Thursday, August 20, 2009

faz tempo que não vejo
a chuva castigar
tanto assim a cidade
como se alguém
muito aborrecido
lá em cima
arremessasse mudanças

mais uma vez

há muito tempo

seguro a respiração


dentro de mim

não faz a menor diferença,

apesar da chuva,

que sempre cai

das velas que se apagam o tempo todo

das janelas que batem

e das árvores semeadas

em calçadas descascadas

que balançam no escuro

sob as luzes elétricas dos postes


sombras dançam

colhidas

talvez eu finja fugir

mais uma vez.

quem sabe,

o sol raie,

como um espírito

dentro de mim

que chantageia

e trava

minha temporada

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