Wednesday, August 29, 2007

A Lume Filmes, uma nova distribuidora de DVDs lá do Maranhão, promete para breve o lançamento de Down By Lawn, do Jarmusch, fora outros filmes interessantes.



Se liga como ficou a Cate Blanchett fazendo um jovem Bob Dylan para um filme que vem ai sobre a vida do cantor.

>:

No ótimo Blog dos Quadrinhos, é possível conferir os principais ganhadores do Salão de Humor de Piracicaba 2007. E rola até uma suspeita de plágio entre os vencedores. O trabalho do John Lennon e a Yoko é um arregaço.

>:

“Você gosta desse submundo?”, ela perguntou, me arrancando da bolha absorta que eu estava.

“Hã?”, eu disse. “É. Venho sempre aqui.”

Fui parar no Amistosas, 4 e meia da manhã na segunda passada. Ali realmente não é um lugar cheiroso, parece mais uma curva de rio, entretanto, não deixo de me sentir à vontade lá. Bebi sozinho até que apareceram 3 garotas de programa e sentaram na mesa. Foi daí que saiu o diálogo acima. Me pegaram pra contar a história da vida delas. Confesso que não fiquei nem um pouco interessado.

“Já vai?”, perguntou a mais velha, que momentos antes disse ter apenas 24 anos, no entanto, aparentava ter muito mais.

“É. Tenho que trabalhar cedo”

“Leva a gente prum hotel.” Ela propôs. “Vamos fazer uma brincadeira gostosa. 100 reais cada uma”

“Cuméquié?”, eu disse entorpecido de sono. “Vocês me convidam e eu ainda tenho que pagar. Ah má vá!”

Fui embora, rezando pra polícia não encrespar comigo na Consolação.

Tuesday, August 28, 2007

Sabe aquele papo de seguir o caminho errado porque é mais fácil? Esse negócio das escolhas que fazemos e acreditamos, sem pensar direito, achando que assim o futuro pode estar garantido, ou morto. A tal da complacência. Talvez por medo ou acomodação. Talvez por dúvida de que você realmente pode fazer alguma coisa, mas não tem certeza. Sabe aquele papo? Que ninguém comenta? E os dias vão passando, e as rugas cada vez mais profundas, e na vala delas você começa a perceber que alguma coisa incomoda enquanto o tempo passa e a vontade adormece, como algo esquecido na areia que o vento cobre, causando uma coceira danada que arranha a alma, uma tristeza que você tenta disfarçar reclamando do gosto amargo que só você sente enquanto os outros degustam. Sabe aquela conversa de bar que você fala, mas ninguém escuta? Pode ser apenas uma viagem particular. Picuinha enlatada. Sabe, né?

Thursday, August 23, 2007

sono é o estado natural de quem tem emprego fixo

Essa semana eu tentei segurar as rédeas da mula e fazer tudo direitinho no pântano de carpete, com os dentes guardados e as mãos nos bolsos, que nem Willian Bonner. Pude notar que minha cabeça até funciona melhor, consigo somar sem ajuda de calculadoras e não esqueço de regar meu manjericão dia nenhum. Fico um pouco de saco cheio das coisas, entretanto isso acontece quando estou confuso também. Sinto-me entorpecido pelo sono e pelo tédio, como uma folha planando na brisa. Hoje é quinta-feira, primeiro dia da semana que começo a beber pesado e correr descarrilado num pesadelo noturno pelas ruas de São Paulo. No rádio, a trilha do caos me trinca os molares com MC5 mandando “The American Ruse”, daí desce um Stones e Dead Kennedys manda “Viva Las Vegas”, já que tudo é uma merda mesmo, só que eu me divirto.

Tuesday, August 21, 2007

num fode o caraio

Sexo e morte são os principais elementos na evolução do homem, segundo Milo Manara.

Achei isso no Pedro Dória.
"Numa sociedade fechada, na qual todos são culpados, o único crime é ser pego. Num mundo de ladrões, o único pecado capital é a burrice."

Hunter S. Thompson, em "Medo e Delírio em Las Vegas"

Monday, August 20, 2007

Sábado foi um dia/noite que eu fiquei impressionado com a durabilidade do meu corpo. Durante um churrasco com o pessoal do trabalho e uma noitada no CB, bebi o equivalente a 2 piscinas de cerveja, caipirinha e pinga de qualidade. Isso que ainda rolou um intervalo quando minha Pequena quis assistir uma peça de teatro de 2 horas de duração. Eu, que estava completamente embriagado e mijando a cada 15 minutos, evitei complicações drásticas para minha pessoa e os atores preferindo ficar do lado de fora, andando a esmo pelo centro da cidade, procurando algo para matar o tempo nos bares decadentes da região. Não encontrei ninguém jogando dominó e descobri que esse negócio de medo de assalto é muito relativo quando se está pior que os mendigos. A cidade estava sem água por ali. Como minha cabeça girava num furacão, sentei num degrau duma loja fechada e tentei meditar, repetindo um mantra de que eu estava bem, eu estava bem. Não deu outra, vomitei ali mesmo. No CB, minha memória recorda apenas de flashes imundos, lembro do Xico Sá me usando de pêndulo e de algumas canções em rotação errada do Wander Wildner, lembro também que se em algum momento anterior faltou água, no banheiro do recinto o mijo transbordava dos vasos sanitários. Pânicos para os All Stares furados. Fomos embora antes do fim do show. Definitivamente, eu preciso descansar essa semana.

Thursday, August 16, 2007

O novo disco da PJ Harvey sai dia 25 de setembro, nos EUA.

::

A banda sueca Love is All está vindo para o Brasil logo logo, segundo o blog deles no MySpace e o site da Pitchfork. A rapaziada vai participar do festival No Ar Coquetel Molotov, no dia 14 de setembro. É bem provável que eles pisem em São Paulo também.

"Busy Doing Nothing" - Love is All

::

Hoje tem Fla x Flu no Maraca. E tem também a monólogo do Nelsinho Peres, “Querência”, no Teatro Fábrica, às 21hs. Entre o jogo na TV e a peça, fico com a segunda opção. Se alguém quiser me acompanhar, dê um toque. Vale a pena.

Tuesday, August 14, 2007

Sem grandes pretensões, estou nos primeiros esboços de uma história em quadrinhos. A primeira que vou tentar desde 1997, quando iniciei uma aventura infanto-juvenil junky que - por motivos que não sei explicar - acabou no lixo. Como não quero palpites ou intervenções nenhuma, pretendo fazer tudo sozinho. A idéia inicial do roteiro está no papel. Dá um trabalho do caralho definir os personagens, suas características e idéias, seus papéis na estória que sequer um desfecho tem ainda. Sigo escrevendo tudo que vem à mente para depois cortar aqui e colar acolá. Caminho na rua e fico imaginando diálogos e cenas. A idéia é ter pelo menos um início interessante e deixa-lo aberto para a continuação, assim, posso começar a colocar tudo no papel logo: desenhos, balões e nanquim. Pode ser que eu não faça porra nenhuma também. Pode ser que eu continue frustrado lendo os quadrinhos dos outros e achando o mundo uma merda. Entretanto ando pensando nisso grande parte do dia, rabisco sempre que encontro um tempo livre e agora vou começar a tirar fotos para determinar pelo menos os primeiros quadros, não posso estacionar. Preciso ordenar meu tempo e começar essa porra. Esse é o momento. Preciso largar um pouco da rotina emprego-bar-cama enquanto a vida escorre pelo ralo sendo que não faço nada de interessante a não reclamar, encontrar os amigos e jogar sinuca. Não que tudo isso seja ruim, muito pelo contrário, só que não está pegando nada e às vezes fico um pouco encucado e me perguntando se não sou um boçal de dia e um bêbado entediado à noite.

Monday, August 13, 2007

se van todos a la mierda

Hoje fico meio assombrado quando volto da estrada e deságuo na Marginal, em São Paulo. Ao contrário de pouco tempo atrás, quando o cenário de filme noir me instigava a abrir o vidro do carro para inspirar fundo todo aquele gás carbônico misturado com o fedor doce do Tiête e do peido que eu acabara de soltar, sossegado no volante com um cigarrinho na canhota, em calafrios, sabendo que logo mais iria encontrar os capangas em algum boteco imundo perto do centro da cidade e depois sair pra apavorar cocotas berronas pelos becos pixados. Meio constrangedor tudo isso, mas ando meio apático com essa porra toda de concreto e lâmpadas laranja, esse grande pedaço de merda incrustada no Sudeste do país. Talvez o problema nem seja a cidade, talvez seja apenas essa rotina sacal nesse ambiente empestado de imbecis. O trânsito me esgota. A noite, onde tem música, é um playground de seres decadentes com argolas douradas e baton rubro borrado na cara tentando requentar alguma idéia ultrapassada. Os playboys dominaram shows e restaurantes e avenidas. Os malacos estão cada dia mais malacos, só que um pouco mais amedrontados com todo arsenal bélico paranóico dos ratos. Meus antigos capangas se perderam pelo mundo, e os que sobraram, garantiram um cobertor de orelhas e agora tentam sobreviver como elos perdidos que apertam os botões dos semáforos para atravessar a roleta russa da vida. Hoje bebo em silêncio. Ando apático. Talvez seja só uma fase. Ou a mais pura retórica. Só sei que senti isso ontem. Estou ficando velho.

Let's Stay Friends

dia 18 de setembro será lançado, lá fora, o quarto álbum do Les Savy Fav. Com participações de uma pá de camaradas da banda, "Let's Stay Friends" trará 12 músicas inéditas. A banda não têm datas nem turnê agendada após o lançamento.

abaixo a segunda música do futuro disco:

"The Equestrian" - Les Savy Fav

+ cousas no myspace deles.

Friday, August 10, 2007

1973

Eu fiz todas as lições de casa. Agora posso tirar meus sapatos cheios de areia e descansar até o fim do dia. Olhando as paredes da sala mudar de cor enquanto o dia se esconde suave pela janela. O jeito que você chega em casa e me aperta. Com o céu azul e negro e cinza chumbo lá fora atrás da porta ainda aberta. O cheiro de cigarro doce e antigo no seu cabelo quando me pega no colo. Embora eu saiba me virar sozinho, algo me faz precisar de você. Mas os senhores te sugam a energia e matam nossas memórias. E a cada dia que passa você está cada vez mais murcha. E já não posso mais te alimentar. Fico triste constantemente e penso que um dia você vai sumir e nunca mais voltar. E todas essas músicas tristes ficarão ainda mais tristes. E as lições de casa serão ainda mais eternas.

sensação de morte sem gelo

Acordei hoje bêbado depois de uma jornada noite adentro na praça Roosevelt. Foi difícil chegar no banheiro, foi escroto apontar o pau pro vaso sem evitar molhar tudo ao redor. Lembro de uma vez, numa situação muito parecida, que quebrei dois dedos do pé direito numa topada tentando chegar ao banheiro. Hoje tomei um banho, mandei uma salsinha crua pra forrar o estômago que estava efervescendo, numa mistura de nicotina com espuma de cerveja, e corri pro trampo. A primeira parte do dia até que correu bem, mas eu fiquei faminto, numa fome nojenta da ressaca, seria capaz de comer até tampas de panela sem sal e, ao invés de dormir uma miserinha, fiz a merda, caguei no mato por tentar a sorte no Andrade, um restaurante nordestino em Pinheiros que eu nunca tinha ido. Sou fanático por carne de sol e feijão verde e podia visualizar o prato. Já no recinto, enquanto esperávamos o rango, minha cabeça começou a dar tilts e eu cuspia nas mãos, que lembravam o leito de um rio seco, para dar uma hidratada. Arrêgo. A comida demorou pra caralho e, quando chegou, a carne de sol com farofa que pedi parecia um monte de areia numa travessa de ferro. Não entendi, mas não estava em condições de questionar porra nenhuma, apenas meti o garfo ali e senti algo mais sólido no fundo. Cavei e encontrei um pedaço de carne enterrado como uma havaianas esquecida há anos numa praia carioca. Mesmo sentindo muita falta do maldito feijão verde, um dos pratos mais tradicionais desses restaurantes típicos nordestinos, comi feito um porco, ofegando e deixando grãos de arroz escapulir pelas arestas da boca. O sono veio como um soco no queixo. Sentia um desespero desgraçado dentro do corpo morto. Quando pagamos a conta, já não entendia onde estávamos olhando através das pálpebras. Quando chegamos ao escritório, me esforcei e fui dar uma volta na rua para animar um pouco a carcaça. Ainda estou acordado, tentando agir naturalmente ao som de Bad Brains para ficar alerto, com uma vontade desgraçada de mandar tudo pra casa do caralho.

Thursday, August 09, 2007

Marcelo Montenegro, Ronaldo Bressane, Carpinejar e afins, n'As Escolhas Afectivas.

buquê de presságios

De tudo, talvez, permaneça
o que significa. O que
não interessa. De tudo,
quem sabe, fique aquilo
que passa. Um gerânio
de aflição. Um gosto
de obturação na boca.
Você de cabelo molhado
saindo do banho.
Uma piada. Um provérbio.
Um buquê de presságios.
Sons de gotas na torneira da pia.
Tranqueiras líricas
na velha caixa de sapatos.
De tudo, talvez, restem
bêbadas anotações
no guardanapo.
E aquela música linda
que nunca toca no rádio.

Marcelo Montenegro.

Lá tem mais.


* achei lá na Fernanda.

Wednesday, August 08, 2007

Faraquet



Depois de Joe Lally, The Evens e Medications, agora é a vez do Faraquet, mais uma banda da Dischord Records a baixar aqui no Brasil para uma mini-turnê em menos de um ano. Dia 13 de setembro eles tocam na cloaquinha Studio SP, depois seguem direto pro Pelourinho, em Salvador, daí Rio de Janeiro e fecham em Sampa novamente.

meus dias aqui estão acabando comigo

Ouço a história com o vento entrando pela janela aberta, que serve apenas para expulsar a fumaça do cigarro que cerca minha fronte, e lá fora, numa noite prateada, faz muito frio. Ontem, abri um espaço na mesa e espalhei as cartas em busca de algo revelador. Fazia quase 1 mês que não praticava sozinho, ao som dos vinis de Bebop e Oscar Peterson, algumas pescoçudas geladas e muitos cigarros que queimavam como incensos esquecidos na mesa de vidro. É difícil lidar com a situação, mesmo que seja apenas um adestramento para matar o tempo e sonhar. Coço tanto minha cabeça que o cérebro sangra, penso em desistir na aflição pelo resultado almejado que não surge logo na minha frente. A saudade das coisas que não conheci corre em minhas veias. Eu preciso fazer algo. Meus dias aqui estão acabando comigo. Nos dias solitários só consigo pensar na minha verdadeira vontade que nasce entre as embalagens e garrafas vazias. Já nem estou mais comigo. O pincel rola pela mesa e explode no assoalho, eu fico olhando aquela linda mancha respingada e pensando no branco que deve ser subvertido.

scanner lisérgico



bem melhor que o original.

Tuesday, August 07, 2007

égua


o site da Conrad já disponibilizou a pré-venda do novo volume das tirinhas de Calvin & Haroldo.

e, pelo que sei, a Pixel solta outro clássico em breve, “Corto Maltese e as Célticas” , porém, nada consta no site da editora ainda.
Ando por ai numa manhã qualquer, chutando pedras na calçada, na balada de um idiota. Fazendo coisas que sempre faço pela cidade quando estou sangrando. Minha esposa está em casa, provavelmente ao telefone, tentando descobrir por onde ando, na balada de um idiota. Na verdade ela não está nem um pouco preocupada, apenas não consegue lidar com suas escolhas e limitações, a sua solidão por opção. O ar é mais seco e a grama mais cinza aqui fora. Extraio a bala enterrada em minha cabeça com as unhas sujas e jogo fora meu único amor verdadeiro. Agora faço do tempo um caminho, na balada de um idiota, faço do passado um crime.
Tava mais que na hora de alguém fazer alguma coisa com esses metroviários vagabundos. Vá tomar no cu. Todo mês esses desgraçados arrumam alguma greve, e quase sempre nada tem a ver com o metrô em questão. O sindicato dos pilantras é o mentor de toda essa putaria. Uma das greves foi contra a Emenda 3, ou seja, contra o trabalhador pessoa jurídica que não abastece o sindicato, a porra da CUT. Daí, eu me pergunto: o quê os metroviários têm com isso? Essa última greve da semana passada exigia participação nos lucros do Metrô, e isso agora, em pleno agosto, sendo que o fim do ano ainda está um pouco distante. Creio que quando aceitaram o emprego, nada disso constava em contrato, e novamente cito o sindicato agindo. Mesmo assim, tô cagando se os funcionários são reféns da máquina, se isso fosse legitimo, o mais sensato seria liberar as catracas para os passageiros e não transformar a cidade num caos e foder com a vida de quem não está envolvido com essas falcatruas.

Monday, August 06, 2007

Dentro de um sonho eu acordei para um pesadelo. Nascido para morrer numa rua escura de agosto que fede a mijo. Dentro de um sonho escutei melodias de faroeste. Enquanto caminhava tentando esquecer o diabo eu acordei num filme de Leone. Em algum lugar, aquele dia, cães ecoaram num lugar onde tudo é escuro. Em um sonho acordei afogado em lágrimas em pó.

Wednesday, August 01, 2007

na estrada, entre o gelo e a poeira


São Miguel das Missões - RS

Cordilheira dos Andes, numa tarde amena de inverno: - 10ºC
curvinhas arrojadas na desdida da bagaça, onde tudo congelava, desde o dedão à ponta da orelha.
Um vulcão nas proximidades de San Pedro do Atacama


Deserto do Atacama

algum vilarejo faroeste na Argentina
amigo dazantigas e de várias histórias podres em Landantáu, Realgem, agora está batendo pernas no empoeirado Afeganistão. O blog do maluco, que é uma mistura de Hunther Thompson com Burroughs sem gelo, está fervilhando de relatos fodaços.