Tuesday, July 08, 2008
Bem, após convite do truta Nick Farewell, juntei os trapos e arrisquei minha primeira visita à FLIP em Paraty. Confesso que minha maior preocupação, sem dúvida, era a final da Libertadores, assunto um tanto atrasado, mas que acabou por fuder minha paciência logo na abertura da tal festa literária. Após a derrota do meu time, meu ânimo sumiu. Roí todas as unhas que meus dentes alcançavam e pensei em estrangular um gringo falastrão que insistia em tentar falar português comigo durante o jogo. Cercado por felizbertos entusiasmados e obesas flamenguistas, preferi me recolher no chalé de pau que eu estava hospedado com minha Pequena. No dia seguinte, nos juntamos a um grupo de amigos e fomos à Trindade. Como nunca havia pisado naquelas praias antes, temia encontrar algum hippie defecando na areia ou mulheres alucinadas com tranças nos suvacos escutando Juthro Tull, entretanto, a costa estava vazia como na época do Descobrimento, alguns cães de donos aleatórios apareciam e ficavam me encarando. O cenário estava perfeito não fosse o vento que soprava gelado. Um pulo no mar servia mais para autoflagelação que para desfrute próprio. Na sexta, fomos munidos de substâncias proibidas, muita vodca e pouca vergonha para a mesma praia. Despirocamos na areia até o sol desaparecer e tudo tornar-se impossível de encontrar num breu féladaputa. Caminhamos perdidos até dar de cara com um bar que parecia mais uma loja que artigos de umbanda, lá arrancamos uma espécie de música indiana do som e colocamos nossas velharias para tocar. Bebidas desciam como uma avalanche liquida e o grau de loucura era tamanho que fica difícil explicar aqui. Consigo me lembrar que de 5 em 5 minutos eu corria até o mar para descarregar a bexiga. Lembro também de caiçaras carrancudos me encarando enquanto eu tentava em vão me manter de pé. Em certos momentos, achei que fosse morrer naquela porra de praia, ou que os donos do bar fossem nos surrar quando a conta aparecesse e a gente não tivesse a grana. Esse role só terminou na manhã do dia seguinte, no sábado, dia que Neil Gaiman ia dar as caras na FLIP, tinha Chacal e Marcelino no Picaretagem e uma pancada de festas com felizbertos entusiasmados e obesas flamenguistas esperando. Preferi ficar trancado no quarto lendo o pacote de quadrinhos que havia adquirido com a Via Lettera a andar desequilibrado pelas ruas atulhadas do Centro Histórico. Eu estava exausto e os borrachudos pareciam se aproveitar disso. O domingo foi como todos os domingos. Eu não queria voltar pra São Paulo. Por mim, ficaria na Estrada Real, que termina ali em Paraty, pegaria o carro e sumiria, no entanto, sou um cagalhão e a vida chama e bafômetros soam nos comandos dessa cidade e eu só me entrego morto. Sempre que planejo descansar, termino mais arrebentado ainda.
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