Tuesday, January 23, 2007
dose diária de merda
Eu acredito que exercícios físicos e trabalho façam muito mal à saúde, mais que cigarros e televisão. Uma pessoa que freqüenta uma academia, por exemplo, está sujeita às dores localizadas e à estafa muscular por causa dos movimentos repetitivos e do adestramento excessivo em busca do corpinho ideal para impressionar o semelhante ou tirar o atraso de anos achatando a bunda no sofá e no bar. Tri atletas então, nem vou comentar – vide bula de barra de cereais. Agora no caso do trabalho, é muito simples, o bagulho já é uma bosta, quando é emprego então piora, sem dúvida. A rotina tediosa da escravidão empresarial em carga horária semanal, acaba com qualquer ser humano pós-moderno que precisa do pagode no fim do mês para sobreviver e adquirir bens materiais e a cerveja do happy-hour – o período noturno de trabalho. Para manter o condicionamento físico e a mente sã é preciso se livrar das amarras habituais e voltar a beber da fonte das ruas, ou seja, parar de frescura. O homem pós-moderno das grandes metrópoles não caminha e está enclausurado em cubos e caixas de vidro, cego para o que acontece ao redor, tudo se limita a um retrovisor e algumas janelas fechadas; carece da mudança contínua de cenários, situações, do aproveitamento da variação da paisagem urbana; deve viver como um índio, ou até um moleque - mas não como esses pirralhos babões, mamãe-quero-bolo de hoje em dia, que sequer põem os pés para fora do condomínio – que anda de bicicleta e vai a pé ou de ônibus pra qualquer caralho de lugar. O indivíduo que se locomove com o meio de transporte natural que Deus lhe deu por algumas horas durante o dia ou a noite, consegue manter a forma, evita pensar merda e se preocupar com a pressa, a urgência diária que só existe para chegar rápido em casa em busca do próximo Danoninho, do próximo capítulo da porra desses malditos seriadinhos americanos, da próxima briga conjugal. Somos um bando de preguiçosos que depende de elevadores e automóveis e botões para fazer qualquer tipo de porcaria como ir ao cartório ou pedir uma pizza. Somos bostas humanas, cagalhões de merda. Somos nojentinhos e babaquinhas,que colocamos o paninho no colo pra comer e que analisamos as bordas do copo antes de beber. Somos a cloaca urbana.
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