Wednesday, August 27, 2008


hoje - no coletivo galeria.

vamolá.

Friday, August 22, 2008




Há 33 anos, Elvis batia as botas em sua mansão. E pra comemorar, o blog boogie woogie flu colocou Dylan cantando Elvis e Elvis cantando Dylan.


Aqui vão duas que roubei.

“Don’t Think Twice, It’s Alright” – Elvis Presley

“Lawdy Miss Clawdy” – aqui Bob Dylan canta minha música favorita do Elvis


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Hoje, no véio Merça:


Thursday, August 21, 2008

se liga


Entrada Franca> Duração: 3 horas> Noções básicas de fisiologia, técnicas diversas, manutenção & conservação do instrumento, a gaita cromática no blues, harmonia aplicada ao blues, dicas de improviso, percepção & apreciação musical, variações do blues, banda & palco, microfonação e muito mais!> Dia 23 de agosto, sábado, a partir das 14 horas> Centro de Estudos Musicais Rockabilly> Rua Rego Freitas, 512 - conj. 02> Reserve sua vaga: (11) 3151 5737.

breve


Wednesday, August 20, 2008

tem uma criança morta na lavanderia

como se alguma coisa valesse a pena. esse exagero que não transborda um cinzeiro. o andarilho que toca o interfone de madrugada no escuro com um dos cadarços desamarrado. a música arranhada do caminhão de gás. e a vizinha que reclama escutando Cat Power e estudando para concursos enquanto fedelhos latem no térreo. 
quê porra é essa, Clotilde? 
nesta chafurda, alvejo. permaneço. senscolha. gostar de quem não gosta. como um melhor amigo que não existe. a espera numa fila que nunca chega tua vez. sem condições 
e só lamentos. na paz que não acredito. 
na próxima segunda, 
farei uma campanha 
para acabar comigo. 
chega.

Thursday, August 14, 2008

insônia por opção

Na madrugada insone, ao invés de gastar as horas tateando o reboco das paredes de um labirinto escuro à procura de uma saída, perdido em meus pensamentos esquizofrênicos, com idéias que entram e saem sem a menor coerência, cato uma antiga história de Jerry Spring e seu amigo Pancho para folhear. Os dois atravessam o velho oeste e salvam uma família indígena. Um xerife mesquinho passa várias páginas perseguindo o grupo, mas acaba se fudendo no final. Depois Pancho enche a cara e se mete em encrenca numa estalagem, no entanto, tudo termina bem. Uma história bem simples, do jeito que eu gosto. Desisto da cama e ligo a TV. Nela passa uma luta de boxe entre dois pugilistas latinos peso pena. A luta é frenética. Parecem duas formigas saúvas disputando uma casca de pão. Os caras são rápidos, aquilo me acende ainda mais. Levanto e fico treinando jabs e cruzados e ganchos no meio da sala. Canso. Sou meu pior adversário. No outro canal, um jogo de vôlei entre Brasil e Rússia e, apesar do narrador e do comentarista expressarem efusivamente que a seleção nacional é muito melhor que qualquer outra nas Olimpíadas, o time perde dois sets seguidos. Canso. Mas não tenho sono. Pego a chave do carro e parto num passeio pelo meio da noite. Desço até a Marginal Pinheiros. A chuva fraca estala no pára-brisa. Ninguém nas ruas. O asfalto molhado reflete o brilho elétrico da cidade. Cruzo caminho com uma viatura totalmente apagada. Entro na expressa acelerando forte. O motor ronca alto. Tentaram levar meu carro na semana passada. Não conseguiram, mas arrancaram metade do painel para levar o som. Carro sem som é como mulher menstruada, é bom, mas complicado de aproveitar o passeio. Agora a música sai dos escapamentos, ou da minha mente, onde vasculho em meu jukebox alguma coisa pra espantar os pensamentos. Encontro Patsy Cline nas gavetas abarrotadas da cachola, ela canta “Shoes” pra mim. Entro na saída pra Castelo Branco. Faço a curva sobre o viaduto a toda. O carro parece querer se perder. Entro em Osasco que parece uma cidade fantasma. São 4:03 da madrugada. Estaciono numa avenida chamada Sport Club Corinthians. Acho tudo isso muito estranho, mas não perco meu tempo matutando. Uma motoca passa zunindo do outro lado, o cara que guia está todo encolhido. A chuva continua, de leve. Faz muito frio. Caminho até um butiquim ao lado de uma borracharia. Os azulejos azuis da parede atrás do balcão escorrem gordura. Um bebum dorme encostado numa geladeira. Um senhor de bigode grisalho e óculos de lentes grossas, com uma camisa da cor dos azulejos, parecida com a dos antigos cobradores de ônibus, me serve uma cerveja trincando. Esfrego uma mão na outra a fim de aquecê-las antes de pegar a garrafa. Vou até uma mesa na calçada debaixo de uma marquise. Encho meu copo e faço um brinde a mim mesmo. Uma homenagem ao grande filho da puta que eu sou. Hoje é meu aniversário.

Monday, August 04, 2008

merda é um estado natural

Fui até Brasília na semana passada. A cidade que nasci. Fazia tempo que eu não dava as caras por lá. Foi estranho. Cheguei quase de madrugada, na última quarta, e fiquei sentado na varanda do hotel olhando a cidade lá de cima. Suas luzes laranjas dançando no horizonte como chamas. Os carros sibilando pelas estruturais e os ônibus noturnos com poucas pessoas dentro. Quase ninguém nas ruas. Fiquei observando os amplos gramados cinzas como o calçamento no inverno. No meu silêncio, senti uma saudade morta. Da época que eu andava por ali, quando tinha poucos amigos e nenhuma mulher. Uma tristeza profunda me assolou. Fiquei pensando no monstro que me tornei.

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Cheguei a São Paulo ontem no começo da madrugada. Estava pregado após rodar 3000 quilômetros em 5 dias. Mesmo com os olhos fechados ainda conseguia ver o mar de faróis que encarei na Anhanguera. Em casa, sentei no sofá e comecei a coçar o saco com força. Um marimbondo picou meu ombro e o calombo latejante me incomodava. Minha mulher subiu e desabou na cama. Fiquei encarando o dedão do meu pé e pensando em como ele é feio. Nisso, notei a falta de Alicate. Por onde andaria aquele gato filha da puta?, pensei. Sentia sua falta. Continuei trabalhando no saco e fazendo planos que esqueceria na manhã seguinte. Tive idéias obscenas, acho. Eram umas 3 e meia da manhã quando tudo apagou. Se num momento encarava o teto, no outro não enxergava nada. Um breu do caralho. Procurei o isqueiro na mesa apalpando tudo e derramei um copo de suco pela metade. Cachorros latiam na vizinhança. O alarme de uma produtora na rua debaixo disparou. Na escuridão, encontrei o isqueiro e o acendi. Fiquei parado olhando a chama, pensando em como sou imbecil, até queimar a ponta do dedo. Lá fora tudo estava apagado, os postes, os prédios e as casas. Decidi dormir.

Acordei hoje com minha Pequena reclamando com o gato. Desci e encontrei um baita cagalhão no piso da cozinha. Outro, esse mole como mingau, estava embaixo da mesa. Alicate dormia em sua almofada encardida.
- Caralho, quê que isso, seu filho da puta? – eu berrei. – Encheu minha casa de merda!
O gato fingiu que não era com ele.
- Qualé, parceiro, eu to falando com você – tentei mais uma vez -, tu mora aqui, come dorme e agora quer melar meu chão de bosta assim?!
Nada. Daí, perdi a esportiva. Peguei o vagabundo pelo pescoço e afundei seu focinho na merda.
- Isso aqui é errado – eu grunhia tentando explicar aquela merda toda.
- Larga ele! Larga ele, caralho! – minha mulher gritava na minha orelha esquerda.
Arremessei o gato pra trás, mas ele acertou a porta e caiu arriado com as patas para cima.
- Miaurrrrrrrrrrrrr!!! – ele soltou um gemido do fundo das entranhas.
- Ai, caralho, matei o gato... – pensei, ou disse, não lembro. Entrei em choque.
- AAAHHHHH!! AHHHH!! - minha mulher perdeu o controle –, você matou o gato! Matou gato!
- Cala a boca! Cala a bocaaaa! - me descontrolei – Olha aí, fiquei histérico também.
O escarcéu estava formado. Corri até o gato e notei que o problema era outro. Seu pêlo estava imundo e suas costas cheias de feridas. Alicate andou se arrebentando pelas ruas. Peguei ele no colo e seus miados aumentaram.
– Coitado – disse pra minha mulher –, o Alicate tá zuado.
Larguei-o no chão. Ele se arrastava como um senhor consumido pela vida. Fui até a vizinha perguntar o quê o bichano andou fazendo nos dias que fiquei fora.
– Olha – ela disse –, seu gato quase não deu as caras. Coloquei comida todos os dias, mas encontrei ele apenas na sexta. Tinha algo estranho.
Liguei para minha mãe que é veterinária e lhe contei o ocorrido. Segundo ela, ou ele foi envenenado pelo Sistema ou apenas comeu alguma porcaria estragada em suas perambulações noturnas. Daí me passou um remédio para limpar o bichano por dentro.
Porra, fiquei num remorso foda. Ainda estou. Fiquei pensando que aqueles dois cagalhões na cozinha poderiam ter sido apenas uma forma de chamar nossa atenção, que nem um bebê que se esgoela quando está todo assado, ou um moleque que corta os pulsos no banheiro enquanto a família assiste TV.

Espero que Alicate sobreviva.