lutas de boxe entre influencers, coachs neocrentistas e jovens de direita. investidores de bets, dançarinos de redes sociais. netanyahu transformando o oriente médio num grande estacionamento. não sei se consegue ficar pior que isso.
zolpidem, diazepam e clonazepam: nem um coquetel dos três consegue me derrubar em sp. vivo em estado de vigília. os dias escorrem como espectros, manchas brancas na janela suja, tudo se move, como se eu assistisse televisão pela janela de um carro em alta velocidade. dizem que a amazônia vira um deserto, o saara está alagado e um furacão chamado milton castigou a flórida. parece que o mundo está além de qualquer esperança.
algumas noites sem dormir. sem os cachorros. mais ansioso e sonolento. com pressa em câmera lenta. a erva daqui é muito mais poderosa. caminho pra casa com o pôr do sol quase no fim. Subo a cardeal e uma muralha de concreto de edifícios projeta a sombra que encobre a rua. apesar dos prédios novos, as calçadas estão mais esfareladas que a faixa de gaza. anúncios de apartamentos de 24 metros quadrados estão espalhados pela rua como cartazes numa passeata festiva. um SUV prateado sai de uma garagem com um fortão com o braço coberto de tatuagens tristes. Tecnologia e segurança. ele nem olha para os lados. as rodas de liga leve trituram um pouco mais o calçamento. a vizinhança mudou. Os cachorros têm sorte de estarem bem longe daqui. a gentrificação é um deus sem piedade.
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