Monday, August 13, 2007

se van todos a la mierda

Hoje fico meio assombrado quando volto da estrada e deságuo na Marginal, em São Paulo. Ao contrário de pouco tempo atrás, quando o cenário de filme noir me instigava a abrir o vidro do carro para inspirar fundo todo aquele gás carbônico misturado com o fedor doce do Tiête e do peido que eu acabara de soltar, sossegado no volante com um cigarrinho na canhota, em calafrios, sabendo que logo mais iria encontrar os capangas em algum boteco imundo perto do centro da cidade e depois sair pra apavorar cocotas berronas pelos becos pixados. Meio constrangedor tudo isso, mas ando meio apático com essa porra toda de concreto e lâmpadas laranja, esse grande pedaço de merda incrustada no Sudeste do país. Talvez o problema nem seja a cidade, talvez seja apenas essa rotina sacal nesse ambiente empestado de imbecis. O trânsito me esgota. A noite, onde tem música, é um playground de seres decadentes com argolas douradas e baton rubro borrado na cara tentando requentar alguma idéia ultrapassada. Os playboys dominaram shows e restaurantes e avenidas. Os malacos estão cada dia mais malacos, só que um pouco mais amedrontados com todo arsenal bélico paranóico dos ratos. Meus antigos capangas se perderam pelo mundo, e os que sobraram, garantiram um cobertor de orelhas e agora tentam sobreviver como elos perdidos que apertam os botões dos semáforos para atravessar a roleta russa da vida. Hoje bebo em silêncio. Ando apático. Talvez seja só uma fase. Ou a mais pura retórica. Só sei que senti isso ontem. Estou ficando velho.

No comments: