Wednesday, May 23, 2007

O Smashing Pumpkins voltou a se apresentar ao vivo ontem à noite em Paris. Caralho, estou neste exato instante, escutando a nostálgica “Hummer”, minha favorita dos 15 anos, tempo em que andava pelos bairros com ela na cabeça e alguns trocados na meia, apaixonado por ninguém e preocupado com nada, achando o mundo um saco, mas suave quanto a isso. Sem classe ou estilo ou medo ou preocupações. Apenas uma música na cabeça e alguns trocados na meia. Nada demais.

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Ontem fui gravar um barato de teleteatro pra TV Cultura com o Márião e a função toda. Foi bem divertido. Catar um ônibus com a garota no final da tarde, passar por baixo da catraca e assistir a cidade pela janela. São Paulo é linda em dias nublados, quando o concreto e o asfalto fundem com o céu e as luzes de freio dos carros piscam na Consolação. Não existe alegria maior que um ônibus vazio. O centro encardido fica ainda mais acolhedor e o som do tráfego nem existe, só a visão funciona e o vazio se instala dentro. Tudo aconteceu ali num prédio na Praça do Correio e lá encontrei um sebo de quadrinhos impressionante. Nunca tinha entrado em algo semelhante em lugar nenhum. Milhares de revistinhas empilhadas numa salinha empoeirada com uma dona simpática atrás do balcão. Encontrei raridades que sonhava nos mesmos 15 anos que citei acima. E me senti triste, já que não funcionaram como antigamente, quando contava os dias pelos novos lançamentos nas bancas, quando estudava cada traço de nanquim do John Buscema nas páginas de papel jornal, quando escutava Smashing Pumpkins deitado no telhado assistindo o crepúsculo alaranjado atrás do bairro.Como era sagrado esse tipo de solidão.

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