Friday, November 30, 2007


Thursday, November 29, 2007

No fim do ano passado eu estava submerso na merda, sofri uma seqüência de acidentes, me fodi todo numa briga e ainda peguei uma bactéria num simples arranhão que me derrubou, fora isso, minha namorada tinha me pénabundeado e minha avó estava internada no hospital, no mesmo que eu aliás. Encomendei então o livro de poesias da Bruna Beber “A fila sem fim dos demônios descontentes” e o bagulho terminou de me quebrar. Lembro que li o poema abaixo e fui pegar o metrô numa dificuldade filha da puta, já que meus dois pés estavam destroçados, não conseguia pensar em nada direito, só nos últimos versos que reverberavam na minha cabeça. Hoje a Bruna é minha camarada, mas eu evito pagar pau. Ela tá com um blog novo:


ap.

na minha casa você pode flagrar alguém
se escondendo da rotina num quarto escuro
e batendo a cinza do cigarro na janela
enquanto espia as roupas dançando em silêncio
no varal da área
às três da madrugada
você pode flagrar alguém preocupado
segurando uma caneca com vinho vagabundo
dormindo fora de hora
pensando demais na vida
e no tédio que é
essa falta de paixão.

Bruna Beber

Wednesday, November 28, 2007

Hoje vou passar ali no show do Eagles of Death Metal, lá na Clash. Estou um pouco desanimado para piadas, talvez quisesse mesmo era ficar em casa e nem me amarro muito no som deles. Mas veremos...

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Acabou de chegar meu “O Amor é um Cão dos Diabos”, livro de poesias do velho Bukowski que a LP&M acabou de lançar.

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Já estão disponíveis alguns desenhos meus para customizar os computadores da criançada. É, eu me vendi. Comprem lá que estou precisando de dinheiro para tomar drogas e pagar as multas do automóvel.

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E hoje tem uma festinha no Juke Joint após a estréia da peça “O Natimorto”, adaptação da HQ do Mutarelli que o Marião fez. Eu não vou na peça hoje porque não gosto de estréias, mas devo encarar na semana que vem. A festa vai depender do meu estágio.

"O Natimorto"
Sesc Consolação - teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, região central, tel. 3234-3000). 320 lugares. Ter. a qui.: 21h. Estréia 28/11. Até 20/12. 80 min. 14 anos. Ingr.: R$ 5 a R$ 20.

Tuesday, November 27, 2007

nada pra fazer


Gosta dos dias nublados de outono e nada pra fazer.
Daí coloca Nick Drake tocando “Saturday Sun”
e sente uma tristeza suave,
como o som da voz daquela enfermeira
que cuidou dela depois do acidente.
Fica assistindo a grama crescer através da janela da sala.
Sente que morre um pouco a cada dia,
e luta para morrer menos fazendo isso, nada.
Pensando em quando ainda podia andar
e encontrava Sandro no final da linha trem.
Mas o final da linha chegou de forma abrupta
e agora ela definha escutando Nick Drake
e olhando a grama crescer,
fazendo nada.
Dia e noite.
Morrendo um pouco de cada vez.
O anjo doente que não pode mais voar.
Ninguém sabe como ela se sente.
Chorou na noite passada,
mas foi porque sonhou que encontrava Sandro na estação.
Ela ainda andava e conseguiu abraçá-lo.
Era um dia frio de outono
e nas caixas de som tocava Nick Drake com “Saturday Sun”.
Quando acordou escutou o barulho as chuva na janela.
E sentiu vontade de estar lá fora,
olhando a grama crescer
sem nada pra fazer.

Monday, November 26, 2007

A noite estava refrescante. Daquelas que ninguém queria ficar em casa. As crianças da vizinhança faziam uma roda e conversavam sobre coisas legais. As risadas ecoavam pelas nuanças e sombras da rua. Um gato dormia na porta da casa da Dona Veva. Eu caminhei até o armazém e comprei um chocolate e fiquei pensando na porra da conta d’água que eu precisava pagar no dia seguinte. Sentei num banco na Praça dos Cata-Ventos e fiquei conversando sobre músicas de amor com Chica Mendiga. Cantei algumas das que lembrei pra ela, que ria banguela balançando as pernas. Dormiu ali mesmo. Depois caminhei até a porta da maternidade e fiquei sentado na mureta que tem lá. Douglas passou com seu Corcel bege e parou. Perguntou se eu queria ir atrás de encrenca. Sua idéia era pegar a estrada até Formosa, uma cidadezinha do interior onde a gente podia encher a cara longe dos olhares fofoqueiros da nossa própria cidade, arrumar uma boa briga e, além disso, umas bucetas. Eu disse que estava bem, preferia ficar ali sentado na mureta da maternidade até o sono bater. Alguns minutos depois, Sofia chegou apressada segurando a barriga como um tonel seguida pelo seu marido, o seu Jair, dono da Mercearia Rosas. Acho que eles nem me perceberam. Naquela noite, Douglas não conseguiu fazer a curva, acertou o guard rail e voou lá pra baixo do barranco. Esmerilhou o carro e a cabeça, ficou parecendo carne moída enrolada em pano de chão xadrez. Douglas era um sujeito malvado. Não sei por que ia com a minha cara. Talvez não merecesse morrer daquele jeito. Todo mundo comentou aquela fatalidade, porém, dois dias depois ninguém mais se lembrava. Eu fiquei com aquilo na cabeça por um bom tempo, até que um tio meu, algumas semanas mais tarde, deu um tiro na cabeça ouvindo Pink Floyd. O filho da Sofia virou jogador de futebol e saiu daquela cidade de merda. Chica Mendiga arrumou um carroceiro e os dois sumiram na estrada.

Bonnie ‘Prince’ Billy - Ask Forgiveness EP


1. I Came Here to Hear the Music (Mickey Newbury cover)

2. I’ve Seen It All (Björk cover)

3. Am I Demon (Danzig cover)

4. My Life (Phil Ochs cover)

5. I’m Loving the Street (Will Oldham original)

6. The Way I Am (Mekons / Merle Haggard / Sonny Throckmorton cover)

7. Cycles (Frank Sinatra cover, written by Gayle Caldwell)

8. The World’s Greatest (R. Kelly cover)

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MEUS PROBLEMAS COM A BEBIDA

Mário Bortolotto

ela me dizia que eu tinha problemas com bebida
me dizia isso enquanto andava atrás de mim no supermercado
eu escolhia um vinho pra beber no jantar
na verdade eu tava indeciso entre um vinho e um conhaque
na dúvida levei logo os dois
e uma caixa de cervejas pra depois do jantar
e ela continuava falando rispidamente comigo
eu me sentia dentro de uma música do Bruce Springsteen
ela falava algo sobre viver e morrer como um perdedor
eu disse: “Que merda cê tá falando?”
ela fazia ballet e andava daquele jeito empinado que me deixava ainda mais oprimido
havia muita raiva naquela mulher
e a raiva te deixa com dificuldade de se expressar
e eu só precisava de um drink
abri o conhaque na fila do caixa e dei um gole
“Era sobre isso que eu estava dizendo”.
“O que?”
“O seu problema com bebida”.
“Eu não diria que é um problema. A bebida me ajuda nos momentos difíceis”.
“E esse é um deles?”
“Eu não estou muito a vontade”.
entrei no carro e abri logo uma cerveja
“Vai continuar negando que tem problemas com a bebida?”
“Olha, eu não tenho problema nenhum com ela. Às vezes quando bebo, eu arrumo mais problemas, só isso”.
nós saímos do estacionamento do supermercado e ela continuava falando comigo daquele jeito intolerável e pensei em meter o carro num poste ou algo do tipo, mas eu ainda não havia bebido o suficiente.

Friday, November 23, 2007

não pertenço

debaixo da chuva eu pisei em algo podre na calçada. era meu coração que ficou pra fora ontem à noite, mesclado à lama fétida da cidade de São Paulo. eu chutei aquela porra pra bem longe de mim. raros são os amigos e ninguém vai dar falta se eu fugir de volta pra Palmas, no Tocantins. embarcar num pau-de-arara e nunca mais voltar. ou roubar uma máquina na esquina das Espraiadas. ao longo da minha estada aqui só merda cometi. agora tenho 5 policiais civis no meu encalço e um amor perdido para um frentista do Posto Shell da Consolação. porém, não sou de lamentar. em breve, antes de tomar o metrô rumo à rodoviária, vou assassinar brutalmente o desgraçado que me tornou corno. vou arrancar seus olhos e seu pau e fazê-lo engolir. depois disso, compro uma garrafa de vinho e escapo furtivamente, entre goles vigorosos, desse inferno de concreto e seres detestáveis.

Wednesday, November 21, 2007

digamos que minha cabeça esteja funcionando muito bem após um período de ócio com baixo teor etílico, mas, ainda assim, não consigo definir porra nenhuma da noite passada. de quem era aquela arma de cano duplo? ou seria uma valise? no duelo que duelei estive pensando no que eles podiam estar pensando sobre o que eu pensava deles. errei meu disparo. fui alvejado entre os olhos e minhas memórias espatifaram-se contra a parede logo atrás de mim. agora minha camisa esta suja de sangue. ou seria café? eu não consigo parar de ouvir o blues. alguma coisa está mudando dentro de mim. calos. calos. calo diante da minha tristeza. a vida é uma subida enlameada. combinamos de nos encontrar pela manhã. queria te mostrar umas coisas que descobri numa revista de turismo. ou seria uma enciclopédia? eu não consigo parar de ouvir o blues. você não sabe nada sobre mim. nas horas mais escuras da madrugada. fiquei agachado no mato esperando o momento ideal. meus executores vacilaram com suas lanternas vasculhando o local errado. acertei o primeiro na nuca e, antes que seu corpo caísse, alvejei o tórax do outro. soltei os cachorros e peguei um ônibus pra itália. Ou seria líbano? nem sei mais por onde ando. do lado errado. no hotel sem cortinas fiquei olhando as pessoas na rua na chuva. lá de cima pude ver, através da vidraça com gotas cintilantes, o painel da farmácia apagando. ali, naquele exato momento, tive certeza de que nunca mais nos veríamos.

firmes de finár

"O Chamado Selvagem" - 1972, adaptação do livro "O Chamado da Floresta" de Jack London. a história do cão Buk, que é roubado dos cafunés e pedigri champ de uma família rica e levado para puxar trenó no Alaska, onde encontra sua verdadeira essência, ui. o filme é fiel ao livro, triste, com ótima atuação do cachorro que nas as cenas de lutas se machuca de verdade sem ajuda de dublê. a trilha é de doer o peito. um filme daqueles sessão da tarde que não passam mais. é possível encontrar uma cópia perdida baratinha nessas bancas da Paulista.

"Iracema - uma transa amazônica"- filme/documentário censurado nos anos 70, com Peréio canastra fazendo um caminhoneiro que carrega madeira ilegal e rouba gado na tal rodovia, daí conhece Iracema, uma garota de programa fubanga com cara de índia que sonha mas nem tanto em sair fora da floresta pra ir pra cidade grande. a qualidade é bem ruim, até pelos recursos disponíveis, creio, às vezes é impossível entender que diabos estão falando, a luz estoura e os atores esquecem que estão sendo filmados, no entanto , não deixa de ser bom pra caralho. a cena final me deixou ali no sofá, sem nada ao redor, olhando meu reflexo na tela da tv epensando, que merda de mundo cretino.

Tuesday, November 13, 2007

agora eu tenho um Flickr:

http://www.flickr.com/photos/carloscarah/

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amanhã toco na Funhouse. nunca toquei lá. quero só ver o que vai dar. se alguém quiser um desconto, dá um toque.

Monday, November 12, 2007

cousas

Muita gente conheceu meu trabalho depois que fiz as capas dos livros do Marião e quando saíram na revista eletrônica Ideafixa e na galeria virtual Baixo Calão. Ando recebendo propostas interessantes e outras que nunca imaginei. Uma empresa de adesivos me escreveu interessada numa parceria. O ganho é uma pequena porcentagem nas vendas. Gostei também duma galeria de arte que vai abrir em Salvador e quer alguns trabalhos para expor e vender. Legal.

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Meio que timidamente, vou voltar a discotecar numas festinhas. Desde que comecei a namorar e trocar as noitadas em clubs fechados por bares, desisti dessa prática.Toquei numa festa de música eletrônica de um grande amigo no mês passado. Era o primeiro a entrar e toquei para alguns gatos pingados que não gostaram do som. Não era o que eles esperavam. Como estava fora de forma e sem preparo, achei bem mea-boca. Depois disso, discotequei na festa de formatura da minha Pequena. Fui mais preparado e levei até uma listinha com a numeração das músicas para não me perder como havia acontecido na outra oportunidade. Tudo corria bem até Sheylla Mello, a popozuda dançarina-modelo-atriz-cirurgiã me podar – sim, ela estava na festa. Ela queria algo mais poperô. Eu disse que não iria sair, contudo, ela convocou o dono do recinto para me expulsar. Agora, algumas ofertas estão surgindo. Devo tocar no Vegas e no Berlin logo logo. Aviso aqui quando isso acontecer. Vou rico, escreve ai.

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A história do Moleque-Aranha é realmente muito boa. Um sonhador nunca tem nada a perder.

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Queria muito ver o jogo da Seleção no Morumbi. Provavelmente 70% dos ingressos esgotados já estão nas mãos dos cambistas. Já era. Mesmo assim, vou tentar assistir Palmeiras x Fluminense na quarta, aqui o Parque Antártica.

E de consolo quanto à Seleção: tem show do Battles no mesmo dia.

Wednesday, November 07, 2007

Lovesick Blu-ues

"Lovesick Blues" - Hank Williams

I got a feelin' called the blu-ues, oh, Lawd
Since my baby said goodbye
And I don't know what I'll do-oo-oo
All I do is sit and sigh-igh, oh, Lawd
That last long day she said goodbye
Well Lawd I thought I would cry
She'll do me, she'll do you, she's got that kind of lovin'
Lawd, I love to hear her when she calls me
Sweet dad-ad-ad-dy, such a beautiful dream
I hate to think it all o-o-ver
I've lost my heart it seems
I've grown so used to you some how
Well, I'm nobody's sugar daddy now
And I'm lo-on-lonesomeI got the Lovesick Blu-ues.

Well, I'm in love, I'm in love, with a beautiful gal
That's what's the matter with me
Well, I'm in love, I'm in love, with a beautiful gal
But she don't care about me
Lawd, I tried and I tried, to keep her satisfied
But she just wouldn't stay
So now that she is lea-eav-in'
This is all I can say.

I got a feelin' called the blu-ues, oh, Lawd
Since my baby said goodbye
And I don't know what I'll do-oo-oo
All I do is sit and sigh-igh, oh, Lawd
That last long day she said goodbye
Well Lawd I thought I would cry
She'll do me, she'll do you, she's got that kind of lovin'
Lawd, I love to hear her when she calls me
Sweet dad-ad-ad-dy, such a beautiful dream
I hate to think it all o-o-ver
I've lost my heart it seems
I've grown so used to you some how
Well, I'm nobody's sugar daddy now
And I'm lo-on-lonesome
I got the Lovesick Blu-ues.

noites



No seu pedido não veio fritas. As vozes me cobram. Como é que eu ia saber? Cortei as unhas mais do que deveria. E minhas feridas doem com sal. Estou muito longe de casa e cada vez mais enterrado num buraco. Estou perdido da minha própria sombra. E também perdi meu relógio numa enxurrada. Será que vai demorar muito até eu morrer? Para fazer parte de algo, eu me neguei. Neguei minha própria vida. A tempestade dobra as árvores nos joelhos e encharca meus olhos. Eu queria entrar e subir para o quarto com você. Para me acalmar enquanto a casa de madeira range. Mas desaprendi a lidar com esse fim de linha e a tal zona de conforto. Você pode me encontrar no fim do mundo. Afinal, continuo aqui fora, encarando os relâmpagos e o desespero dos deuses, a escuridão e sua força, a doçura da morte e o amargor do deserto pessoal. É assim que vai ser. Pela primeira vez, na segunda chance. A casualidade é meu instinto. De fato, quando as estrelas aparecerem novamente, voltarei a caminhar descalço por ai, nesse rancho de concreto cheio de cobras.

Tuesday, November 06, 2007


peguei a vida amassei enrolei num celofane e coloquei no bolso de trás da calça. esqueci. transitei ausente por estradas entre Minas e Goiás onde o céu é mais alto para onde vão os animais. durante dias nada se aproximou de mim o silêncio assoviava com o vento e mustangs selvagens pastavam em longínquas sombras no horizonte.
"A gente caminha atrás da liberdade e da felicidade. E assim se vive. É só isso que se pode aspirar. Faz alguns anos, e durante muito tempo, minha vida andou presa a sistemas, a conceitos, a preconceitos, a idéias pre-concebidas, a decisões alheias. Aquilo era autoritário e vertical demais. Não conseguia amadurecer assim. Vivia numa jaula, como um bebê que protegem e isolam para que jamais amadureça seus músculos e desenvolva seu cérebro. Tudo desmoronou diante de mim. Dentro de mim. Com muito estrondo. E fiquei a beira do suicídio. Ou da loucura. Tinha de mudar alguma coisa no meu interior. Do contrário podia acabar louco ou cadáver. E eu queria viver. Simplesmente viver. Sem pressões. Talvez com algum dia feliz. E reduzir as angústias. Isso é imprescindível: reduzir as angústias. Quem sabe seja só uma questão de mudar de ponto de vista. É preciso estar plenamente presente onde a gente se encontra, e não escapar sempre."

"Animal Tropical", Pedro Juan Gutiérrez

Thursday, November 01, 2007

13ª Fest Comix

Separa uns trocados e pega a sacola da feira que amanhã começa a 13º Fest Comix. Títulos novos e usados a preço de banana, alguns saem por R$1. Aquelas Graphic Novels dos anos 80 rola pagar R$4. Agora, tem que ir na febre, porque é uma muvuca só, o que não deixa de ser divertido. Dói até o olho de tanta coisa. Fora que ainda vão rolar palestras e sessão de autógrafos com o Laerte, Fábio Moon e Gabriel Bá e outros doidos das HQs.

13ª FEST COMIX
Centro de Evento São Luis
Endereço: Rua Luis Coelho, 323 (próximo à estação Consolação do metrô) Dias 02/11 a 04/11Horário: das 10h00 às 20h00 (sexta e sábado) – das 10h00 às 18h00 (domingo)
Entrada: R$ 5,00 (meia entrada – R$ 10,00/inteira)