Tuesday, October 30, 2007
josephine II
Três horas e meia até a abertura da estação num buraco de Osasco. Nenhum tostão no bolso e muito pouco a oferecer quando quase não é nada e é tudo tão difícil. Você mora tão longe mas cai sempre para a sordidez dessas bandas em busca de pessoas que não conversam, nem te percebam, apenas te forneçam aqueles frasquinhos. Sempre triste esperando o trem na estação, numa beleza dolorida. Embora sua diversão seja um pouco morta e lembre mais um alívio, nada mais importa, não dá pra continuar agora que até as moedas acabaram. Sequer espanta as moscas de suas roupas. Procura bitucas e insulinas na calçada enquanto conta todas as coisas que deixou de ser em trinta e três anos. Chorando sozinha em silêncio debaixo da luz fosforescente, embora não seja dor serve para disfarçar a angústia. Só mais um dia. Apenas um emprego a menos. Uma família que lavou as mãos. Eu sei que é difícil, garota. Tá tudo bem. O primeiro trem nunca atrasa. E o fosso do trilho nem é tão fundo assim.
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