Tuesday, April 03, 2007
Eu tô pouco me fudendo que o Fluminense não tem mais chances no Campeonato Carioca 2007, já que na quinta-feira passada nós esmerilhamos o Flamengo no Maracanã, e eu estava lá. Sim, eu estava lá e passei um sufoco do cão pelas ruas do Rio de Janeiro, contudo só quero falar do jogo. Colei no Maraca junto com dois amigos, um deles tricolor, o outro tricolor paulista, atravessando a horda de urubus logo na bilhateria. Corre-corre, empurra-empurra e gritaria dos infernos para comprar o bendito ingresso, que para minha surpresa era caro como um show de rock dessas bandas gringas de merda – R$30,00 a arquibancada -. Mas a facada na cara valeu a pena. Dentro do estádio, na busca da torcida tricolor, trombamos um negão gigante, de berma, havaianas e um coletinho preto todo rasgado, parecendo um veterano do Vietnã. Ouvindo nossa conversa, o truta lançou: “praquele lado é a torcida do Fluminense”. E é pra lá que nós vamos, eu disse, e um sorriso espontâneo surgiu por debaixo do seu bigode grisalho. Já na torcida pude perceber que o negão era um dos líderes da torcida Jovem Flu. O estádio nem estava tão cheio, já que o Flu estava na corda bamba – hoje já atolou com os dois pés na lama – e precisava ganhar a qualquer custo. No primeiro tempo, num jogo de perebas com lances bisonhos, o Flamengo fez um gol com o grosso do Souza, filha da puta desgraçado. Uma guriazinha com uns 14 anos de idade, que estava sentado do meu lado junto com seus irmãos, sentiu a dor do fracasso como uma vuadora no coração, abaixou a cabeça e apertou os olhos com as mãos. Uma cena comovente que partiu meu coração, aquela garotinha linda chorando pelo MEU clube. Agüentei a tédio até o final da primeira etapa, entornando copos de plástico com Itaipava e comendo um XBurguer seco como o sertão. No segundo tempo, logo no primeiro minuto, Cícero recebeu um cruzamento de Alex Dias e guardou de carrinho pro Flu. Berrei igual um condenado por um crime que não cometeu. A seqüência da partida deixava todos torcedores com os nervos em frangalhos, já que o Fluminense não conseguia chegar à meta e virar a porra do jogo do caralho e vai tomar no cu urubu, como o público gritava a plenos pulmões. O Flamengo ainda chutou duas bolas na trave, eu pude ver do outro lado do campo e pedia a Deus, porra, faz alguma coisa, olha a menininha ali, tá mal, truta. Chegando no final falei com o veterano, e agora, será que vai rolar? Ele posou sua mão gorda sobre meu ombro e disse, acredite, filho. E eu estava acreditando em nunca, ali no Maracanã, naquela noite que eu estava me sentindo triste pra caralho mesmo, nesses dias estranhos e sem cores, quando estou sem você e clamo pela vitória do meu time para esquecer quem sou eu. Assim, o eterno filha da puta do juiz ditou 4 minutos de acréscimo, e minha esperança escorria, quicava arquibancada abaixo enquanto o Flamengo atacava em revoada, contudo, foi no contra-ataque que o time das Laranjeiras veio em minha direção, com seus loucos guerreiros milionários de meiões e chuteiras, eu gritava vai, caralho, vai!, e num novo cruzamento a bola veio num arco na frente do goleiro que só viu Cícero novamente surgir voando como uma flecha e tocar com o bico do pé na bola, agora espera: nesse instante tudo parou por milésimos de segundo e antes que a pelota tocasse o fundo das redes, eu já estava voando pelos degraus de concreto. Credo, parecia loucura de ácido, como se toda a torcida tivesse voltada para a pré-história e fizesse danças desconexas com gritos primatas horripilantes e tudo que era ruim dentro de mim fosse destilado pra fora naquele gol, de virada, aos 48 do segundo tempo. Pau no cu do mundo. E pau no cu do campeonato. O que importava era ali, naquela hora. E chega, caralho. Que eu tenho coisa pra fazer e não vou revisar esse texto. Porque não basta se divertir, tem que esfregar na cara.
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