Monday, February 12, 2007

As coisas devem ficar claras. E eu preciso ir até lá. Vou pegar um avião no feriado e caminhar pelas ruas desertas da cidade numa tarde de domingo, só para segurar e lembrar. Estamos mais perto do céu hoje. Nessa época a poeira cobre os prédios e as rosas secam. O chão cega e a boca corta. Acho que está tudo certo. As coisas devem ficar claras. Aqui é um lugar estranho onde as pessoas tomam chá em copos e marcam as páginas dos livros com folhas de mangueira. Onde o amor aperta e foge. Onde os moinhos não giram e as roupas no varal permanecem paradas. Onde o tempo é o vazio no final da tarde do domingo. Enquanto caminho, penso nas famílias em seus apartamentos, com pais em shorts de algodão e mães com cheiro adocicado na frente dos televisores. Numa folha em branco anoto seu rosto. Elvis canta Love Me na minha cabeça. Olho com esperança o horizonte. Atravesso gramados intermináveis do cerrado. Deixo meu passado para trás. Já nem sonho mais. Preste atenção, as coisas devem ficar claras. Estou sem saber para onde ir.

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