Wednesday, March 31, 2010

só mais uma coisa, saca só que foda o Alex Chilton mandando "I Will Always Love You" numa rádio em Memphis, em 1975. e sim, essa música é aquela uma lá que a Whitney Houston canta, que na verdade é uma composição da Dolly Parton, que canta "Jolene" e por ai vai...

Chilton morreu há 2 semanas. ele foi guitarrista do Big Star, uma banda foda dos anos 70. o primeiro disco deles, #1 Record, é considerado em muitas listas por ai um dos discos mais tristes da música pop.


"I Will Always Love You"
- Alex Chilton

roubei o Boogie Woogie Flu. tem muito mais lá.

estreou

“Brothers” o sexto disco de estúdio do duo The Black Keys será lançado no dia 18 de Maio. Experimente “Tighten Up” - uma das 15 músicas que estarão no disco -, produzida pelo Danger Mouse.

“Tighten Up” - The Black Keys

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Ontem assisti o documentário “End of the Century – The History of Ramones” que o chapa Marcelo Montenegro gravou pra mim. Bem alto de madrugada na televisão. Emocionante. Aquele caralho de banda salvou minha vida diversas vezes, mergulhado numa calçada rachada com um bando de amigos violentos cantando “Here Today, Gone Tomorrow”, com todo o entusiasmo da juventude escorregando sorrateiramente do bolso de trás da calça jeans justa de Dee Dee.
Hoje eu ainda continuo a me sentir inadequado cortando as unhas dos pés no sofá às três da madrugada ouvindo Ramones. Nada novo. Nada. Sequer algo passageiro ou uma música do Bowie na cabeça, aquela dazantiga em que ele diz que nunca fez coisas boas. Já que às vezes o que resta mesmo é chutar latas num fim de tarde nublado de um domingo de feriado prolongado em São Paulo, com o sol se pondo atrás dos edifícios e as luzes dos postes acesas, quando as sombras começam a abraçar as poucas pessoas na rua e eu finjo ser Joey Ramone só para me tolerar um pouco.

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ando viciado na Estante Virtual. Lá encontrei a “Última Saída para o Brooklin” e “Réquiem para um Sonho”, dois livros fora de catalogo de Hubert Selby Jr. que passei a adolescência procurando em sebos de diversas cidade brasileiras. É possível encontrar tudo lá e eu, imbecil, não me toquei antes. A coleção completa da revista Animal ou até mesmo a lendária Circo. Firmeza. Já chamei pelo “Mulheres”, do Bukowski e “A Lua do Falcão”, do Sam Shepard. Agora vou ali buscar a biografia do Frank Sinatra que está disponível num sebo aqui na Teodoro.

Thursday, March 11, 2010

hoje.

tô lá já.

Wednesday, March 10, 2010

Sunday, March 07, 2010

a life along the borderline

e neste final de semana mais um sujeito atormentado e talentoso deu um jeito de escapar pela porta dos fundos. Mark Linkous suicidou-se no sábado. Linkous era mais conhecido pelo seu projeto de alt-country Sparklehorse. Algumas de suas músicas são grandes experiências de como se sentir triste e confortável num sábado de sol. confira abaixo o belo vídeo de "It's a Wonderful Life":

Thursday, March 04, 2010

Bad Dog

São 5 horas da tarde. Shirley está sentada nua de tênis no azulejo azul da varanda. o quintal dela. com seu velho hábito inofensivo de riscar os braços com uma lâmina gasta de estilete. Fico um pouco intrigado com a rede que ela está usando nos cabelos. E tem um filho da puta buzinando na esquina há horas. Ecos intermitentes dentro da sala de estar onde durmo como um moribundo de favor. Rumores moídos espalhados num prato estilhaçado com restos da noite anterior. Uma caixa de areia entupida com a merda do gato atropelado. A casa está cheia de pessoas que não conheço nem de vista, hippies desdentados que mijam em potinhos e que gostam de massagem e da puta da mãe natureza deles e dos executivos preocupados. Tentam argumentar com calma, bastante dengo comigo, sobre como sou um sujeito sortudo por ainda estar vivo. Mas é à noite que eles ficam bêbados e choram ouvindo música mexicana. Shirley sempre chora mais que todos e berra sem saber agüentar as conseqüências nem medir as chances, mesmo assim, vai morrer de velha, eu sei, com o rosto inacreditavelmente enrugado e cistite. E todos falam muito alto, parecem caricaturas circunspectas e imundas que só falam merda, rumores. Sempre que acordo no meio da sala, nesse colchão úmido de solteiro sem lençol como comida esquecida num prato na geladeira, penso em Miyamoto Musashi de cócoras cagando em sua caverna escura elétrica. e chove torrencialmente e uma cortina d’água se forma na entrada da gruta.

Tuesday, March 02, 2010

Uma mosca enorme voa ao redor da minha cabeça. O fedor que meu coração louco exala. Pela janela vejo um doido que vaga se esgoelando noite adentro no meio da rua; os carros desviam dele complacentemente. Os faróis brilhando no asfalto molhado. Sombras surgem e desaparecem nas paredes do meu apartamento, como alucinações de um drogado solitário em abstinência. No quarto ao lado, um pecador sem fé seca suas lágrimas sob a escuridão azul e oblíqua que precede o amanhecer, sentado no chão com uma arma carregada no colo, pensando em dar um tiro nos miolos. O grito do louco chama através dos trovões. Moradores de rua que esperam o juízo final nas margens lamacentas das sarjetas do centro. Aquela música que costumávamos cantar toca baixinho na vitrola com estalos em plic plocs. A mosca zumbe ao redor da minha cabeça. A agulha suja e empoeirada desliza sobre o vinil como um carro descontrolado numa curva molhada. Resolvo pegar minha garrafa de uísque e as chaves do Chevy. Já não me sinto tão mal. Tento apenas entender toda essa obsessão sinistra pela morte que os moradores dessa cidade compartilham em silêncio. Uma forma permanente de autodestruição, nos empurrando lentamente na direção da janela. Um abalo físico. Uma necessidade. O resultado é sempre dramático. Pessoas desconhecidas e repletas de fúria. Somos, provavelmente, mais perigosos para nós mesmos do que para os outros.

E vice versa.