Monday, June 11, 2007

Ando numa onda rural. Muito capim e sereno de outono. O folk e as montanhas de prados resplandecentes. Sei que pareço um merda falando disso, mas não encontro outra definição para o meu atual momento. A estrada me inspira quando estou saindo da cidade grande numa noite de sexta rumo ao interior de Minas Gerais. Deixo boa parte das preocupações para trás. Talvez tudo isso seja uma fase estranha, que tem muito a ver com o que ando lendo e ouvindo. Bonnie ‘Prince’ Billy, Jim Dodge e a pata Fup, Jonah Rex, bluegrass e algumas coisas antigas me retiraram da atualidade e me colocaram ali, debaixo da sombra duma árvore bem longe daqui, esperando a noite cair na paz lúgubre do campo.

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A manhã com nevoeiro. O café quente e a família na mesa. Um abraço descompromissado do amigo. O cachorro que mora na frente da padaria e que sempre ganha um afago e um pedaço de pão. A correia enferrujada da bicicleta. Arame farpado. Os atalhos pelos terrenos baldios. O gol da virada no recreio. O desprezo de Maria Eugênia e seus cabelos crespos disfarçados com Neutrox. A luz do poste sob a chuva na volta da aula. O cheiro das cordas do violão. Pus de espinha no espelho. O coletivo rabeado. A cerca-viva de cipreste do vizinho que tem piscina. A falange covarde, o terror da molecada. As caminhadas sem fim para nenhum destino em particular. O lago sujo que limparam. E eu, que aparentemente sinto saudade dessas imagens.