Ontem voltei cedo para casa. Sentia-me como se não dormisse há semanas. Deitei no sofá e fiquei encarando o teto. Daí decidi apagar a luz e contemplar a escuridão e o silêncio, mesmo que muitos ônibus castigassem suas pastilhas de freio na ladeira da Cardeal. Dava para escutar uma mulher berrando no albergue ao lado também. Sentia-me feliz e na moral como um cachorro de sítio. Depois de um bom tempo os freios diminuíram, a mulher acalmou e eu me levantei e acendi a luz. Peguei meu livro e recomecei a leitura. Fiquei pego. As páginas passavam como folhas secas ao vento e alguma coisa me atormentava suavemente. Sentia como se meu pulso falhasse. E as imagens da história se abriam na minha frente. O pai e a criança ali, num mundo descascado pela hecatombe. O pai tosse e cospe sangue. A criança chora. A lua azul escondida atrás das nuvens de poeira. A estrada. A jornada. No final, sei que é estranho admitir isso aqui, mas não consegui segurar as lágrimas. Grande livro.
ps.: agora um filho da puta vai pegar o livro e transformá-lo numa grande piada.
Tuesday, October 09, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment