Monday, April 09, 2007
Passei o feriado chuvoso no campo lendo algo que ganhei de um amigo que tem um tornozelo na França. Ele me jogou nas mãos um romance dos anos 40, muito conhecido por aquelas bandas. “Vou Cuspir no seu Túmulo”, de Boris Vian, é impressionante tanto pelo seu conteúdo quanto por sua história. Vian escreveu a obra em 15 dias, em 1946, e apresentou o livro aos editores como sendo um romance americano traduzido por ele a partir dos manuscritos dum certo Vernon Sullivan. Uma farsa subversiva que visava fugir das pragas com a censura. Com uma escrita contemporânea e semelhante à Henry Miller - porém muito mais podre, extrema e direta - “Vou Cuspir no seu Túmulo” conta a história de Lee Anderson, um negro americano que parece um branco e tem os cabelos louros e pretende vingar o irmão que foi morto por ter comido uma branca. A história, com características pulp e beatnik-sado-putaria-vem-cá-putinha, cheia de carrões e estradas e menininhas de 15 anos sendo sodomizadas, escorre rápida pelas páginas regadas de humor-negro. O final é de arranhar as entranhas numa fuga de carro. O romance acabou se tornando best-seller por lá, contudo sofreu problemas com a censura dos moralistas depois que um marido matou a mulher e deixou uma cópia do livro ao lado do cadáver. Boris Vian, anos depois, viria a morrer de ataque cardíaco num cinema, assistindo um filme baseado em seu livro. Ele já havia alertado aos produtores que queria remover seu nome dos créditos do filme, que devia ser uma bosta.
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