar sobre o pavimento e desaparecer lentamente. a madrugada aqui é silenciosa. um carro de bombeiros às vezes soa na esquina. acho que ele toca a sirene apenas para alertar carros que vêm no sentido contrário. fico na janela até a silhueta das árvores do parque do outro lado da avenida começarem a aparecer. sei que logo mais volto pra olho do furacão, pro cheiro da gasolina. sei que o silêncio vai ser dilacerado por um serra furiosa. talvez seja por isso que eu não queira dormir ainda.