No seu pedido não veio fritas. As vozes me cobram. Como é que eu ia saber? Cortei as unhas mais do que deveria. E minhas feridas doem com sal. Estou muito longe de casa e cada vez mais enterrado num buraco. Estou perdido da minha própria sombra. E também perdi meu relógio numa enxurrada. Será que vai demorar muito até eu morrer? Para fazer parte de algo, eu me neguei. Neguei minha própria vida. A tempestade dobra as árvores nos joelhos e encharca meus olhos. Eu queria entrar e subir para o quarto com você. Para me acalmar enquanto a casa de madeira range. Mas desaprendi a lidar com esse fim de linha e a tal zona de conforto. Você pode me encontrar no fim do mundo. Afinal, continuo aqui fora, encarando os relâmpagos e o desespero dos deuses, a escuridão e sua força, a doçura da morte e o amargor do deserto pessoal. É assim que vai ser. Pela primeira vez, na segunda chance. A casualidade é meu instinto. De fato, quando as estrelas aparecerem novamente, voltarei a caminhar descalço por ai, nesse rancho de concreto cheio de cobras.
Wednesday, November 07, 2007
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