Wednesday, December 30, 2009

estou fora por enquanto.
sei que meu amigo já voltou pra casa e as coisas estão quase prontas.

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Vic Chesnutt morreu, numa overdose de relaxantes musculares, na noite de natal. uma grande perda.

Vic Chesnutt - "Flirted with all my life"

mais.

Monday, December 14, 2009

espero meu amigo se recuperar
sentado.

"Spanish Moss" - Smog

"On the Beach"(Neil Young) - Radiohead

Wednesday, December 09, 2009

hoje & amanhã


Friday, December 04, 2009



Hoje terminei de ler “Leões de Bagdá”, uma HQ lançada aqui em 2008, de Brian Vaughan e Niko Henrichon, baseada numa história real que aconteceu após um bombardeio americano que atingiu um zoológico iraquiano, libertando quatro leões famintos pelas ruas devastadas da lendária cidade do Sudeste Asiático. Li hoje cedo essa novela infanto-juvenil - algo como uma clássica história da Disney sem aquela fofurice mela-cueca e esperançosa -, onde os animais se comunicam entre si e travam questões, de forma ingênua, sobre a liberdade e o aprisionamento aconchegante do zoo, e encaram as roubadas da nova realidade. Fiquei um tanto comovido com o final. Talvez por não esperar aquele desfecho para a história cruel dos bichanos; talvez pela ingenuidade pura e tola de uma história em quadrinhos feita nos velhos moldes; quiçá por ela me lembrar também dessa minha antiga diversão, que é ler um quadrinho, uma revistinha com uma bela fábula triste.

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Este ano já deu a cota. Passei esta última semana quebrado. Carreguei minha carcaça de grilho, a capa do Batman, pelas ruas escaldantes e entupidas de São Paulo. Agora vou dar umas bandas por ai, respirar novos ares em ambientes fechados. Ficar bêbado demais para sonhar, agarrado nos braços da minha mulher como se o chão fosse desaparecer sob meus pés. Preciso dar uma volta descompromissado sem pressa com as mãos nos bolsos. Arremessar coquetéis Molotovs numa casa na árvore e rir longe de tudo. Talhar grunhidos em portas de banheiros públicos com meu canivete suíço falsiê. Ouvir country music honky tonk sob o vento causticante de alumínio dos trópicos em lugares improváveis. Fumar bastante e foder minha alma com bebidas fortes de origem suspeita escutando os ecos das ilusões. Olhar as luzes das casas do outro lado da colina brilhando na escuridão. Não tenho planos ou vontades para o novo ano, nunca penso em períodos, tudo será sempre súbito e brusco na minha vida. Por enquanto, quero apenas sair para dar uma volta.

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aqui meus álbuns preferidos de 2009:
- Fiery Furnances – "I`m Going Away"
- Grizzly Bear – "Veckatimest"
- Girls – "Album"

Aqui uma paulada para animar suas noites quentes e festivas de final de ano:
"Brand New Cadillac” – Vince Taylor

E outra pra dar um passeio de carro às 5 horas da matina em bairros afastados pensando que a noite irá compensar a ressaca.

"Life Turned Her That Way" - James Carr
puta que o pariu. essa música dichava.


Yippee Ki Yay Santa

Monday, November 30, 2009

hoje discoteco no D-Edge. a partir da 0h.
tenho alguns acessos vip. me avise, quem quiser ir.

Sunday, November 29, 2009

"Don`t Believe in Christmas" - The Sonics

Friday, November 27, 2009

Quaisquer que sejam meus pontos de partida, novas tentativas, serão todas pequenas viagens da escuridão à luz do dia. Na rua Augusta, na praça Roosevelt, na estrada ou em casa. Onde quer que eu me sente, tudo será lembrança. Um rio cheio de destroços que escorre dentro de mim. Um rio cheio de esperanças estranguladas, sonhos dormentes e aspirações sem rumo e tangíveis como fezes vivas e fétidas boiando sob o céu púrpuro e assombroso da metrópole elevada. Vivo no subterrâneo. Escuro, sombrio e apaixonado pelo desconhecido óbvio e aterrorizante. Existo apenas quando tudo desmorona e vira pó. Sou feito de sombras musculosas.

Monday, November 23, 2009

Sunday, November 22, 2009

A real mesmo é que sou uma pessoa ausente. Não sou unido à porra nenhuma. Vivo nos escombros incendiados de uma ilha baldia. Tenso. Decididamente inclinado para a autodestruição devoradora. Finjo escapar das ruínas do isolamento quando fujo para os sussurros dos subterrâneos do baixo centro Augusta da cidade de São Paulo. Quando seguro o riso de canto e me apoio em muros descascados. Ou quando me engancho nos braços desdenhosos de alguma mulher cheia de dentes. Eu me iludo e finjo, me arrependo e fujo, depois, do rebanho mórbido. Da vida pegajosa e amorfa da coletividade fingida. Da lealdade porcaria. Da maldita máquina de pastéis que gera o fluxo da vida e seus objetivos elevados. Tento refletir, como teria sido se eu não fosse assim, tão cínico. Agora é tarde demais para descobrir. Na janela que dá de frente para um muro de concreto, com o olhar retraído de alabastro, vejo o entardecer, e me lembro de como me sentia naquela noite suportada, quando sorvi tudo de belo e fabuloso. Me perguntava até quando estrelas negras iriam se esconder sob a escuridão nebulosa. A grande Lua solitária e erodida lá em cima. Os pombos arrulhando nos fios de alta tensão. Quando estou sem nenhum sinal de reconhecimento, despedaçado e segurando o riso, sinto uma auto-suficiência que me assusta.

Friday, November 20, 2009

hoje

há muito tempo atrás, essa música arruinou minha vida.

"We Almost Lost Detroit" - Gil Scott-Heron & Brian Jackson

Tuesday, November 17, 2009

hoje, né



vou sair com meu taco de baisebol.
por isso, não mexa comigo. não me faça nervoso.
algumas pessoas passam a vida inteira sem entrar numa briga. estou me sentindo assim hoje.
com vontade de tacar fogo em você e apagar com pauladas, com meu taco de baisebol.
apareça aqui na porta de casa. e eu vou te receber com minha arma apontada pra tua fuça.
meus grandes inimigos.
agradeço que vocês ainda existam.
por enquanto.
vou fazer tuas mulheres viúvas e teus filhos orfãos viciados em crack perambulando pelas quebradas da Paim. eles ainda vão me pedir moedas.
sempre que acordo, faço uma roleta russa encarando o espelho trincado.
ensaio um adeus.
no entanto, o satanás ainda me quer aqui.
com meu v8 apavorando civis.
meu taco de baisebol no banco de trás.
xavascas pingando e narizes escorrendo o sumo da verdade.
o sangue quente e a fúria sem controle. algo que explode e estilhaça dentro do meu peito.
por opção.
fique longe de mim.
ou serei obrigado a subir teu gás.
outra vez.

Friday, November 13, 2009

minha obscura vida de artista direitista arrogante

amanhã viajo com o pessoal do "Curta-Passagem" para apresentar a peça em Pirajú, a 335km de Sampa. estradão desde cedo, não sei se vamos pela Raposo ou pela Castelo, mas tenho certeza de que o sol vai assar os miolos e muita cerveja será necessária pra não morrer sufocado no banco da van, ou serei obrigado a cuspir em mim mesmo. a peça acontece no Teatro Cinemax, na rua Washington Osório de Oliveira, 660, às 20hs30.
*
na segunda, dia 16 de dezembro, rola mais uma edição do Rive Gauche no espaço b_arco, com leitura da peça francesa "Escola de Viúvas"; no elenco tem a Maria Manoella, a Tati Tomé, Majeca Angelucci e o Zé Trassi. eu vou desenhar - com mais uma pá de gente - o que der na telha durante o ato. a partir das 20hs30. endereço no link.
*
e na terça, na Livraria da Esquina, discoteco safadezas hereges acompanhado das bandas Fábrica de Animais e La Carne. paulera pura. a partir das 22hs. veja o endereço no link.

e venha comigo.
você tem um cigarro aí?
vamos juntos explorar das massas.
sem dormir direito, claro.

Thursday, November 12, 2009

O ar que me falha surge quando corto estradas sobre planícies resplandecentes que variam a direção de acordo com árvores e imensas rochas no caminho. Sei que pode parecer loucura. Estou intoxicado pela metrópole peçonhenta. Eu nunca me digo a verdade. O ar me falta e invento, por isso, escapo e perco a cabeça. Algo se acomete sobre mim. Meu regular nunca é suficiente. Sei que não adianta. Talvez eu deva explodir como uma garrafa arremessada num muro. A sorte que suja e pinga vermelho. Quando atravesso planícies desoladas pelo vento, mantenho-me quieto e absorto. Invento. E tudo é bem mais fácil que morrer para mim. Paro num posto de abastecimento em Passo Alto. Perco a cabeça e o céu despenca. Com punhos cheios de poeira, observo a paisagem. O sopro que deita as lavouras no horizonte. O sol pune tudo ao redor. Nuvens detonam no céu. Pela última vez. Eu trouxe minha ansiedade para uma planície desolada, agora deixo que os lobos me julguem. Lá de longe. Uivo para que me encontrem

e

me

dest

ri

nch

em.

















sob quentes tardes cinzentas,
minto
para quem não me conhece

Friday, November 06, 2009

"Caravan" - Johnny & Santo

para Chris Couto.

Monday, October 26, 2009

HOJE

Sunday, October 25, 2009

Monday, October 19, 2009

terça e quarta

Friday, October 16, 2009

Hoje, 0h

[mail1.jpg]

"Return to Sender" - Elvis Presley

Wednesday, October 14, 2009

What's a liger?



este filme é genial.

uma vida imaginada

arquivada numa caixa

de sapatos de papelão

escondida na parte de cima de um armário

embutido

nunca se sabe

descompensado

de madeira

amarelada

coisas de lugares menores

de manhãs

imaginadas


num carro vazio

longe pra caralho

parado

no meio de um viaduto

interditado

a porta do motorista aberta

o som ligado

numa rádio country


num velho automóvel

à gasolina

num estacionamento

mal iluminado

um senhor pálido

olhando a cidade

através

do pára-brisa

do reflexo embaçado

respirado

vidrado

que assiste

retrovisado

escurecido

sob o céu claro

de nuvens cinzas

carregadas

que dançam

e explodem

em silêncio

para pedir


baby, não vá.

Wednesday, October 07, 2009

penas pretas

Eu queria ser um pássaro. Isso não é à toa. Nunca quis ser cavalo. Eu queria ser um pássaro mesmo, e voar em círculos. Ou não. É difícil explicar, mas eu queria ser um pássaro para regressar todas as noites ao meu sagrado lar. Daqueles que planam sem esforço. Bem longe daqui. Lá em cima. E queria construir um ninho, numa árvore bem alta, escondido pelas folhas. Nunca cogitaria a possibilidade de voar para o Norte no inverno. Às vezes, eu queria ser um nômade ou um desses ciganos ai que vi em algum lugar. Vagar lentamente pelas planícies e pradarias resplandecentes do Centro-Oeste, acompanhado por um deus que nem sei se acredito. Queria abrir clareiras em terras alheias sem nunca ser percebido. E jamais pedir ajuda. Acho que seria assim. Talvez. Perderia a fé nas palavras. E nas coisas fáceis. Talvez se eu fosse um rio, e escorresse direto pro oceano.

Monday, October 05, 2009

hoje

Friday, October 02, 2009

A vida é um livro aberto com as últimas páginas arrancadas

"Lembrete: 17 de seus amigos convidaram você para participar do Facebook”

Sempre achei interessante a idéia de inventar uma identidade, mas não, por favor, amigos, por favor, parem de me convidar para ingressar a porra desse Facebook. Vejam bem, sou um ser peludo e nojento, azedo, grosseirão e débil, não tenho nada de interessante para mostrá-los, nem mesmo meus testículos inchados ou minhas espinhas pustulentas no cotovelo. Lembre-se, minha gente guerreira, eu não existo. Sou um completo embuste, entretanto, faço um certo esforcinho para parecer sincero, e, olha só, tenho 5 amigos apenas.

Tuesday, September 29, 2009

Lúcifer não é de falar muito, quase não abre a boca, entretanto, todos são decentes na escuridão, ele me contou certa noite ao redor de uma fogueira que acendemos sobre o Elevado Costa e Silva. Morrer pela segunda vez apenas torna a primeira mais brilhante. Tudo não passa de uma grande arenga, pensei. Eu estou sozinho e espero que ninguém me descubra. Vago por ai quando as ruas estão vazias. Caminho dentro da escuridão nos parques da cidade. Aconchego-me nas sombras inócuas no concreto gasto dos pavimentos. Não cruzo meu caminho com ninguém. Eu estive só por todos esses anos e sou grato a Lúcifer por isso. Não gosto de conversar. Não nasci para escutar. Não anseio pelos outros. A obscuridade me apetece e nela quero permanecer e fluir como um fétido córrego canalizado.

Decida



puta que pariu. vá tomar no cu.
quem postou isto?

satanás não usa bermuda



e tem mais.
eita ferro!

olhoqueu achei



juro. sem querer.
nessa fabulosa internet.

Tuesday, September 22, 2009

hoje rola Saco de Ratos, no Café Aurora, ali na 13 de Maio, onde mora a maldade.

**
















amanhã, quarta-feira, acontece a penúltima apresentação de "Curta-Passagem". 21hs, no Satyrus I. Praça Franklin Roosevelt, 124.

quem não viu, apareça.
depois a gente malha umas garrafas.

**
e o Scream & Yell aparece de layout novo.
ficou muito bom.

Thursday, September 17, 2009



Bill Hicks, o comediante sem meios-termos, segundo o reverendo Jesse Custer.

você não deve se lembrar da Julieta, han?

Tuesday, September 15, 2009

ele é um piloto

no sussurro da noite, quando você voltar, eu já terei ido. Vou rasgar todos os mapas e esquecer todos os planos. Vou apagar algumas velas coloridas no quintal num sopro silencioso. Vou me despedir do vigia noturno com um aceno. Sei que ele não vai entender. Mãe, eu vou atirar em mim mesmo. Para matar algo que já está morto há muito tempo. Sei que você nunca vai entender. Talvez seja toda essa terra em seus olhos. Sou meu próprio piloto. E preciso voar. Ainda assim, tenho certeza de que não quero entender. Não desista. Esse é o seu tempo.

Monday, September 14, 2009

"Say Darling" - The Troggs

"Stack O'Lee" - Champion Jack Dupree

&
Jim Carroll está morto.

desgoverno

A engenharia é dura. Querem disciplinar os pixadores. Enquanto Kassab & Serra tentam apagar a cidade de todas as formas, alguns moleques pestinhas negligentes e perigosos tentam revidar. Tá certo que muitos hoje em dia só ‘ataquem’ em galerias; outros façam arte em avenidas mais movimentadas com aval da Prefeitura, no entanto, que a pixação continue nas ruas, no topo dos prédios e no concreto dos viadutos. Lembrem-se: pixação não é grafitti. E viva o Tietê.

Bátima & Roben: preocupadões conosco

fim da noite

Estou deveras triste com a situação do meu time no Brasileiro 2009. Deveras numas. A cada jogo que assisto, fico mais descrente. Tá mal. O time é muito merda. A cara dos jogadores é de merda. Já nem consigo mais ficar furioso ou algo do tipo. Até tento. Mas noto que aqueles paspalhos uniformizados estão cagando e andando ali no gramado, que nem vaca magra em terreno baldio. Assim, fico na frente da TV, pensando na vida e, vezenquando, acho, que se pudesse, passaria o resta dela tomando drogas pesadas na veia, ouvindo música caribenha e fazendo nada mesmo.

Thursday, September 10, 2009



quando Bob Dylan fez a cabeça dos Beatles.

* aqui um video de Dylan, com a cara pintada de branco, sinistro, mandando sozinho "Tangled Up In Blues". foda.

Wednesday, September 02, 2009

amanhã

doenças, vícios e outras nhacas

The Rising Storm é um dos melhores sítios que já encontrei para a prática abjeta de baixar canções obscuras de qualidade hipotética. O cara é um grande conhecedor de músicas que podem te levar a pensar em dar cabo na vida. Isso aqui, por exemplo, transforma sua cabeça num travesseiro. Agora, o post dele sobre punk-blues é só paulada, escuta isso ai embaixo e imagine mulheres de bikinis asa delta, empunhando metralhadoras em possantes carros v8, cuspindo bala em velhinhas com pesadas sacolas de supermercado.

"Gun Club” – For the Love of Ivy

antes de dormir

Gláucia era uma criança grande que não gostava de ser amolada. Nem de trabalhar. Gláucia não era chegada em banhos. Nem um pouco. Nem em meias. O tipo de garota negligente que sempre arrebentava a pulseira do relógio. E enquanto andava por ai com sua bocarra aberta para o pavimento irregular, Gláucia sentia como se pudesse engolir o mundo, de uma só vez, apenas para depois defecar uma massa cinzenta na mesma calçada cheia de gente. Positivamente negativa, por opção, claro. Nesta cidade. Gláucia era assim, tinha uma visão bem aguçada e não se deixava levar pelo papo furado. Alguns diziam que ela era louca. Não creio. Nem duvido que me apaixonei por ela. Quando ficava nervosa, Gláucia quebrava coisas e se sentia bem melhor em seguida, dançando com a noite escura e silenciosa uma música que tocava alto em seu jukebox mental. Sem remorsos. Eu ainda penso muito em Gláucia antes de dormir, só que um dos meus irmãos bem que me alertou, “Gláucia se casou com ela mesma, não pense mais nisso, volte ao trabalho”. Soube esses dias que Gláucia foi vista semanas atrás comprando mantimentos enlatados no armazém do seu Pedro. Dizem que ela desapareceu pela interestadual que desce para o Sul. Já não mantinha mais contato com ninguém e sempre fugia quando me via na rua, ou você. Não acredito que Gláucia esteja morta. Gláucia é uma criança grande e aborrecida de olhos vermelhos. Não há nada de errado com isso. Tá tudo certo. Como deixar a porta de casa aberta a noite inteira. Razoável. Para que as lembranças escafedam-se.

Thursday, August 20, 2009

faz tempo que não vejo
a chuva castigar
tanto assim a cidade
como se alguém
muito aborrecido
lá em cima
arremessasse mudanças

mais uma vez

há muito tempo

seguro a respiração


dentro de mim

não faz a menor diferença,

apesar da chuva,

que sempre cai

das velas que se apagam o tempo todo

das janelas que batem

e das árvores semeadas

em calçadas descascadas

que balançam no escuro

sob as luzes elétricas dos postes


sombras dançam

colhidas

talvez eu finja fugir

mais uma vez.

quem sabe,

o sol raie,

como um espírito

dentro de mim

que chantageia

e trava

minha temporada

Tuesday, August 18, 2009



Usain Bolt, crioulo doido do caralho.
ele tá certo,
é preciso tirar onda.

Sunday, August 02, 2009



nesta segunda, discoteco uns rock punk podre no D-Edge. abro a pista por volta das 23hs e vou até umas 2 da madrugada. faz tempo que não faço isso. acho que ainda pode ser divertido. se você quiser aparecer e quiser nome na lista de descontos, me escreva no carloscaraharrobagmail.com.

Friday, July 24, 2009

quieto

estou cansado dessa cloaca aqui. ando sem vontade, sinto-me velho e chateado. quem sabe eu precise de um soco bem dado na fuça para acordar. moscas zumbem ao redor da minha cabeça, talvez seja por causa do fedor que meu podre coração exala. ontem choveu a noite toda. eu passei a madrugada sozinho enfrentando uma folha em branco e escutando Nick Cave, pensava no meu melhor amigo que está no hospital. antes as ruas me magnetizavam, hoje me enclausuro aqui. olha só, eu ando cansado de você. e de você também, pimpão. já não me tolero mais. e sabe, eu não tenho a menor opinião sobre tudo isso. acho que vou dar uma volta. goodbye Joe, me gotta go.

"Don’t Deceive Me" - Screamin’ Jay Hawkins

escute ai, ou foda-se.

Sunday, July 12, 2009


hoje é aniversário do Linguinha. Linguinha da Silva. Preste atenção neste sobrenome, você ainda vai ouvir sua risada. O cara, também conhecido como o Bumbum Guloso de Veludo da Praça Rusivel, é um grande filho da puta. Sacana. Mau caráter, piranhudo, matusquela e o caralho. Gente fina até o limite, isso é, se ele te conhecer. Poeta punheteiro, leitor da Piauí, vagabundo nato. Quando o conheci, quase malhei uma bola de sinuca em sua testa, na maldade, lá no Juke Joint. Ele tentou me arranhar. Safado sem esportiva. Hoje, garanto, que esse arrombado enfrentaria um exército ao meu lado. Um verdadeiro amigo. Truta mesmo esse curitibano, bandefroxo. E isso é mais que o suficiente. Logo mais vai rolar uma festa pro Língua. No Coletivo Galeria, ali na rua dos Pinheiros, 493. O Saco Ratos vai estar lá. E eu vou chegar de vuadora.

Friday, July 03, 2009

HOJE



Efeito Urtigão
Texto e direção : Mário Bortolotto
Com Mário Bortolotto e Paulo de Tharso
Satyros 2 - Praça Roosevelt, 134
Todas as sextas do Mês de julho - Até dia 31/07
Ingressos : R$ 20

e amanhã, sábado, a reestreia.

Curta-Passagem
Texto e Direção : Mário Bortolotto
Com Francisco Eldo Mendes, Guta Ruiz, Carlos Carah, Daniela Dezan e Carla Trombini
Satyros 2 - Praça Roosevelt, 134
Todos os sábados do Mês de Julho
Ingressos : R$ 20

Deliberate Wreckage




minha amiga Bia está produzindo um puta festão em Berlin.
bem que eu queria estar lá, mas participarei daqui mesmo.

valeu, Bia.

Monday, June 29, 2009


"já andei muito por esta estrada, mas hoje ela não me levará para casa"

Igor perdeu no par ou ímpar


Depois daquele atropelamento, todo mundo passou a mão em sua cabeça e o abraçou. Pareciam se preocupar com o garoto. Ele ficou imóvel, com seu pulôver listrado ridículo de gente mais velha e sua calça bege, agora com um novo furo no joelho esquerdo. Um fio de sangue escorria da sua testa. Outro brotava de dentro da blusa, bem no cotovelo, onde sempre se rala nos estabacos, ainda bem que ninguém percebeu. Ele olhava alguns pombos nos fios de alta tensão, alheio a tudo aquilo ao seu redor. Nada acontecera. Apenas o susto do impacto. Agora ele ouvia vozes desafinadas de pessoas que pensavam que ele fosse um bebê-chorão. Vozes de pessoas petulantes que encostavam suas mãos sebentas em seu rosto dizendo que não foi nada não. E não havia sido nada mesmo. Nada. Mesmo. Embora, ali, na calçada em frente à casa da Dona Tânia, surgisse, como se ligassem uma chave, alguma coisa o avisando para ficar longe daquela gente. Longe das pessoas que fingem. Assim, pegou sua BMX e desceu rumo ao gramado, onde estava indo antes daquele palhaço virar sem olhar para os lados. Onde deveria estar, à caça de grilos. Malditos grilos.

Low - "Peanut Butter Toast and American Bandstand"

Sunday, June 28, 2009

o chicote estrala

Friday, June 26, 2009

Me deitei no acostamento. Precisava descansar. Eu tentei. Dormir de olhos estalados. Ela me disse, ontem, que era tarde demais para continuar. E ficou. Talvez eu devesse me preocupar com esses anseios. Era tarde demais. Então, desisti. É. Caminhei sem olhar para trás. E a noite escureceu. Timóteo surgiu das sombras com a garrafa térmica e uma caixa de fósforos. Ele me disse que estávamos bem próximas da divisa. Acendemos uma fogueira e ficamos olhando as estrelas. O dia havia terminado. Uma Kombi passou de faróis apagados. Apenas eu percebi. E a noite escureceu pra valer mesmo. Timóteo dormia encolhido abraçado a mochila. Passei a noite alerta. Uma vela na rodovia. Talvez esperasse. Tão sozinho. Encolhido na escuridão. Me perguntava onde ficaria o norte. Meus olhos pesavam. Eu não dormi. Ainda. De olhos fechados no escuro. Ainda. Preciso descansar. Tarde demais. Para entender o que está acontecendo comigo.

Wednesday, June 24, 2009

troubled times

sabe, a melhor coisa é ignorar.
li isso em algum lugar
livro didático infanto-juvenil gratuito direitista cristão.
coisa de seguidores da comunhão.
para àqueles que tentam ser alguém
me baseio em nunca acreditar no que os outros pensam que sou.
prefiro uma facada a um elogio.
e ficaria satisfeito se tomasse um tiro.
sem esperar ou procurar.
E descobrir, afinal, que sou ninguém.
como você.
deus, às vezes é preciso um tempo enorme para desaparecer.
faz frio.
e as ruas continuam cheias de olhos de peixe.
isso não me significa porra nenhuma.
pelo menos
para ninguém
nenhum
nem
dormi tarde e não escovei os dentes.
você me diz que está ocupada.
uma tempestade entope a cidade.
talvez.
seja verdade.
alguém me contou
ou li
que uivar é coisa de louco
que sente dor
apenas para cantar
au auuuuuu....

"The Things That I Used to Do" - James Brown

Sunday, June 21, 2009

Saturday, June 20, 2009

Hoje eu não volto pra casa. Há horas espero Iranildo. Estou cansado de lidar com a frigideira da ansiedade. Não consigo manter minhas mãos paradas. A noite está quente e venta um pouco. As moscas zumbem ao redor da lâmpada do poste sobre minha cabeça. Nenhum carro passa. Ninguém caminha a essa hora. A cidade fica bem mais atraente quando o azul da noite escurece e a Lua aparece para depois se esconder, lá longe. Todos esvaziam a cabeça em frente à televisão, ou dormem tesos ao lado de pessoas que não gostam. Ninguém parece se interessar por algo que não seja trabalho. Apenas pecadores perambulam e pescam oportunidades por ai. Cães latem para o caminhão de lixo na avenida e o semáforo daquela esquina pisca ininterruptamente no amarelo. A temperatura está ideal e minha carne gruda ainda mais nos ossos. O vento sacode o teto do posto de gasolina do outro lado da rua. A cidade opaca em preto e branco como a tela de uma câmera de segurança. Talvez Vanessa durma, ou lixe as unhas, mas isso não importa, é tarde, e, talvez, hoje eu não volte pra casa. Minha garota anda nervosa. Acho que não me tornei o que ela sonhava, nem a metade e meia disso ou daquilo. Logo, com sangue escorrendo perna abaixo, ela coloca toda culpa do mundo sobre mim, grita e arremessa objetos. Se arranha toda. Puxa, como gosto dessa belezinha. No entanto, sou um homem que não aprende. Sei apenas que as coisas não andam bem pro nosso lado. Tenho quase certeza até. E lamento, com as palmas das mãos no rosto. A rotina descascou nossa história. Afundamos na sorte. Assim, hoje eu não volto pra casa. Hoje só amanhã. Sinto uma forte azia me corroendo por dentro, como um caldo de câmbio, e estou cansado de esperar Iranildo. Cretino. Esperar cansa. Um louco numa trincheira. Qualquer coisa me cansa, até as coisas que gosto me cansam, se eu tiver que esperar por elas. Até você, minha sereia de privada, que penteia suas madeixas e balança o pé, que espera pacientemente seu pescador para em seguida o mandar ficar quieto em seu coral. Você me esgota. Seco. O vinho acabou. Já não espero mais. Levanto e desço sozinho a Consolação para ver o que encontro nas beiradas do centro e na zona de prostituição da cidade.

Wednesday, June 17, 2009

o Pinduca deu a letra:

"Saiu resenha sobre A Musa Chapada no jornal O Estado do Maranhão"

POESIA CHAPADA EM LIVRO

Em A musa chapada, poemas de Ademir Assunção e Antonio Vicente Seraphim Pietroforte ilustrados por Carlos Carah apresentam novas possibilidades para a relação poesia e drogas.

POR ZEMA RIBEIRO*
ESPECIAL PARA O ALTERNATIVO



[A musa chapada. Capa. Reprodução]

Não é novidade a relação entre literatura – ou mais especificamente poesia – e drogas. Não é fácil também criar algo novo nessa relação que não cheire – opa! – a apologia barata, as lições de moral da auto-ajuda ou umbiguismo autobiográfico (para o bem ou para o mal e, às vezes, também com lições de moral baratas).

Em A musa chapada [Demônio Negro, 2008, R$ 20,00 em http://www.sebodobac.com], o encontro dos poetas Ademir Assunção e Antonio Vicente Seraphim Pietroforte e do desenhista Carlos Carah, expande – ops! – o entendimento que se tem sobre o que é “droga” – se à menção do termo você só pensa em maconha, cocaína, crack, merla, heroína, haxixe e similares, que tal acrescentar a TV e alguns de seus programas no drugs hall of fame (principalmente a fé vendida na tela)?: “no canto da sala a TV ligada/ o pastor gritava/ (...)/ o poeta pirava/ “meu deus como pode/ tanta merda enlatada?/ que gente mais troncha/ que vida fodida/ (...)/ o real é a ilusão virtual dos que batem a cara contra o muro””, rima Ademir Assunção em A volta do anjo torto, poema com referências explícitas a Torquato Neto e Raul Seixas, dois malucos geniais.

Dedicado “à memória de Sérgio Sampaio”, e trazendo Itamar Assumpção como epígrafe, o trio dA musa chapada está bem acompanhado. Seja pelos beats, referência obrigatória em se tratando do assunto – e influência confessa dos poetas e do desenhista –, seja pelas personagens que povoam o livro: Lili Maconha, Mister Morfina, a Senhora dos Sonhos, O anjo do ácido elétrico (título de poema de Ademir Assunção), Santa Maria Joana (idem), Johnny Walker e João Bafo de Onça, entre outros, além da música de Miles Davis.

O recado de Antonio Pietroforte é direto em Poligonia do soneto III: “quem diz que a droga mata anda errado/ tampouco, acerta aquele que comenta/ “usuário dá dinheiro a traficante,/ promove, com seu vício, a violência”/ prefiro dar dinheiro pra bandido/ que vende, honestamente, seu produto/ se pago imposto, não recebo nada/ sustento deputado vagabundo/ violenta é a fala da polícia/ que fuça, no meu bolso, feito rato,/ aumenta, com propina, seu salário;/ a erva que se fuma só acalma,/ trabalho mata mais do que cigarro,/ por isso que eu fumo pra caralho!”


[Um dos desenhos de Carlos Carah em A musa chapada. Reprodução]

Nem um nem outro – nem o desenhista – ligam para o que é (ou não) politicamente correto. Dão seus recados sem transformar sua obra num apático manifesto a favor ou contra nada – a legalização das drogas, por exemplo. O que os autores fazem é apresentar a realidade nua e crua – mesmo em poemas ficcionais –, a inegável realidade da São Paulo paisagem dA musa chapada – mas não pensem que é diferente em outros lugares do mundo, bem aí do seu lado deve ter uma boca de fumo, uma “filial” da cracolândia, lugares simplesmente feios e sujos para a maior parte dos olhares conservadores. A vantagem é que ninguém é obrigado a nada.

Entre o lirismo e a ironia, os poemas de Ademir Assunção e Vicente Pietroforte tão bem ilustrados pelas “lentes manuais” de Carlos Carah são verdadeiros clipes de uma sociedade onde puritanismo é (quase) sinônimo de hipocrisia e, num circo de vaidades, (quase) todos se preocupam somente em consumir (drogas, inclusive) e produzir (por obrigação), sem olhar para o lado (leia-se, para os problemas que as/nos rodeiam), obtendo um pseudoprazer que, infelizmente, por vezes as satisfaz. A musa chapada é um tapa seguro e sonoro nesse bom-mocismo, nesse conformismo. Vai encarar?

*ZEMA RIBEIRO escreve no blogue http://zemaribeiro.blogspot.com

[No Alternativo, O Estado do Maranhão, de ontem]

charuto?

na real, eu não vou com a tua cara.

Monday, June 15, 2009

quero ser seu amigo no facebook

terça estranha.

não sei se alguém já sabe, mas estou numa peça do Mário.
amanhã tem.



no mesmo dia e horário, rola a peça do Marcelo Paiva.



daí, depois, todo mundo vai pro show do Saco de Ratos.



é divertido
até a terça virar quarta de manhã.
divertido para caralho, aliás.

não sei, mas as quartas andam me detonando.

Sunday, June 07, 2009


me amarro quando encontro uma molecada fazendo um som de qualidade. é difícil encontrar novas bandas interessantes. The Rosewood Thieves é uma banda recente e anacrônica, daquelas anti fashion que se vestem mal e fazem poses erradas em fotografias. o que importa mesmo é a bagagem que carregam nas mochilas pegando carona em trens e metrôs das metrópoles urgentes, coisas como livros do Jack London e todos os albúns de Bob Dylan no iPod, folk podre caipira e soul music. o lixo que eles consomem é muito importante para você saber quem eles são. The Rosewood Thieves lançaram seu primeiro albúm no mês passado. porém, antes disso, esses nova-iorquinos lançaram 3 ótimos EPs, incluindo um com apenas covers de Solomon Burke, desgraçadamente foda. boas letras, melodias & arranjos sutis, pouca preocupação com pose e uma boa dose conhecimento e veneno musical e literário. não é preciso muito para se formar uma banda interessante.

The Rosewood Thieves - "When my plane lands"

The Rosewood Thieves - "Home in your Heart"

The Rosewood Thieves - "Los Angeles"

Monday, June 01, 2009

hoje



junto com o aniversário do Flávio Vajman.

Thursday, May 28, 2009

"Suggestion" - Fugazi

emo memo.
bom pa carai.

oferecimento Pretty Goes With Pretty.

Wednesday, May 27, 2009

(continuação da porcaria abaixo)

Compro outro maço num boteco em frente e penso um monte de coisas erradas, como meu dinheiro acabar em breve, antes da aurora. Minha testa arde. Tem um galo nela. Não foi nada. Tomei um baita susto. Os espectros da madrugada estão cada dia mais exigentes e agressivos, como os cães famintos do canil municipal. Iranildo parece fora de si, desferindo golpes no ar e pulando de um lado pro outro. Gordo maluco. A gente cola na casa do Varejão. Ele abre a porta com um baseado na boca. Sua aparência está péssima, parece que foi atropelado por um caminhão de lixo e suas tatuagens estão tão enrugadas que parecem que foram rasuradas com uma faca. Seu apartamento fede e as paredes estão descascadas e úmidas. Tem uma xavascuda seminua horrorosa chapada deitada no sofá, sua pança pende para fora de uma camiseta amarela do Sex Pistols, a boca aberta.

– E aiiiii, parceiro?! – ele praticamente berra, sempre fazendo pose de moleque malandrão. O problema é que já passou dos 60, a base de muita cachaça, droga e Yakult pela manhã.
– Aqui nada. Preciso de 20 conto de pó.
– Cumequié? Tá pensando que é papai?
– Falaí, Varejeira – Iranildo já vai entrando, sem a menor sutileza –, quem é essa ronquefuça aqui? Tá breaca hein!
– Porra, não! Você ainda anda com o Iranildo?
– Saí fora – eu digo lhe entregando uma nota amarela –, pega logo a bagaça que eu vou embora.
– Rapaz. Eu tô na moral aqui, fazendo um amor gostoso com minha cocotinha e você chega cheio de panca assim. Tá achando o quê, Soares? As ruas mudaram.
– Eu num acho nada, profeta, sequer procuro. E essa mulher ai tá morta. – coloco a mão espalmada na testa da infeliz – Tá até gelada. Falando nisso, tem uma cerveja ai?
– Ele se vira e vai até a cozinha. Iranildo começa a fuçar nas gavetas numa agilidade gatuna. Ele quer roubar. É um safado.
– Olha aqui – Varejão aparece sem perceber nada suspeito –, pega uma cerveja e toma sua droga.
– Opa! Assim que eu gosto, papai.
– Agora, senhores, vazem – ele sempre diz isso no final, entortando a cabeça e levantando os braços, como um rei decadente expulsando seus súditos de um castelo em ruínas.

Descemos pela escada de incêndio. Um puta fedor de bosta humana. Iranildo tenta me segurar pedindo um teco:

– Vai, Soares. Alivia, porra.
– Pérai, caralho – eu nego – maior fedor aqui.
– Porra, Soares – ele fala, ofegante –, tinha um berro lindão na gaveta do Vereja, deu maior vontade de pegar, ó.

A gente desce pra Gruta. Ficamos na sinuca-cerveja-pó-cigarro e papo-furado até perto do amanhecer. O jotalhão do Iranildo não cala a boca. Eu não entendo nada do que ele fala. Física quântica. Astrologia. Teatro. Rambo. Negros nazistas da Liberdade. Ladainha das mais incompreensíveis.

– Vamo encarar um inferninho – as primeiras palavras que solto em horas, parece – agora.
– Tua mulher vai ficar...
– Cala a boca.
– Porra, Soares, você nunca falou assim comigo – a bebida começa a afrouxar seus sentidos.
– Iranildo, cara, tu não calou a boca desde a hora que te encontrei.
– E daí, porra? Tava com saudade de fazer um rolê com a tua companhia, truta. Dá cá um abraço.
– Saí fora o caralho!

Vejo uma cambada de emos descendo a Augusta. Sinto nojo. Mas passa rápido.
– Que porra de roupa é essa? – pergunto, injuriado.
– Meu novo estilo, Soares – Iranildo diz isso e levanta o queixo, daí, devagar, cerra os olhos e arqueia as sobrancelhas –, que nem o John Belushi nos irmãos cara-de-pau, tá ligado?
– Lógico. Tá idêntico. O terninho. Chapéu, pá. Inclusive o jeito de andar.

Ele pára . Todo-todo. Sério como uma estátua de folga.

– Tá me tirando, doido?
– Não. Por quê?
– Que idéia torta é essa?
– Torto é o jeito que cê anda.
– Soares, se liga, truta. Lembra daquelas putas que a gente comeu no Treme-treme depois da quermese da Júnia?
– Sei... roubada do caralho. Foi guela.
– Foi mesmo. Peguei uma bicheira na cabeça da piroca. Fui pro hospital e os caras tiveram que arrancar minha fimose na faca, na marra. Chicletinho. Ou, o doutor disse, as verrugas não sumiriam nunca.
– Vixi! – tento me preocupar, sem rir – você devia tá de repouso, né não?
– O caralho! Tô estressado. Sequer posso socar uma. Ficar em casa é a última opção. Se liga, a máquina de lavar roupa da minha goma quebrou – ele dispara a falar, numa levada que me faz esquecer das merdas e me lembra de como é bom encontrar velhos amigos –, minha velha aparece histérica na hora do almoço, começa a reclamar, com um olhar de doida mal comida, que minhas cuecas estão cheias de freadas, que não iria mais lavar aquilo e que eu sou vagabundo preguiçoso e o caralho. Velha folgada, tru, virei bicho!
– é mesmo? Que que cê fez, gordo?
– Ah, meu coroa começou a gargalhar no sofá, me chamou de mela-cueca, cu-froxo e o caralho a quatro – nessa hora seu rosto fica vermelho, algumas veias surgem no pescoço. – Mandei logo ele foder a mãe. Nisso, só senti uma fisgada aqui do lado da orelha – ele abaixa, tira o chapéu e me mostra uma parte raspada da cabeça com um corte cheio de pontos. – O maldito me lascou uma saleirada, Soares.
– Opa! Ah se fodeu – eu preciso me apoiar num poste. – Seu coroa tem a mira sacana. Maldade. Marcou tua jaca, magro.
– Se liga, parceiro! Tá achando o quê?
– Nada. Só que cê tá todo fudido. Todo costurado.
– Maré... liga?
– Sei. Cuidado pro chapéu não atolar.

Caminhamos pela parte escura da Boca do Lixo, puxo o último cigarro e amasso o maço vazio, arremesso a porcaria numa lixeira de plástico entupida pregada num poste. Erro hein. Preciso de mais cigarros, penso. Algumas nuvens carregadas atrás dos prédios do centro. Acendo. Cortinas numa centrífuga. Iranildo não cala a boca. O coitado tá mesmo com os miolos frouxos. Ele não era de falar tanto assim, acho. Sinto-me perdido como um mongolóide pegando ônibus pela primeira vez. Nisso, na Rego Freitas, um cachorro de três patas passa correndo ao meu lado, late rouco pro nada. Caralho, irmão, o que será que vem por ai? Um maluco imundo com pinta de ladrão vem pelo lado contrário e me interpela:

– Dá um cigarro, sangue – ele chega e estende a mão.
– Não tenho - balanço a cabeça, negativamente, e dou de ombros.
– Então, aí, me dá um pega desse teu crivo – ele insiste, numas de me tomar, atravessar.
– Saí fora, mané, tu não tá em condição de exigir porra nenhuma aqui, certo? – falo com calma, tô na minha, no entanto, o filha da puta tenta me acertar uma muqueta que pega de raspão a minha testa. Iranildo, com toda sua habilidade de baleia fora d’água, empurra o desgraçado. Ele cai. Eu me levanto e, como sou covarde, pego uma vassoura velha de esfregar calçada que encontro numa caçamba de entulhos e malho nas costas do folgado. PÁ! Ele rola pro lado e não esboça reação.

Perco o último cigarro.

Thursday, May 21, 2009

confio em ninguém e recuso ajuda

Sou um sujeito atormentado. Acho que deus me fez assim numas de dar risadas. Sinto-me numa planície destroçada pelo vento debaixo de uma tempestade que se alastra ao meu redor. Tudo é muito escuro, sempre, tanto os tons de verde do solo quanto o cinza do céu. Uma sensação dentro da minha cabeça que me aflige diariamente. Existo à noite. Nunca. Quando saio para caminhar pelos escombros da minha vida. Já não tenho amigos mais. Todos desapareceram ou pereceram pelas ruas descascadas dessa cidade. Alguns deles estão internados, como minha mãe. Ainda me lembro muito bem do dia em que Joaquim morreu. Ele ficou encolhido como um feto num terno branco numa viela escura e gelada da Santa Cecília. Tentei convencê-lo a se levantar e ir à um hospital. Ele me abraçou, beijou meu rosto e disse “irmão, prefiro morrer a ser enganado pela mulher que amo”, e o fez. Ninguém sabe o que ele estava sentindo. Algumas pessoas nunca mudam. Eu confio em ninguém e recuso ajuda. Costumo guardar uma arma no armário. Quando saio, carrego ela comigo. Ainda não tive a oportunidade de usá-la. Mas vou continuar. Vou buscar o safado que fez minha mãe triste. Entre becos e saídas da Sé. Na subida da Paim e na 14 Bis. Nas vielas do Jardim Herculano e nos banheiros dos bares do baixo Augusta e da 13 de Maio. Vou procurar nos hospitais públicos e nos terminais mais afastados. Nas esquinas dos Campos Elíseos beirando o Minhocão. Sob um frio de lascar a alma. Um frio que apenas eu sinto. Nas entranhas do negrume paulistano. Vou buscar o safado. E vou descarregar minha arma em sua cara e em seu peito. Vou destroçá-lo e comerei suas tripas. Depois farei uma pequena oração que eu mesmo inventei. Deitarei com os cães. E me sentirei bem satisfeito. O ódio me torna verdadeiro na genial era dos fracos deslumbrados.

Monday, May 18, 2009

xumiguxinha



Achei uma entrevista bacana que Sasha Grey deu para a Rolling Stone brasileira.
Existem poucas mulheres como Sasha Grey.

Tuesday, May 12, 2009

O Cabeça me mostrou essa música ontem. É triste.

É melhor eu ficar quieto, sempre penso isso quando acordo e sinto Neil Young estourando minha cabeça, com um balaço de rifle comprido, dentro do carro. Numa outra tarde em algum outro lugar. O volume no máximo enquanto o pé de chumbo, sem regulagem, afunda o pedal do acelerador e meus dedos sujos deliberam a direção. Fujo pela estadual sem arrependimento no retrovisor. Apenas a culpa me abastece a alma. O sol estalado parece querer coagular minhas vísceras. Vivo numa nuvem. Respiro o ar seco e árido e carregado de fuligem. Dentro do meu barco a motor. Um cadáver dançando com um braço agarrado ao volante e outro segurando um crivo. Pedaços de cães esfarelados pela malha de asfalto. Andarilhos tortuosos com cobertores repletos de carrapichos. Um doido que vaga. Dentro do carro. Apenas eu. Descontrolado. Sem vocação. Oh, mãe, o que mais eu deveria fazer?
Na rodovia cercada de capim seco o motor soa como um arroto dos deuses, um trovão no planalto do outro lado do mundo, que parece intocável agora. Tudo treme ao redor, dentro das sombras dos olhos. Joe Strummer não está por perto para me emprestar um punhado de canções. Empurre-me para fora, assim, quando notar algo estranho comigo. Sem fazer alarde, eu lhe digo, sem fugir de mim. Em câmera lenta e o giro no cume de Aconcágua. Erra-me na curva e jogue-me do desfiladeiro. Embrulhe-me em sangue e vidro. Deposite-me de costas no rio. Um altar que explode em metal e gasolina. Em nome do pai, da puta e do Espírito Santo.
Por que eu deveria querer morrer cantando “Sweet Home Alabama” para Deus?

Monday, May 11, 2009



"Wouldn`t mama be proud"
- Elliott Smith

"To Love Somebody" - Nina Simone

visite 6 Songs.

Friday, May 08, 2009

derilhei

Tuesday, May 05, 2009

vai, caráio.

O The Mirror colocou no site o Top 10 das invasões de palco. Tem lá a manjada guitarrada que Keith Richards malhou num otário; a morte de Dimebag Darrell; Noel Gallagher é arremessado no chão por um sacana gente-fina; agora, quando o fala-merda da Estrela Robbie Williams, rebolando, é pego de surpresa e obrigado a dar um mosh na platéia, quase me caguei.

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aqui o Gadasneve.

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aqui a prova de que era possível se divertir na moral antigamente.
se liga na juke joint.


Hey, hey all y'all.

Sunday, April 19, 2009

Friday, April 17, 2009

Exposição “Brutal” promove união dos artistas pela arte 

Escritores, desenhistas e artistas, como Laerte, Lourenço Mutarelli, Paulo César Peréio e Daniel Galera doam obras inéditas em prol de espetáculo de Mário Bortolotto 

Idealizadoras do projeto de espetáculo teatral “Brutal”, com texto de Mário Bortolotto e direção de Marcos Loureiro, as atrizes e produtoras Carolina Manica e Luciana Caruso optaram por criar uma nova alternativa para a realização do projeto. Ao invés de esperar por editais e patrocínios elas resolveram reunir forças naquilo que elas mais conhecem: a própria arte. Conseguiram reunir mais de 30 obras inéditas de respeitados artistas e produziram a exposição “Brutal”, com abertura no dia 22, na Coletivo Galeria, em São Paulo. As vendas irão financiar a produção da peça. 

Entre as obras, destaque para duas telas originais pintadas à mão pelo cartunista Laerte, que foram usadas para ilustrar as capas das coletâneas da sua consagrada criação "Piratas do Tiête", e um original inédito em canson, produzido com nanquim e desenhado com pincel pelo aclamado quadrinista e escritor Lourenço Mutarelli, autor de "O Cheiro do Ralo". Também serão expostos manuscritos. Um trecho do próximo livro do escritor Daniel Galera"Barba ensopada de sangue",e uma crônica do escritor Marcelo Rubens Paiva estão entre eles. Entre as surpresas, uma tela de Paulo César Peréio revela que, além de ator, ele também é ótimo pintor. 

A exposição terá ainda uma crônica manuscrita do dramaturgo Mario Bortolotto; uma crônica manuscrita de Xico Sá; um original de Rafael Grampá, novo talento dos quadrinhos nacionais e primeiro brasileiro a receber o prêmio internacional Eisner Award junto com Gabriel Bá e Fábio Moon, que também doaram originais para a exposição; um desenho inédito do escritor Joca Reiners Terron; cadeiras desenhadas pelo artista plástico e quadrinista Rafael Coutinho; originais do quadrinistaAndré Kitagawa, autor da famosa graphic novel “Chapa quente”, também adaptada para o teatro sob a direção de Mário Bortolotto; uma video arte da artista plástica e designer Andreza Valentim; um original do desenhista Carlos Carah; uma tela da artista plástica Raquel Falkenbach; uma ilustração da artista plásticaLuisa Doria; uma crônica manuscrita do escritor Daniel Pelizzari; um poema manuscrito do poeta, escritor e jornalista Ademir Assunção; uma fotografia do dramaturgo, diretor e fotógrafo Antonio Rocco; uma fotografia de Renato Parada; uma crônica manuscrita do jornalista e escritor Palmério Dória; uma tela desenvolvida pelo estúdio de artes visuais Sopa Grafix; um painel em MDF do artista urbano Loro Verz e uma vela impressa com arte fotográfica pelo fotógrafoRoberto Donaire

Exposição “Brutal”  
de 22 de abril a 3 de maio. 
Coquetel de abertura: dia 22 de abril, a partir das 19 horas.
 

funcionamento: 
ter. a sex. das 17 às 23hs 
sab. das 14 às 19hs 


Coletivo Galeria 
Rua dos Pinheiros, 493 – Pinheiros – SP 
11 3083 6478 
www.coletivogaleria.com.br



Bill Callahan - "Sometimes I Wishy We Were An Eagle"


Bill Callahan, ex-Smog, acaba de lançar mais um álbum. Ainda estou nas primeiras músicas e são ótimas. Vá se você gosta de Nick Drake, Bonnie ‘Prince’ Billy, Bill Fay, desses caras que te fazem querer pegar a estrada para lugar nenhum no feriado prolongado. Porra, e a capa é fodaça.

isn’t it a pity

Ontem, voltando para casa quase de manhã, quando estava perto de onde moro, começou a tocar uma velha canção de George Harrison num CD esquecido que encontrei no porta-luvas do Opala. Fazia um bom tempo que eu não escutava aquela canção. Deixei carro deslizar na banguela pela Cardeal Arcoverde. Estacionei e fiquei encolhido escutando a música inteira quando fui atingido por uma nostalgia que dissolveu - ou estilhaçou - algo dentro do meu peito. Entrei em casa com a música ainda ricocheteando dentro da minha cachola. Sentei no sofá e me lembrei do dia que mostrei essa canção para meu avô.

Era uma tarde de um domingo nublado e estávamos sentados na varanda da modesta chácara dele. Eu e meu avô. No interior de Minas Gerais. Isso em 1992, acho. Ele ia e vinha em sua cadeira de balanço. Descalço. Silencioso. Com os olhos fechados e a cabeça pendendo suavemente para trás. A boca levemente aberta para poder respirar. Peguei um pequeno aparelho de som, liguei na tomada e lhe pedi que prestasse atenção naquela música. Eu era um moleque desencantado, cheio de espinhas no rosto e meu corpo era raquítico e coberto de ralados e arranhões. Não fazia a menor noção de nada. Cagava e andava para o mundo. No entanto, aquela música me atingia de forma brutal, tinha um enorme poder sobre mim, como feitiçaria, me levando a um estado de melancolia confortável, como se eu fosse levado numa canoa Rio Verde abaixo.

Enquanto ela soava no mini-system, ficamos em silêncio olhando a paisagem, entretanto, eu também podia escutar o ranger da cadeira de balanço, um quero-quero gralhava com sua esposa no terreno da frente. O vento soprava fraco, e as árvores que escondiam o rio, atrás da cerca-viva de cipreste, faziam um farfalhar que lembrava o som de uma cachoeira. Tudo parecia se conectar a melodia da canção. Fangio, nosso doberman mestiço, lambia uma ferida pustulenta na pata dianteira esquerda, deitado no piso gelado de granito. Tirei meus óculos e os limpei com o avesso da blusa. Tentei enxergar meu avô sem eles. Tudo era muito turvo. Deitei de costas no chão. As nuvens carregadas dançavam no céu.

Meu avô era um piadista silencioso. Possuía um corpo volumoso, indicando que antes ele fora musculoso, mas os excessos da vida e a gravidade acabaram por vencê-lo. Sua testa era reluzente e sua olhar era profundo como se enxergasse através das pessoas. Gostava de vê-lo andar pelas ruas de Três Corações, com sua indiferença estóica. Sempre aparecia com suas intervenções ácidas quando a família discutia algum assunto banal na mesa do jantar ou do café da manhã. Também inventava jingles pessoais instantâneos que faziam todos rirem durante dias. Um sujeito íntegro que havia sido tenente no Exército brasileiro durante muito tempo.

Quando eu tinha 9 anos de idade, ele me ensinou a empunhar uma arma. Dei alguns tiros no pasto de uma fazenda nas redondezas de Cambuquira. Depois me deu uma aula de como desmontar e limpar um revólver. Lembro que ele foi caçar aves depois e voltou com as mãos vazias e um sorriso acolhedor no rosto. Já era noite e a família inteira estava na cidade. Fomos até a cozinha da fazenda, onde ele acendeu o fogão a lenha e pegou alguns ingredientes na geladeira e nos armários. Naquela noite, ele me ensinou cuidadosamente a preparar um arroz carreteiro suculento. Depois que comemos nos sentamos na varanda, onde meu avô me contou histórias assombradas de um velho de chapéu de palha que foi morto pela mulher, mas que continuava vagando pelos pastos de Varginha sob o luar prateado. Fiquei agarrado às minhas pernas finas com um cagaço filha da puta. Vaga-lumes surgiam e desapareciam na escuridão da noite.

Em 1996, meu avô recebeu um diagnóstico atrasado de pancreatite. Meu pai o trouxe para um hospital decente aqui em São Paulo. Fui visitá-lo, mas ele já estava bem magro e havia sido entubado. Não tenho certeza se me reconheceu ali, naquele quarto frio com cortinas de plástico verde-claro. Dois dias depois, ele morreu com todas as oportunidades que existia para eu agradecê-lo por tudo que me ensinou. Não tive a chance de me desculpar por não ter aproveitado e aprendido mais com sua pessoa fantástica. Não pude sequer abraçá-lo pela última vez.

Ontem, no sofá, senti uma saudade enorme dele. Da forma como ele levava a vida, não se preocupando demais nem deixando os aproveitadores se aproximarem. Ontem, me dei conta de que não posso fugir de quem eu realmente sou. Não posso deixar de acreditar nos meus amigos verdadeiros. Não posso esquecer-me de odiar meus inimigos. Não posso abandonar a verdade. Nem perder a lembrança da maneira discreta que meu avô se preocupava comigo. Sobre o que ele me disse sobre caráter. Sobre começar e terminar muitos livros, no entanto, ele se foi e eu o li apenas pela metade.

Thursday, April 16, 2009

isso não quer dizer nada

Esses dias parei para pensar no passado. Detesto indolência. Ando sonolento. Parei para pensar. E tenho medo de dormir. Preciso me libertar e despertar, por assim dizer, dessa merda amorfa toda. Ando sonolento. Mas enxergo. Memórias e presságios. Fiquei andando por aí. Estou me sentindo estranho. Minha garganta apertava naquela noite. Fiquei pensando que ia chorar. Não me lembro como é chorar. Daí fiquei legal. Minha percepção estava alterada. Aguçada. Nasci do outro lado do rio. Numa época errada. Numa curva. Que me faz renegar o presente. Eu acredito nessa habilidade para fazer qualquer coisa sem encontrar nada que queira fazer.

Monday, April 13, 2009


aqui tem umas fotos bem legais de Sampa, a cidade que eu morro.

Sunday, April 12, 2009

festim


com sua voz vulnerável

ela sussurra uma canção

como se lançasse um feitiço

esquecido para mim

 

numa linguagem que consigo entender

ela canta, inacreditável,

que amanhã a poeira vai baixar

e o sol aparecerá para nós

 

ela me põe no colo

e destrincha meu coração

e enterra blasfêmias sob as sombras

das árvores dos campos

do outro lado da trincheira

 

ela vaga,

e me alerta sobre a longa batalha da noite anterior

sobre a última esperança

sobre gostar de quem não existe mais

sobre dormir de dia

 

tomando leite e assistindo desenho do Papa-Léguas.

 


Saturday, April 11, 2009

estaria mentindo se dissesse a verdade. a Festa de Merda foi uma bosta onde 250 pessoas se refestelaram. espero que ela tenha sido enterrada na última canelada no saco que o Trator Cavera acertou ali. espero, sem esperança, que os deslumbrados apanhem de tacape. que os alpinistas desabem. que o show do Patife Band continue retumbando na minha cachola. que meus amigos não se suicidem ainda. que o La Carne toque em festa para vegetarianos, comigo ali no canto. coração de galinha no churrasco n roll. que a garota de Nova Iorque me traga flores da próxima vez. hoje estou pregado e satisfeito. amanhã vou comprar um numchako pra me garantir. 

Thursday, April 09, 2009

domingo