Tuesday, February 27, 2007

The Long Blondes é uma das bandas mais irritantes da atualidade e precisa acabar. Uma mistura mal acabada de The Slits com Sleeper - são as fezes do punk e da new wave misturadas com baton. Ontem, enquanto recolhia o lixo de casa, coloquei essa bosta pra tocar e, subitamente, o demônio socou a porta da minha casa implorando para que eu desligasse. Na lavanderia eu espremi minha cabeça, mas resisti para ter alguma noção sobre esse lixo. Como tocam mal, e pensam o contrário, misturando distorções da guitarra com a voz de requenquela da loura pastel. Têm horas quer ela quer soar sexy, a vaca, com um vozeirão que parece vindo do fundo duma fossa de construção - “Adílllson, joga o balde!”. Cruz credo, como é mal feito e não é de propósito, como tentam essas 8438 bandas novas inglesas, é puro amadorismo, bisonhice e pretensão. Tem uma música lá que ela canta fazendo biquinho: “another weekend without makeup” – hahaha – e eu não resisto, é muito estridente, a letra é péssima e um monte de babacas gostam disso e eu corro da lavanderia e dou uma vuadora no meu 3 em 1 e desligo e coloco Tortoise para terminar minha faxina sem incomodar ninguém.

a maldição abençoada.

O mundo vai acabar novamente. Quem vai carregar a cruz de carvalho dessa vez? Antes a água potável ia acabar. Agora o mar vem para nos impedir de tomar um trem ou deixar a estação. E não seremos mais mortos pelos homens ou pelas armas. A morte será por causas naturais e entrará pela janela da sala. Liberem as drogas e a bomba atômica de uma vez. Legitimem o racismo e a escravidão. Azulejem as florestas e os parques para que possamos fazer sexo inseguro no chão. Hoje será nosso primeiro dia para o fim. Amor, me dê a mão, vamos nos perder por ai.

e começa o ano


neste ano serei uma pessoa séria, que nem nesse desenho do Laerte.

amanhã volta a estudar à noite.

Monday, February 26, 2007


demorô, né, Martin?

LoneLady



Não sei nada sobre essa guria inglesa, nem como descobri – certeza que não foi pela NME. Tenho essa música dela (abaixo) no meu iTunes faz tempo e escutei hoje de novo, caiu bem, como o pé d’água lá fora. Ela quer ser a PJ Harvey, não vejo nada de errado nisso.

"Hi Ho Bastards" - LoneLady

num cafofo na floresta

Enquanto ela pensa, mexe os lábios. Diz que escuta vozes dentro de sua cabeça, de uma bruxa má com verrugas no peito, e que passou o carnaval em branco. Sem confetes, o tempo todo. Impossível não reparar que seus miolos estão cada vez mais soltos, já que moramos sozinhos nesse fim de mundo, onde os trovões sacodem a terra e espantam os pássaros. Nosso cachorro sumiu há dois dias, ela insiste em seqüestro da Bruxa e outras suposições. Já vasculhei a maldita floresta por horas e digo que podemos arrumar outro bicho na cidade. Ela tem aversão à civilização, por isso a trouxe pra cá. Eu também não gosto de lá, mas vez ou outra preciso comprar arroz e alguns enlatados para incrementar a janta e aproveito para roubar alguma leitura. Hoje não saio da minha cadeira na varanda. Nada, mas nada mesmo, me deixa mais feliz que vê-la cuidando do jardim, com sua franja tampando o rosto, atenta às mudanças do tempo e aos trovões.

estojo

Na Próxima sexta, estréia aqui “O Motoqueiro Fantasma”. Dizem que o filme é uma porcaria, mas ele segue em primeiro lugar nas bilheterias dos EUA há 2 semanas - não que isso signifique mérito algum. Eu vou assistir. Eu gosto do Motoqueiro desde moleque, quando era ilustrado pelos traços sujos de Tex.

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Se liga neste disco aqui: Jonny Greenwood Is the Controller.
Quero abaxá, agora.

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Hoje tenho uma entrevista com Marcelo Campos. Acho que vou voltar a estudar.

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E o blog do fotógrafo da FSP e morador da Roosevelt Tuca Vieira é um dos mais fodas da net. Passa lá.

Friday, February 23, 2007

O problema de tocar na Torre é ir embora. Geralmente a coisa começa a pegar lá pelas 3, 4 da matina, quando a cabeça já está completamente desnorteada e cada gole de cerveja desce com gosto de mijo e nada mais funciona e mesmo assim você insiste e não toma a decisão de parar com essa patifaria de uma vez e cair fora. Só que ontem eu consegui, eu vazei cedo. Eram quase 5 horas da manhã.

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Aqui no escritório, numa sexta-feira pós-carnaval, onde até o trânsito lá embaixo na avenida está tranqüilo, o que complica e segurar as pálpebras e se concentrar em algo que faça esquecer o sono, o cansaço e a ressaca. Para desabar com o castelo de areia construído em alguns dias de uma vida mais saudável basta uma noitada sem freios. O problema é que tudo parece repetir, como numa roda ou num filme já visto no Corujão, o expresso da meia noite que vara a madrugada e estaciona torto de manhã. A vida é chata quando se está cansado e monótona quando se dorme cedo. A vida é chata de qualquer jeito, mas tolerável quando se dorme bem.
eu acho maior saco escrever sobre isso, mas foi foda: entraram aqui, através do google, procurando “pirulito em rave” e “jaqueta de couro do wolverine”.
mas nada se compara com "xavascudas raspadinhas". ô, delícia.
essa internet é maravilhosa que só mesmo, viu.

Thursday, February 22, 2007

Gostei que a Camisa Verde e Branca tenha subido novamente para a divisão de elite do carnaval paulistano, afinal, uma grande amiga minha faz parte da comunidade
Vai, Zezé!

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E eu fui, e eu fugi, buscando nada, embora a cidade fique perfeita nesse feriadão - quando a balbúrdia some daqui e desce a serra, passa no Cu batão e se espalha por todo metro quadrado de areia do litoral -, peguei o caminho contrário e fui pro campo, onde os peões usam chapéu de palha e as camponesas não se preocupam com a velhice, onde os cães enamoram as cadelas sob as sombras das ruas de terra e a molecada gasta a tarde gritando rindo, onde não fica lixo na curva do rio e os descolados estão sempre fora de moda.

Pude perceber, logo no café da manhã, a fácil irritação de quem se gabou e ficou.

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Sonho em cores brilhantes imagens que me atormentam durante o dia. Escondo as horas num copo trincado na borda em cima da pia da cozinha. Olho por debaixo da porta e vejo fogo queimando azulejos azuis florais. Penso nisso o dia inteiro. Vamos imaginar de novo. E gastar nossas economias entrando em combustão totalmente no próximo verão.

Friday, February 16, 2007

Se fuderam os dois palmeirenses que mataram a pauladas um torcedor do Corinthians de 16 anos, em 2004. Bem feito. 14 anos de cadeia é pouco para tal covardia e completa estupidez. Neguinho que mata por um time de futebol sofre de algum distúrbio que deve estar ligado a falta de sexo e do que fazer. Tem apodrecer na cadeia mermo.

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Um maluco aqui no trampo que falou que ama o carnaval, já que é a única época do ano que ele tem um pretexto pra ficar aloprado na rua. Disse que vai vestido de Pavão pro sambódromo, “peladinho, empinadinho, com um espanador socado no rabo”.
Comprei uma pacoteira de DVDs piratas, muitos deles até já assisti mas pretendo rever durante as folias do carnaval trancado em algum lugar bem longe da balbúrdia.

- Estrela Solitária – Wim Wenders
- Betty Blue
- Encurralado – Steven Spielberg
- Assassinos por Natureza – Oliver Stone
- O Grande Lebowsky

Entre outros.

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Nine Inch Nails – “My Violent Heart”
do disco novo.

The Beatles – "Oh! Darling"
Essa me faz mal que nem creolina.

Klaxons – "Atlantis to Interzone"
Tô começando a me divertir com essa banda.

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E Al Gore vai promover um daqueles concertos demagogos, tipo Live 8, onde bandas tocam em pró de alguma chance, um futuro melhor, coisas que um bando de trouxas acreditam que pode mudar o planeta e salvar as pessoas, só que no fundo, tudo não passa de auto-promoção, marketing político. Live Earth - Save Out Selves, o festival-campanha, deve acontecer no dia 7 de Julho, em sete cidades do Mundo, com 24 horas de música ao vivo. E o Brasil está nos planos.

Thursday, February 15, 2007

Em maio, será lançado um álbum duplo do Elliott Smith. “New Moon” vem com uma penca de músicas inéditas de gravações raras, como as fudidaças “New Monkey” e “Georgia Georgia”. Algumas delas podem ser encontradas na internet quando bem vasculhada, mas, seguramente, as do álbum estarão em melhor qualidade.

Wednesday, February 14, 2007

O eixo Serra/Kassab continua com sua política do “fora, vagabundo” e promete despejar as 468 famílias que invadiram o edifício Prestes Maia em 2002. Os cerca de 2 mil sem-teto que lá habitam deram um trato no prédio que estava desabitado há cerca de 10 anos, arrancaram 200 caminhões de entulho, criaram uma biblioteca com cerca de 15 mil títulos, expulsaram os traficantes e criaram um programa de coleta para reciclagem . O proprietário, um tal de Jorge Hamuche, quer o imóvel de volta, entretanto, ele sequer possui a escritura e jamais pagou IPTU - uma dívida de cerca de R$5 milhões. Assim, a irresponsável Prefeitura de São Paulo, quer devolver na base da porrada o edifício para o sonegador de impostos.
Sábado reestréia “Kerouac” no Satyrus I. Em apenas 6 apresentações, aos sábados e domingos.
Depois disso, vem ai a IV Mostra Cemitério dos Automóveis. O grupo completa 25 anos de estradas esburacadas. Começa no dia 6 de Março lá no Centro Cultural São Paulo. Mais informações lá no blog do Marião.



How sexy am I now?

Ontem assisti “Coração Selvagem” pela segunda vez. A primeira foi em 1998, quando tinha acabado de mudar pra São Paulo e ainda morava com meus pais, daí toda noite alugava um filme, comprava 6 latas de cerveja e um pacote de amendoim e assistia com o volume baixo no sofá da sala. Nesse curto período, assisti tudo de Coppola, Gus Van Sant, Scorcese, De Palma, Oliver Stone, Cronenberg, Jarmusch, Lynch, entre outros. “Coração Selvagem” foi um dos filmes que mais me marcaram naquela época, já que têm todos elementos que gosto: é um rodie movie de estilo, com cuidado absoluto na composição das cenas e atuações que beiram o hilário sem perder a classe, e, até porque, é interessante compará-lo com outros dois títulos – “Terra de Ninguém” e “Assassinos por Natureza” – que seguem a mesma temática: um casal extremamente apaixonado com pais féladaputas, polícia no encalço, berros, sangue coagulando no deserto americano, Bonnie & Clyde, carros antigos e cheiro de gasolina.
Acredito que “Terra de Ninguém” foi a grande influência para os outros dois títulos, já que esse filme, de 1973, do cultuado diretor Terrence Malick, estrelado por Martin Sheen e Sissy Spacek (a Carrie, a Estranha), do mesmo modo, conta a história de um casal numa tediosa cidade americana que fica com sangue nozóios depois de tanta lenga-lenga. Como o pai da mutchatcha não aprova o romance, Kit (Sheen) descarrega uma pistola no arrombado, taca fogo na casa e foge com a guria pelas belas estradas empoeiradas dos EUA com a polícia na cola. O roteiro é baseado numa história real de assassinato que aconteceu em 1958 ali nos arredores. Sem moralismo ou julgamentos de merda, você acaba ficando do lado dos bandidinhos.
“Assassinos por Natureza”, que já pode ser considerado um clássico cult, na minha humilde opinião, hoje em dia me parece datado. Com visual de vídeo clipe do Guns n´Roses, Oliver Stone cria uma história com as mesmas características do filme de Malick, o que muda é o visual da época em que foi filmado, 1994, o ano mais estranho daquela década. Enquadramentos peculiares em diagonal, PB, animações, uma trilha sonora chapada e grandes atores junkies, como Woody Harrelson, Juliette Lewis e Robert Downey Jr., estão na história de Mickey e Malory Knox – dois canalhas apaixonados assassinos que fogem pelas estradas americanas e acabam famosos pelas traquinagens que aprontam pelo caminho. O problema é a velocidade do filme, que em certas horas parece uma viagem de ácido anfetaminado com a overdose de imagens que acertam a vista, no entanto, Juliette Lewis é uma xavasquinha e tanto, com aquela boquinha sacana e a bunda seca balançando na tela.
Já a película que citei no primeiro parágrafo é a minha favorita. É a mais completa por tratar o tema com mais apuro, classe e uma dose cavalar de cinismo e diversão. Nicholas Cage e Laura Dern são os personagens principais dessa história com pinta de fábula, com uma bruxa velha, feia e má e bandidos arrepiantes e salivantes que correm atrás deles. Lynch abusa das referências, mas faz isso com a elegância duma putinha lambendo o sangue dos lábios depois de tomar uma muqueta do gigolo. Sailor (Nicholas Cage) é um clone de Elvis Presley sem vergonha que foge com Lula, sua garota porra-louca e berrona pelas estradas americanas. Todos os elementos usados no filme parecem ter sido bem estudados, desde a jaqueta de couro de pele de cobra de Sailor até os sapatinhos de bico fino da mãe da garota. As cenas em quartos de hotéis baratos e postos de gasolinas na beira da estrada também são de extremo bom gosto, carregadas de sentimentos e poesias de guardanapo. A cena no deserto em que Lula intrigada não encontra a porra duma música no rádio do carro é clássica: Sailor acorda no banco de trás, gira o tunning e coloca um heavy metal zuado para os dois mostrarem que kung fu também é dança.
Para terminar logo essa merda, são 3 filmes que funcionam para assistir com a mesa de centro cheio de restos de cigarro e cerveja e batata Pringles, enquanto sua pequena chapada com as unhas descascadas roça o pé sujo no seu.
Chega.

P.S.: Obrigado, Maldito Carazón. Confundi feio. Os dois são do Malick.

Monday, February 12, 2007

Depois de “Sin City” e o ainda inédito “300 de Esparta”, agora vão filmar “Ronin”, mais uma graphic novel de Frank Miller. Ronin é a história de um samurai japonês que ressuscita em Nova Iorque no Século XXI para impedir a reencarnação de um demônho que fudeu com ele em outra encarnação.
Este ano promete, além dos já citados, ainda vêm por ai “O Motoqueiro Fantasma” com Nicholas Cage pilotando, “Quarteto Fantástico e Surfista Prateado”, “Homem de Ferro” e, o mais aguardado, “O Homem-Aranha 3”, com Venon e o Homem-Areia de vilões.

***
- Tell me Why – Neil Young
- Arthritis Blues – Ramblin’ Jack Elliott
As coisas devem ficar claras. E eu preciso ir até lá. Vou pegar um avião no feriado e caminhar pelas ruas desertas da cidade numa tarde de domingo, só para segurar e lembrar. Estamos mais perto do céu hoje. Nessa época a poeira cobre os prédios e as rosas secam. O chão cega e a boca corta. Acho que está tudo certo. As coisas devem ficar claras. Aqui é um lugar estranho onde as pessoas tomam chá em copos e marcam as páginas dos livros com folhas de mangueira. Onde o amor aperta e foge. Onde os moinhos não giram e as roupas no varal permanecem paradas. Onde o tempo é o vazio no final da tarde do domingo. Enquanto caminho, penso nas famílias em seus apartamentos, com pais em shorts de algodão e mães com cheiro adocicado na frente dos televisores. Numa folha em branco anoto seu rosto. Elvis canta Love Me na minha cabeça. Olho com esperança o horizonte. Atravesso gramados intermináveis do cerrado. Deixo meu passado para trás. Já nem sonho mais. Preste atenção, as coisas devem ficar claras. Estou sem saber para onde ir.

Friday, February 09, 2007

Hoje eu tô com cheiro de acidente esperando pra acontecer, e não é por causa do desodorante da minha mulher que eu passei. Rexona cheira a velhas. Quando fico sem dormir no trabalho choro até com a música sertaneja que toca no carro parado no semáforo. Gosto mesmo é de pedir desculpas pra mim. Faço cagada sempre, daí pra dar uma aliviada na mente, minto. Eu falo assim: chega mais, meu camarada, olha na minha cara, assim como seu pai, quando estrala, brilha no escuro. O dia amanhece para eu poder virar a cara pro sol.

Thursday, February 08, 2007

buraco

Agora vai.
Fluminense contrata volante húngaro de 18 anos.
Jesus, é muita falta de noção. O time gastou uma fortuna esse ano e não provou nada ainda. E eu adquiri a porra do pacote do Campeonato Carioca na Net. Douglas Ceconello, do blog Impedimento deu a letra sobre a situação do Tricolor.

“O mais inexplicável é como um time pretende alguma coisa com o Paulo César Gusmão sentado na casamata. Não satisfeito em desconhecer seu ofício, ainda é afeito a invenções e despautérios: escala Cícero, um dos melhores meias do último Brasileiro, como volante. Dá a faixa de capitão para Carlos Alberto, que comanda a equipe com a prudência e autoridade com que Edmundo dirige pelas ruas.”

Wake Up Alone

Amy Winehouse

It's okay in the day I'm staying busy
Tied up in love so I don’t have to wonder where is he
Got so sick of crying
So just lately
When I catch myself I do a 180
I stay up clean the house
At least I'm not drinking
Run around just so I don't have to think about thinking
That silent sense of content
That everyone gets
Just disappears soon as the sun sets

This face in my dreams sees in my guts
He floats me with dread
Soaked in soul
He swims in my eyes by the bed
Pour myself over him
Moon spilling in
And I wake up alone

If I was my heart
I'd rather be restless
The second I stop the sleep catches up and I'm breathless
This ache in my chest
As my day is done now
The dark covers me and I cannot run now
My blood running cold
I stand before him
It's all I can do to assure him
When he comes to me
I drip for him tonight
Drowning in me we bathe under blue light

His face in my dreams sees in my guts
He floats me with dread
Soaked in soul
He swims in my eyes by the bed
Pour myself over him
Moon spilling in
And I wake up alone
Na minha infância e adolescência, o mundo das HQs girava em torno da Editora Abril. Lia muitas revistinhas de super-heróis, como Marvel, DC e a Espada Selvagem de Conan. Nunca fui muito fã dos quadrinhos semanais da Disney, mesmo assim comprava alguns na falta de novidades, até esses eram publicados pela Abril, e a numeração já beirava pelos 2000 (Pato Donald, Zé Carioca e Mickey), hoje nem imagino se zeraram ou não. Apenas a porcaria da Turma da Mônica era vendida pela Editora Globo, que eu nunca comprava. Gastava até os tickets refeição que ganhava vezenquando do meu pai, e sempre que tinha chance, furtava algumas moedas para inteirar num gibi na banca perto de casa. Os furtos em bancas de jornais também eram constantes e sempre tive problemas com isso, já que nunca estava satisfeito.
Eram quadrinhos com páginas de papel jornal, com cores primatas e formatinho janota, apenas a ESC era no formato Veja, com capas muito fodas pintadas pelos fudidões americanos como Noren, Jusko e Boris Valejo. Quadrinhos adultos eram raros, alguns álbuns do Manara e Crepax já existiam, entretanto apenas em livrarias e por preços exorbitantes. Minha grande sorte era o pai setentão de um amigo meu, que possuía uma pilha desses jóias amontoadas na garagem de sua casa. No final dos anos 80 - eu estava então com 11 anos e cheio de berebas -, começaram a surgir alguns títulos mais elaborados na praça, como a Animal, a Chiclete com Banana e Love & Rockets, eu preferia a primeira e comprei todos os números. Era de uma putaria desgramada, personagens drogados e violentos, como Ranxerox e Squeak, the Mouse, e muitos sexo sujo, fora os desenhistas que destruíam na pena.
Na copa da casa dos meus pais tinha uma estante podre, onde eu guardava as revistas no topo. Lá era meu sofá ou sotão, me deitava ali em cima, tomando Nescau e chupando balas Sete Belo, e passava as tardes lendo e rabiscando nos cadernos da escola. Nunca fiz dever de casa. Cheguei a ter mais de 700 quadrinhos amassados entre a estante e embaixo da minha cama. Como mudava muito de cidades, no percurso era obrigado a fazer uma triagem e eliminar aquilo que fosse pesar demais. Quando saí da casa dos meus pais, aos 18 anos, deixei tudo em algumas caixas de papelão. Numa faxina que ocorreu para transformar meu antigo quarto num depósito ou escritório, sem que eu soubesse, largaram as revistas encostada num poste na esquina para algum catador de papel cair matando.
Hoje em dia minha coleção é muito mais modesta. De revistas mensais coleciono apenas Conan, o Cimério (que está capenga segundo a Mithos) e algumas edições do Lobo Solitário. A Conrad melou a cueca com Vagabond, que era meu título preferido, mas prometeu voltar em Março (se não me engano ou fui enganado) com livros que comprimem 3 edições. Os títulos da Marvel agora são divididos por duas editoras menores e mais competentes e atenciosas com os leitores.
Atualmente, tropeço por bancas e fico impressionado com a quantidade de títulos, graphic novels e álbuns e a variedade de capas para um mesmo personagem que posso encontrar. Pixel, Mithos, Devir, Conrad, Panini, a gama é tão diversa que fica difícil citar todas. A nona arte está em alta. Com as várias adaptações para o cinema e o aumento do número de quadrinistas e leitores, eu acredito que nunca se teve tantos quadrinhos acessíveis à vista, apesar dos preços salgados, já que gráfica nunca foi fácil. Claro que muitos são de qualidade duvidosa e o dito underground já não sangra como antigamente. Mesmo assim, é gratificante chegar numa banca e encontrar coisas que antigamente só seriam encontradas em lojas especializadas como Pratt, Crumb e Eisner.

Tuesday, February 06, 2007

A graphic novel francesa em que o Wolverine vem passar as férias no nordeste brasileiro chega este mês ás bancas nacionais.


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Paulo F., em sua nova coluna no Guia Teatral, dá as dicas do que (re)surge de bom em teatro em 2007.

Monday, February 05, 2007

Na sexta fui participar da gravação do vídeo da faixa “Um Trago com Deus”, da banda Cuelho de Alice, dirigido pelo Márião. Na verdade, quem teve participação especial foi o Opala, que desfilou pelo centrão seguido pelas câmeras em outro veículo. Depois ainda invadimos Gruta para uma pelada de sinuca. Juro, meu corpo ficou arriado no final.

escute a música aqui.

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Sob o sol escaldante, sonhei com o mar. Semana passada foi, sem dúvida, a mais paulêra do ano. A ressaca cobra muito caro, seca a paciência e emudece o riso. Hoje começo uma limpeza nas entranhas e na mente. Como diz Bruna Beber, não dá pra viver todo dia como se fosse véspera de carnaval.

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Ando um pouco aborrecido. Talvez o problema seja comigo. Você não gosta da cor dos meus olhos quando acordo de manhã sentindo seu cheiro no lençol. Noto a blusa que te dei jogada no canto do quarto sob uma faixa de sol, que entra pela janela e me avisa que estou atrasado para mais um dia no cimento da rotina.