Monday, January 07, 2008
Esvaziei minha cabeça na estrada, numa pista de mão dupla que sumia no horizonte cruzando o Mato Grosso do Sul, causando sonolência e certo estupor que desaparecia quando um caminhão cruzava o lado oposto e quase arrancava o capô do carro. Os buracos remexiam o estômago vazio. E cachorros mortos na estrada. E os espectros com cobertor caminhando sem rumo no acostamento. O cerrado dando lugar a grandes plantações onde apenas uma única árvore faz a sombra para a bóia. Uma cidade e suas luzes brilhando num destino incerto a quilômetros de distância para uma estadia num hotel barato e no televisor o noticiário berrava que as mortes nas estradas são recorde. Eu não acredito em alertas nem que a próxima curva seja a libertação. Acredito no vento e no aço, carne e óleo derretendo no asfalto dos erros alheios. Muitos morrem na reta. O motor estalava no posto de gasolina carcomido pela ferrugem e o teto gemia. O caminhoneiro sonhador solitário sobre suas havaianas azuis ofereceu um trago de cerveja numa tarde que o sol ameaçava explodir minha epiderme. No banheiro urina envelhecida e desinfetante barato.
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