Sunday, April 19, 2009

Friday, April 17, 2009

Exposição “Brutal” promove união dos artistas pela arte 

Escritores, desenhistas e artistas, como Laerte, Lourenço Mutarelli, Paulo César Peréio e Daniel Galera doam obras inéditas em prol de espetáculo de Mário Bortolotto 

Idealizadoras do projeto de espetáculo teatral “Brutal”, com texto de Mário Bortolotto e direção de Marcos Loureiro, as atrizes e produtoras Carolina Manica e Luciana Caruso optaram por criar uma nova alternativa para a realização do projeto. Ao invés de esperar por editais e patrocínios elas resolveram reunir forças naquilo que elas mais conhecem: a própria arte. Conseguiram reunir mais de 30 obras inéditas de respeitados artistas e produziram a exposição “Brutal”, com abertura no dia 22, na Coletivo Galeria, em São Paulo. As vendas irão financiar a produção da peça. 

Entre as obras, destaque para duas telas originais pintadas à mão pelo cartunista Laerte, que foram usadas para ilustrar as capas das coletâneas da sua consagrada criação "Piratas do Tiête", e um original inédito em canson, produzido com nanquim e desenhado com pincel pelo aclamado quadrinista e escritor Lourenço Mutarelli, autor de "O Cheiro do Ralo". Também serão expostos manuscritos. Um trecho do próximo livro do escritor Daniel Galera"Barba ensopada de sangue",e uma crônica do escritor Marcelo Rubens Paiva estão entre eles. Entre as surpresas, uma tela de Paulo César Peréio revela que, além de ator, ele também é ótimo pintor. 

A exposição terá ainda uma crônica manuscrita do dramaturgo Mario Bortolotto; uma crônica manuscrita de Xico Sá; um original de Rafael Grampá, novo talento dos quadrinhos nacionais e primeiro brasileiro a receber o prêmio internacional Eisner Award junto com Gabriel Bá e Fábio Moon, que também doaram originais para a exposição; um desenho inédito do escritor Joca Reiners Terron; cadeiras desenhadas pelo artista plástico e quadrinista Rafael Coutinho; originais do quadrinistaAndré Kitagawa, autor da famosa graphic novel “Chapa quente”, também adaptada para o teatro sob a direção de Mário Bortolotto; uma video arte da artista plástica e designer Andreza Valentim; um original do desenhista Carlos Carah; uma tela da artista plástica Raquel Falkenbach; uma ilustração da artista plásticaLuisa Doria; uma crônica manuscrita do escritor Daniel Pelizzari; um poema manuscrito do poeta, escritor e jornalista Ademir Assunção; uma fotografia do dramaturgo, diretor e fotógrafo Antonio Rocco; uma fotografia de Renato Parada; uma crônica manuscrita do jornalista e escritor Palmério Dória; uma tela desenvolvida pelo estúdio de artes visuais Sopa Grafix; um painel em MDF do artista urbano Loro Verz e uma vela impressa com arte fotográfica pelo fotógrafoRoberto Donaire

Exposição “Brutal”  
de 22 de abril a 3 de maio. 
Coquetel de abertura: dia 22 de abril, a partir das 19 horas.
 

funcionamento: 
ter. a sex. das 17 às 23hs 
sab. das 14 às 19hs 


Coletivo Galeria 
Rua dos Pinheiros, 493 – Pinheiros – SP 
11 3083 6478 
www.coletivogaleria.com.br



Bill Callahan - "Sometimes I Wishy We Were An Eagle"


Bill Callahan, ex-Smog, acaba de lançar mais um álbum. Ainda estou nas primeiras músicas e são ótimas. Vá se você gosta de Nick Drake, Bonnie ‘Prince’ Billy, Bill Fay, desses caras que te fazem querer pegar a estrada para lugar nenhum no feriado prolongado. Porra, e a capa é fodaça.

isn’t it a pity

Ontem, voltando para casa quase de manhã, quando estava perto de onde moro, começou a tocar uma velha canção de George Harrison num CD esquecido que encontrei no porta-luvas do Opala. Fazia um bom tempo que eu não escutava aquela canção. Deixei carro deslizar na banguela pela Cardeal Arcoverde. Estacionei e fiquei encolhido escutando a música inteira quando fui atingido por uma nostalgia que dissolveu - ou estilhaçou - algo dentro do meu peito. Entrei em casa com a música ainda ricocheteando dentro da minha cachola. Sentei no sofá e me lembrei do dia que mostrei essa canção para meu avô.

Era uma tarde de um domingo nublado e estávamos sentados na varanda da modesta chácara dele. Eu e meu avô. No interior de Minas Gerais. Isso em 1992, acho. Ele ia e vinha em sua cadeira de balanço. Descalço. Silencioso. Com os olhos fechados e a cabeça pendendo suavemente para trás. A boca levemente aberta para poder respirar. Peguei um pequeno aparelho de som, liguei na tomada e lhe pedi que prestasse atenção naquela música. Eu era um moleque desencantado, cheio de espinhas no rosto e meu corpo era raquítico e coberto de ralados e arranhões. Não fazia a menor noção de nada. Cagava e andava para o mundo. No entanto, aquela música me atingia de forma brutal, tinha um enorme poder sobre mim, como feitiçaria, me levando a um estado de melancolia confortável, como se eu fosse levado numa canoa Rio Verde abaixo.

Enquanto ela soava no mini-system, ficamos em silêncio olhando a paisagem, entretanto, eu também podia escutar o ranger da cadeira de balanço, um quero-quero gralhava com sua esposa no terreno da frente. O vento soprava fraco, e as árvores que escondiam o rio, atrás da cerca-viva de cipreste, faziam um farfalhar que lembrava o som de uma cachoeira. Tudo parecia se conectar a melodia da canção. Fangio, nosso doberman mestiço, lambia uma ferida pustulenta na pata dianteira esquerda, deitado no piso gelado de granito. Tirei meus óculos e os limpei com o avesso da blusa. Tentei enxergar meu avô sem eles. Tudo era muito turvo. Deitei de costas no chão. As nuvens carregadas dançavam no céu.

Meu avô era um piadista silencioso. Possuía um corpo volumoso, indicando que antes ele fora musculoso, mas os excessos da vida e a gravidade acabaram por vencê-lo. Sua testa era reluzente e sua olhar era profundo como se enxergasse através das pessoas. Gostava de vê-lo andar pelas ruas de Três Corações, com sua indiferença estóica. Sempre aparecia com suas intervenções ácidas quando a família discutia algum assunto banal na mesa do jantar ou do café da manhã. Também inventava jingles pessoais instantâneos que faziam todos rirem durante dias. Um sujeito íntegro que havia sido tenente no Exército brasileiro durante muito tempo.

Quando eu tinha 9 anos de idade, ele me ensinou a empunhar uma arma. Dei alguns tiros no pasto de uma fazenda nas redondezas de Cambuquira. Depois me deu uma aula de como desmontar e limpar um revólver. Lembro que ele foi caçar aves depois e voltou com as mãos vazias e um sorriso acolhedor no rosto. Já era noite e a família inteira estava na cidade. Fomos até a cozinha da fazenda, onde ele acendeu o fogão a lenha e pegou alguns ingredientes na geladeira e nos armários. Naquela noite, ele me ensinou cuidadosamente a preparar um arroz carreteiro suculento. Depois que comemos nos sentamos na varanda, onde meu avô me contou histórias assombradas de um velho de chapéu de palha que foi morto pela mulher, mas que continuava vagando pelos pastos de Varginha sob o luar prateado. Fiquei agarrado às minhas pernas finas com um cagaço filha da puta. Vaga-lumes surgiam e desapareciam na escuridão da noite.

Em 1996, meu avô recebeu um diagnóstico atrasado de pancreatite. Meu pai o trouxe para um hospital decente aqui em São Paulo. Fui visitá-lo, mas ele já estava bem magro e havia sido entubado. Não tenho certeza se me reconheceu ali, naquele quarto frio com cortinas de plástico verde-claro. Dois dias depois, ele morreu com todas as oportunidades que existia para eu agradecê-lo por tudo que me ensinou. Não tive a chance de me desculpar por não ter aproveitado e aprendido mais com sua pessoa fantástica. Não pude sequer abraçá-lo pela última vez.

Ontem, no sofá, senti uma saudade enorme dele. Da forma como ele levava a vida, não se preocupando demais nem deixando os aproveitadores se aproximarem. Ontem, me dei conta de que não posso fugir de quem eu realmente sou. Não posso deixar de acreditar nos meus amigos verdadeiros. Não posso esquecer-me de odiar meus inimigos. Não posso abandonar a verdade. Nem perder a lembrança da maneira discreta que meu avô se preocupava comigo. Sobre o que ele me disse sobre caráter. Sobre começar e terminar muitos livros, no entanto, ele se foi e eu o li apenas pela metade.

Thursday, April 16, 2009

isso não quer dizer nada

Esses dias parei para pensar no passado. Detesto indolência. Ando sonolento. Parei para pensar. E tenho medo de dormir. Preciso me libertar e despertar, por assim dizer, dessa merda amorfa toda. Ando sonolento. Mas enxergo. Memórias e presságios. Fiquei andando por aí. Estou me sentindo estranho. Minha garganta apertava naquela noite. Fiquei pensando que ia chorar. Não me lembro como é chorar. Daí fiquei legal. Minha percepção estava alterada. Aguçada. Nasci do outro lado do rio. Numa época errada. Numa curva. Que me faz renegar o presente. Eu acredito nessa habilidade para fazer qualquer coisa sem encontrar nada que queira fazer.

Monday, April 13, 2009


aqui tem umas fotos bem legais de Sampa, a cidade que eu morro.

Sunday, April 12, 2009

festim


com sua voz vulnerável

ela sussurra uma canção

como se lançasse um feitiço

esquecido para mim

 

numa linguagem que consigo entender

ela canta, inacreditável,

que amanhã a poeira vai baixar

e o sol aparecerá para nós

 

ela me põe no colo

e destrincha meu coração

e enterra blasfêmias sob as sombras

das árvores dos campos

do outro lado da trincheira

 

ela vaga,

e me alerta sobre a longa batalha da noite anterior

sobre a última esperança

sobre gostar de quem não existe mais

sobre dormir de dia

 

tomando leite e assistindo desenho do Papa-Léguas.

 


Saturday, April 11, 2009

estaria mentindo se dissesse a verdade. a Festa de Merda foi uma bosta onde 250 pessoas se refestelaram. espero que ela tenha sido enterrada na última canelada no saco que o Trator Cavera acertou ali. espero, sem esperança, que os deslumbrados apanhem de tacape. que os alpinistas desabem. que o show do Patife Band continue retumbando na minha cachola. que meus amigos não se suicidem ainda. que o La Carne toque em festa para vegetarianos, comigo ali no canto. coração de galinha no churrasco n roll. que a garota de Nova Iorque me traga flores da próxima vez. hoje estou pregado e satisfeito. amanhã vou comprar um numchako pra me garantir. 

Thursday, April 09, 2009

domingo

Wednesday, April 08, 2009

Naquela noite cheguei em casa com alguma coisa queimando minhas entranhas, como se tivesse jantado uma pantera sem mastigar e, com uma violência dilacerante, ela tentasse escapar rasgando as paredes do meu estômago. Esvaziei meus bolsos, abri meu cinto e arriei minhas calças, sentei o rabo na privada, descansei os cotovelos nos joelhos e mandei um baita cagalhão. Senti a merda escorrer do meu reto e afogar na água transparente. Eu encarava a profundidade dos azulejos quando senti um alívio profundo. Uma calma indígena. Respirei fundo. Minha merda só fede para os outros. O ar dos livres é bem mais puro, mãe. A cidade estava quieta lá fora. Já não escutava nada, quase, até porque o vento não sopra mais nessa capital.  Dei descarga com vigor. Fui até o som e coloquei um vinil do Charlie Parker. Slim`s Slam. Bem baixinho. O pássaro cantava anunciando um novo amanhecer. Pessoas carregavam fardos e iam aos seus pontos de ônibus.  Era cedo para alguns, eu sabia. E pensava naquele carro abandonado no meio de uma ponte, com a porta aberta e o rádio ligado. Pensava naquele rosto pálido olhando o escuro da cidade através da única janela acesa daquele prédio. Eu pensava em Josefina gritando, enquanto era amarrada e sugada por uma ambulância, que as pessoas, elas são idiotas, sabe, baby. 

Monday, April 06, 2009

SACO DE RATOS - NESSA SEGUNDA-FEIRA

"E finalmente os shows estão de volta. Agora em nova casa, novo dia, novo horário. São as segundas de rock. Nessa segunda-feira (dia 06) nossa banda "Saco de Ratos" vai inaugurar a bagaça. Com duas horas de rock and roll. Duas cronometradas horas de rock and roll. O show tem que começar às 22h e terminar religiosamente às 24h por conta de um acerto com o Satyros 2 de não incomodar a vizinhança. Mas assim que terminar o show, os insones podem dançar um rock and roll por conta do DJ Carcarah.

Nessa segunda-feira o Brum não vai estar com a gente. Ele vai estar no hospital encarando uma cirurgia. Mas a gente vai tocar "Vida Brum" em homenagem a ele.

Nessa segunda-feira (dia 06)

Show da banda "Saco de Ratos"
Mário Bortolotto : Vocal
Marcelo Watanabe : Guitarra
Baixo : Fábio Pagotto
Bateria : Rick Vechione


Das 22h até 24h

A partir das 24h - Discotecagem rock and roll de Carcarah.

O Satyros 2 fica na Praça Roosevelt, 124
Ingressos : R$ 5,00


Na próxima segunda-feira (dia 13), quem toca é a banda "Fábrica de Animais""

arranquei do Atire.

vou levar só funk soul e blues pra tocar.
Rita tinha um comportamento sexual bizarro. Ela gostava de tomar bordoadas até que ficasse com marcas assustadoras no traseiro e no rosto. Isso no começo. Até achei normal ela cuspir na minha cara, mas quando entrou numas de fezes, fiquei um tanto desconfiado. Nosso sexo escorria e fedia pelo andar inteiro do prédio. Uma vez, algemado à cabeceira de sua cama, tomei umas lambadas do seu chicote de couro de porco nas costas. Fiquei um mês sem poder tirar a camisa em público. Eu tinha 17 anos na época e fazia um puta calor nas ruas. Rita estava com 35 e era linda e pálida como uma fada malvada. Não gostava de drogas nem bebidas, era daquele jeito mesmo, normal. Usava roupas de vinil e apetrechos de couro tacheados. Demorava um bom tempo para calçar e tirar suas botas de cano altíssimo com um cadarço trançado quilométrico. Gostava de brincar de dominadora/submissa. Sua musa era uma americana de pernas enormes, chamada Stephanie Rage. Havia pôsteres dela espalhados pelas paredes pretas de todo apartamento. Um dia, Rita chegou toda suada e foi lavar a louça. Ela estava agindo de forma estranha e até cantarolava canções de Patsy Cline, coisa que ela detestava. Rita estava feliz, eu notei. Passava alguns dias desaparecida e quando surgia, fazíamos sexo convencional, cheio de beijinhos secos como frutas cristalizadas. Semanas depois, Rita me disse que estava apaixonada por Raimundo, um anão dono de um pardieiro de 7 quartos na Aclimação. Dizem que anões são bem dotados, existem até filmes onde esses caras, com auxílio de banquinhos, fodem louras estonteantes em Moscou e Berlin. Mudou-se para o hotel do Raimundo e nunca mais me deu dinheiro ou notícias. Soube, bem depois, que ela morria de cócegas na sola dos pés.