faz tempo que não vejo
a chuva castigar
tanto assim a cidade
como se alguém
muito aborrecido
lá em cima
arremessasse mudanças
mais uma vez
há muito tempo
seguro a respiração
não faz a menor diferença,
apesar da chuva,
que sempre cai
das velas que se apagam o tempo todo
das janelas que batem
e das árvores semeadas
em calçadas descascadas
que balançam no escuro
sob as luzes elétricas dos postes
sombras dançam
colhidas
talvez eu finja fugir
mais uma vez.
quem sabe,
o sol raie,
como um espírito
dentro de mimque chantageia
e trava