Saturday, December 22, 2012
por mais que eu fuja das sombras dos prédios, tudo termina num beco sem saída. numa nuvem escurecida pela nostalgia. na cidade que tem o poder de esmagar um homem que cultiva o ontem, salto no abismo. não me lembro onde tudo isso começou. As mentiras brutais. meus amigos nunca me abandonaram. nem mesmo quando desabei. tem vez que a gente se coíbe. Esse lado obscuro que apenas àqueles que enxergam os ninhos do embuste percebem. o lado perdido. O engano da massa ruminante ávida por sangue coalhado. quando minha origem é um grupo de suicidas massacrados que flutuam de braços abertos num córrego canalizado que escorre rumo à periferia da alma. prefiro a companhia desses fantasmas à falta de sonhos. o fim de tarde sangrento e o trafego nas avenidas principais. o céu nublado torna-se noite. e seguimos. fluímos. em sombras melancólicas. a triste beleza. a calamidade eterna como opção. o nojo da sociabilidade. ando melancólico. vago pelas ruas sozinho numa fusão sofisticada de belos sentimentos contraditórios e profundos. idolatro minha dor. uma mágoa doce. tento prolongá-la. demoro dentro dela. respiro melancolia nesses dias de furacão. e cavo em silêncio o abismo que existe entre mim e a pessoa amada.
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