Thursday, December 30, 2010

estrada

Ontem encarei mais de 1000km de rodovias variadas para chegar em Brasília. O carro riscou 3 Estados diferentes no mapa com o vidro aberto, por onde entrou a chuva e escapou a fumaça dos crivos de filtros mastigados entre refrões mal cantados. Não estou aqui para prestigiar a tal posse, isolar dramas, comemorar viradas ou qualquer outro tipo de frescura ordinária, estou apenas num passeio, percorrendo longas distâncias como costumo fazer sempre que aparece algum intervalo na vida.
Hoje comi churrasco com minha mulher e familiares. Contamos histórias ao redor da mesa. Entre goles e canções num violão. Brasília está vazia e tranquila, da mesma maneira que imagino a cidade de São Paulo neste exato momento, no entanto, aqui aprecio o horizonte e me sinto calmo com isso.
Logo no início do próximo ano, espero encarar sozinho a cinquentona Belém-Brasília, a estrada que ligou a Região Norte do Brasil ao restante dele. Antes, o acesso era feito apenas de avião, barco ou por uma trilha que vinha do Maranhão e adentrava o Pará. Agora os tempos são outros e dizem que a rodovia, de 2772km, sendo 445 deles cortando a selva amazônica, e que já foi considerada uma grande roubada para suspensões, rodas e carros populares, não apresenta grandes desafios a serem percorridos.
Minha ideia é chegar em Palmas-TO, passar alguns dias na companhia de amigos derretidos pelo calor do norte, me alimentar de bastante carne de sol e feijão verde e em seguida decidir um novo roteiro que me leve para outro lugar. Quem sabe voltar por um caminho de ida, nas beiradas do mar.

Friday, November 26, 2010

Friday, November 19, 2010

almofadas não causam estragos. Douglas disse isso e engoliu sua dose sem piscar ou franzir qualquer coisa em sua face meio avermelhada. Talvez fosse a hora de se levantar e voltar para casa e dormir. Ele friccionava o isqueiro que apenas faiscava. Seus olhos vidrados silenciosamente desmoronavam em grandes blocos, embolando algo dentro do peito. A poeira. O fogo. Os travesseiros. Algo falhava. Sua mulher sentada na calçada do outro lado da rua. O maxilar pressionado. Penumbra ao amanhecer. Douglas fechou os olhos. Depois abriu. E fechou de novo. Talvez olhasse para baixo. Desse de ombros para tudo ao redor. Talvez algo lhe prensasse de forma selvagem. Como se o polegar pesado de deus lhe espremesse como um gomo seco de mexerica. Tentou falar sem fazer o menor ruído. Juntou os calcanhares. Sua cabeça estava dentro de uma panela.

Saturday, November 13, 2010

Tuesday, November 09, 2010

c`alma

todas as promessas têm prazo de validade
podem ser recicladas
assim como todos os fantasmas
que oscilam à noite
na madrugada

não durmo nunca
abstenho
flutuo

anestésico para cavalos sob as luzes do tráfego
num final de tarde laranja
desviando de jornais e sacolas plásticas
de supermercados
nas calçadas

nas janelas dos prédios
onde nada reflete
nos azulejos trincados
nas faces de uma moeda enferrujada

um milhão de coisas
pela metade

ou em partes falhas

só vejo você.
***

*repost

"A gente se mete a escrever porque não sabe lutar boxe nem tem colhões para isso, porque tem os dentes tortos e não pode sorrir como gostaria, porque para os impotentes de todo tipo não há outro caminho, porque todos os feios escrevem ou assassinam e a gente não é capaz de matar nem uma mosca, porque escrever dá importância, porque para chamarem alguém de escritor não é preciso escrever bem, mas para chamarem de filho-da-puta não importa se sua mãe é uma santa, porque tem medo de ficar à deriva sem fazer nada, porque não pode beber toda noite, porque ama a Deus mas odeia as sociedades sem fins lucrativos, porque não tem namorada, porque não há emoções mas insultos, porque na sua casa não tem televisão e o rádio quebrou, porque a mulher do vizinho é gostosa, porque tem medo de ficar careca e por isso evita os espelhos. A gente se mete a escrever porque não se atreve a assaltar um supermercado, porque ama a mulher e ela é namorada do garoto esperto da rua, porque não há revistas pornográficas suficientes, porque quer fazer alguma coisa além de cagar e se masturbar, porque não é o garoto esperto da rua nem o garoto forte nem o engraçado, porque é o garoto nada, porque não vale um tostão furado, porque apanha lá fora, porque sua mãe grita o tempo todo, porque não há ilusões nem luz no fim do túnel, porque sua mãe grita o tempo todo, porque sua mente voa baixo e nunca será outro Cioran, porque não tem coragem para saltar, porque não quer a esposa feia que merece, porque tem medo de morrer sem ter comido um belo cuzinho, porque não tem pai, amigos, nem fortuna, porque não tem o jeito de cuspir do Clint Eastwood, porque se paralisa entre uma e outra intenção, porque era uma vez o amor mas eu tive que matá-lo."


Efraim Medina Reyes

Saturday, October 16, 2010

quase, nunca foi o bastante

Quase, por um bom tempo, foi o bastante, o suficiente. Dia que amanhece escuro como sombra de beco numa rodoviária no centro de uma cidade de interior que reconheço muito bem. Eu cheguei numa manhã assim, apenas para curar a dor de um amor perdido. Procurava respostas sussurradas pelo vento que saía da sua boca. O único telefone que eu ainda guardava na memória e consegui discar num orelhão a cobrar. Sua voz parecia enferrujada e carregada de uma tonelada de vacilos, fuligem, que você nunca ousaria admitir a ninguém. Cheguei à sua casa debaixo da chuva. Você mais acabada que sempre. Sua mãe assistia Vale a Pena Ver Novo não me reconheceu, ou pelo menos fingiu. No quarto, uma toalha com pequenos furos, como sua pele lisa, amor da minha vida. Coloquei minha maleta sobre a cômoda banguela de puxadores. Você ficou ali sentada. Não parecia confortável. Eu ainda posso ouvir o som da lixa contra suas unhas. Ainda posso ver teu rosto iluminado pela luz opaca de um longo inverno que entrava pela janela. Ninguém mais está sozinho agora. Lembro-me do dia em que você me disse que estava grávida e chorou amarrada em mim. Aqueles moleques ali não sabem o quê estão falando. Aos 15 anos. Só que o filho não era meu. Isso foi há muito, muito tempo atrás. Vendíamos papelotes para os playbas da escola com o único intuito de pagar o aborto. O aborto que custou muito pra você, que te tornou menos mulher, segundo sua mãe. Eu me lembro bem. Não era pra ser tão difícil. Não era para ser impossível. Suas pequenas ofertas compradas em becos com esgoto a céu aberto. Ruas para se esconder da comédia da vida comum. A pia da cozinha e as pílulas coloridas de sua mãe espalhadas. Quase, sempre será o bastante. Íamos para o Parque Ecológico e nos escondíamos onde a mata era mais fechada. Você escrevia poesia e lia para mim. Parecia um anjo alvejado, com madeixas douradas cheias de cachos e folhas secas como árvore de cerrado. Hoje está mais para pintura esquecida em depósito úmido embaixo de escada de sobrado. Seu sorriso esfarelado como uma floresta após um incêndio criminoso de beira de estrada. Não lê mais porra nenhuma. Não possui uma única novidade para me contar depois de todos esses anos. Não se importa mais com os pássaros da área descoberta. Eu não sei. Pode parecer o velho clichê da menina que sofreu abusos na infância e depois perdeu o rumo, entretanto, isso não é verdade. Você era ligeira e tinha idéias boas, precoce e divertida. Vivia fazendo piadas das minhas tendências suicidas, tanto que até percebi o quanto aquilo era uma grande bobagem. Quase, nunca foi o bastante. Arrumou os caras errados. E perdeu a infância cedo demais, embora isso aconteça com moleques como aqueles que nós sempre fomos. Nunca tivemos silêncio. Éramos irmãos que trepavam gelados após um baseado. Éramos um casal que formava uma gangue. Éramos os desgracinhas cheiradores de cola. Eu fui até sua casa naquele dia apenas pra implorar ajuda. Queria ver como você passava. Algo me cortava como navalha, como som de piano na madrugada. Quase, nunca foi o bastante. E você já não acreditava. Se lixava na beirada da cama. Com o baton borrado e o lápis preto ao redor dos olhos verdes fritos. Disse que havia se arrumado só para mim. Atrás, pela janela, eu via, uma cidade que um dia me pertencera; seus prédios descascados com janelas de metal; céu cinza de inverno; som de motor de ônibus em ladeira. Uma cidade que perdeu todo sentido. Pensei em me aconchegar ao seu lado, segurar sua mão e dizer o quanto sentia por você e por toda essa merda que havíamos nos tornado. Mas, ao invés disso, apenas abri minha maleta e atirei uma poesia antiga que havia ganhado de você no Parque. Nela estava escrito que quase, nunca fora o bastante. Quase, nunca será o suficiente. Fui embora na chuva. Sua mãe se despediu, eu não respondi. No ponto de ônibus, um cara vendia revistas pornográficas - com meninas de rosto angelical - para três sujeitos bem-vestidos.

Tuesday, October 05, 2010

She won´t be my gal no more

Vinte milhões de habitantes nesta cidade, no entanto, não é pra você que devo satisfações, pare de fazer barulho à toa. Fica longe de mim, boneca. Só um pouco. Não foi você que me transformou nesse homem violento e descontrolado como uma bandeira num furacão, eu nasci assim. Vou apenas até o bar espremer o chorume da minha cabeça enquanto o céu desaba sobre toldos e telhados. E aí, quando a tempestade passar, eu voltarei para você coçar minhas costas, afinal, todos nós precisamos de alguém, num é mesmo? E não venha me falar de amor adequado ou sobre os rumores espalhados pela cidade sobre o meu temperamento; nem dessas besteiras sobre apostar todas as fichas numa viagem pro deserto de Mojave; sobre jogar as chaves de casa num vaso sanitário de banheiro público. Sinto como se segurasse uma bigorna besuntada de aflição nos braços. Todas as noites. Todas. Eu venho tendo visões e ando escutando vozes. Quando enxergo o céu de São Paulo, com suas nuvens magnetizadas pelas antenas e pelas luzes dos prédios da Paulista. Quando chove na cidade de São Paulo - como hoje - e eu não tenho para onde fugir. Quando respiro o ar úmido e denso e carregado de fuligem, como se estivesse num barco à vela no meio do oceano. Quando caminho devagar pela calçada irregular, acompanhando carros hesitantes e coletivos. Quando cruzo com estranhos e sequer olho em suas faces, pois não estou procurando ninguém e nem quero que me notem. Quando as poças d’água refletem o brilho dos faróis e das lâmpadas dos postes recém acesos. Quando, aos poucos, tudo fica encoberto pela penumbra da noite e a paz me escapa. Quando amo você apenas quando estou realmente triste – e estou sempre triste. Quando não sinto porra nenhuma mas lembro das coisas que preciso fazer antes de morrer. Quando percebo que meus irmãos pegaram carona antes de mim. Quando tenho apenas meus ossos e meus pulmões carregados como um cinzeiro cheio bitucas da noite anterior; minha vida que cozinha dentro do peito. Quando não tenho chances, quando não quero ser importante nem criar uma merda duma bela família. Quando estou além da lama e dentro da loucura.

Tuesday, September 21, 2010



Apenas uma garota na escuridão da estrada sentada numa cerca de madeira fica para trás na penumbra do retrovisor como a saudade entre amantes de coração bêbado que nunca se conheceram sóbrios sob o brilho da luz elétrica acidental onde um gato preto de meio rabo e olho aceso um vodu passeia pela calçada molhada do autoposto amarelo de diesel e gasolina batizados de placa de aço pintado pendida com um numero 16 e um buraco de bala essa impressão de vazio na rodovia que abranda e acalma na escuridão do sossego de céu estrelado esburacado como velocímetro dedos que embrulham cabeças como se enfaixassem volantes rádios não sintonizados e vacas pastam em pradarias descascadas longe da água da torneira que tem gosto de lágrima ya know my heart keeps tellin´ me you´re not a kid at thirty-three you play around you lose your wife you play too long you lose your life

Thursday, September 16, 2010

pouca coisa

Hoje rola a última apresentação de "Postcards do Atacama", na V Mostra Cemitério de Automóveis.

POSTCARDS DE ATACAMA

Texto, Direção, Sonoplastia e Iluminação : Mário Bortolotto
Elenco : Carlos Carah, Fernanda D´Umbra, Mário Bortolotto, Daniela Dezan, Paulo "Deus" Jordão, André Ceccato, Thiago "Carcacinha" Pinheiro, Jiddu Pinheiro, Wanessa Rudmer, Samya Ennes, Luciana Vitaliano, Flávia Tápias, Marina Franco, Fernanda Sanches, Nelson Peres, Walter "Batata" Figueiredo.
Guilherme Folco (Sax)
Operação Técnica : Rodrigo "Linguinha" Cordeiro e Luiz Eduardo
Produção : Daniela Dezan e Wanessa Rudmer
Hoje. Quarta (dia 15) e Quinta (Dia 16) às 21h.
Centro Cultural São Paulo
Sala Jardel Filho
Rua Vergueiro, 1.000
Ingressos : R$ 10

: também encerra a temporada "Predador Entra na Sala", no Parlapatões



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e depois rola a quinta edição da Festa de Merda:



e tem SACO DE RATOS no Rockers Club, na rua Augusta,901. a partir da 0h.


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amanhã estréia na V Mostra Cemitério de Automóveis



argh, ainda discoteco no SONIQUE, nesta sexta-feira, desde Oh.

e, finalmente, no sábado, uma ressaca suícida começa cedo.

Tuesday, September 14, 2010

sudorese

já está no ar a nova edição da IDEAFIXA #17 Underground.

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hoje em dia existem empresas especializadas em catar blogs que disponibilizam músicas de maneira ilegal. as gravadoras, ou até mesmo os artistas lesados, contratam um advogado paspalho que vai navegar pelas entranhas da internet, do Google, e avisar ao desonesto pirata que pare ou ele vai ver só. desde meados do ano passado, endereços blogspot recheados de gravações raras, sessions e o escambau, começaram a ser desligados sem aviso prévio. eram arquivos gratuitos com a discografia oficial e outras coisas inimagináveis - com resenha, capinha e às vezes as letras - do Captain Beefheart, Bonnie Prince Billy, Bob Dylan, BB King, Wanda Jackson, soul, funk rockabilly, punk, tudo, praticamente, ao alcance de um clique. alguns blogs abdicaram de seus endereços e abriram outros domínios que também foram deletedos, outros continuam atuando de forma tímida, os mais desaforados apenas abandonaram a alcunha de blog e continuam botando fogo na orelha de quem sempre vasculhou, através de um endereço particular, um site. as pistas estão nas grandes comunidades virtuais.

só queria dizer que o Doctor Mooney 115th Dream ainda existe! descobri agora pouco.

olha isso.

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POSTCARDS DO ATACAMA



amanhã a V Mostra de Teatro Cemitério de Automóveis continua. vai rolar "Postcards do Atacama" e, porra, essa peça é muito foda. Só mais quarta e quinta.

texto e direção: Mário Bortolotto - elenco: Mário Bortolotto, Fernanda D'Umbra, Nelson Peres, Carlos Carah, Daniela Dezan, Wanessa Rudmer, Flávia Tápias, Luciana Vitaliano, Fernanda Sanches, André Ceccato, Paulo Jordão, Jiddu Pinheiro, Walter Figueiredo, Samya Enes e Marina Franco

"Toddy abandona a esposa, refugia-se em um hotelzinho de fim de mundo e fica enviando cartões postais para a esposa, que contrata um detetive para encontrá-lo."

quarta e quinta, às 21h Ingressos: R$ 10,00 Sala Jardel Filho
Centro Cultural São Paulo - Rua Vergueiro, 1000 - São Paulo - SP

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depois todo mundo raspa o gato pro boteco em frente ao CCSP para assistir Fluminense x Corinthians.

Monday, September 13, 2010

####FESTA DE MERDA####

OS HAXIXINS




Da beira de um córrego da Zona LOST, apelido dado para a Zona Leste da cidade de São Paulo, a parte da periferia de onde vieram as bandas mais garageiras da cena brasileira, surgem Os Haxixins. Talvez pelos vapores, a poeira ou o ar do local, eles são a banda mais obscura, psicodélica e autêntica da vizinhança.

Influenciados pelo rock obscuro dos 60's, garage punk e psicodelia, os amigos Sir Uly (bateria) e Fábio (guitarra) resolveram montar um repertório “Só com o pedal Fuzz e a coragem”, segundo o próprio Uly, depois de terem feito parte da extinta banda The Merry Pranksters.

O nome do grupo surgiu após o convite feito para o baixista Daniel Villafranca e o organista Alexandre "Alôpra" Romera, inspirados no livro “Clube dos Haxixins”, sobre as experiências de um grupo de fumantes de haxixe fundado em 1845, que reunia artistas como Charles Baudelaire e Téophile Gautier. As reuniões, realizadas no Hotel Pimodan, serviam para promover o uso de haxixe, levando seus membros a se deliciarem nas mais fantásticas alucinações e pesadelos, coisas com as quais os atuais Haxixins se identificam.

Além do visual retrô, os caras só tocam com equipamentos antigos e, sempre que possível, carregam seus Gianini Tremendões e Phelpas por onde vão. Outro diferencial das apresentações ao vivo é o "light show", projetores de luzes psicodélicas sobre a banda.

Na estrada desde meados de 2003, já tocaram em lugares ímpares, como o Bar do Bal, no extremo sul da Zona Sul, e o Bar do Aranha no coração da Vila Formosa, além de clubes do circuito de música independente e festivais, como Goiânia Noise (Goiânia) e Be-Bop-a-Lula (São Carlos).

Depois de quase desistirem de gravar um disco devido a tentativas frustradas de alcançar a sonoridade de bandas dos 60s (ou pelo menos se aproximarem do estilo das gravações, sujas e pequenas), em 2007 foram apadrinhados pelo Berlin Estúdio, produzidos por Jonas Serodio (Thee Butcher's Orchestra e The Blackneedles), e conseguiram alcançar o resultado tão esperado com o uso de gravador de rolo, amplificadores valvulados e instrumentos de época.

O disco saiu pelo selo independente português Groovie Records em vinil de 12 polegadas, apresentando composições próprias banhadas em ácido lisérgico, e covers, como "Dirty Old Man" (The Electras) e "In The Deep End" (Artwoods). Na seqüência, veio a primeira turnê européia, que passou por Portugal, Espanha e Itália.

Na viagem, a banda fez shows memoráveis em santuários do garage rock mundial, como La Pequeña Betty e La Gramola (Espanha) por onde já passaram importantes bandas da cena garagera e Skalleta (Itália), por onde já passou o eterno líder do Love, Arthur Lee. O disco também trouxe resenhas em publicações conceituadas, como Shinding (Inglaterra) e Lost In Tyme (Grécia), além do portal de garage punk espanhol I-Punk.

De volta ao Brasil, o baixista Daniel deixou a banda para se dedicar a outro combo, Os Cavernas, e foi substituído pelo amigo de longa data, Caio Sérgio. Logo voltaram ao Berlin Estúdio e registraram duas composições próprias ("Depois de um LSD" e "Espelho Invisível"), que saíram num compacto simples, também pelo selo português Groovie Records.

Para 2009, preparam o lançamento de um compacto duplo por um selo do Texas (EUA) e aguardam o relançamento do primeiro álbum pelo selo americano Get Hip, também dos EUA, casa de bandas como The Cynics e Ugly Beats.

A segunda passagem pela Europa teve uma grande marca para Os Haxixims. Com o set list recheado de músicas inétidas, tocaram em clubes importantes como Gruta 77 (Madri)d), Bullitt (Bilabao) e talvez o mais esperado, Primitive Festival. Um Festival que conta com os apreciadores da garage sessentista de todo o continente velho e outros. Segundo palavras do organizador do festival, Dave Andriese, Os Haxixins mostraram como se faz o vedadeiro rock primitivo, nú e cru. Sem contar que dividiram o palco com a banda Fleshtones dos anos 80. De volta ao Brasil, Caio Sérgio seguiu seu rumo e hoje não faz mais parte dos Haxixins, dando lugar para o antigo amigo da banda Edu Osmédio. Os Haxixins fazem questão de ressaltar o CCPC, um novo clube que tocam todo mês. Um lugar que abraçou a verdadeira causa da garage e que dá oportunidade para bandas com as mesmas referências que os Haxixins para tocar. Com as vinhetas do video clipe dos Haxixins mostrada pela MTV, o espaço tem crescido...

by:Gregor Izidro e Marcelo Schenberg

www.myspace.com/oshaxixins

Mickey Junkies na Festa de Merda - quinta-feira, 16






Por Rodrigo Lariú, Midsummer Madness

Mickey Junkies foi uma das referências do rock alternativo no Brasil nos anos 90. O quarteto de Osasco, que desde 1990 vinha testando formatos do que seria uma banda, juntou os trapos pela primeira vez em 27 de novembro de 1991, dia do aniversário de Jimi Hendrix, para um show na extinta casa Dynamo, com Rodrigo Carneiro (voz), Érico Birds (guitarra), André Satoshi (baixo) e Alexandre Carvalho, depois substituído por Ricardo Mix na bateria.

Após vários ensaios e bons shows, em 1992 o Mickey Junkies gravou sua primeira demo, “Always on the beat”, com Edson X da banda Gueto como produtor. Junto com Killing Chainsaw, Pin Ups, Tube Screamers, Okotô, todas de São Paulo, Mickey Junkies rodava os porões da capital, tocando praticamente em todos lugares possíveis da cidade.

Ainda em 1992, gravaram a 2ª demo ao vivo numa das casas noturnas mais famosas da época, o Espaço Retrô. Sem tocar na rádio, sem gravadora por trás (na época existiam pouquíssimas gravadoras independentes, a maioria eram selos distribuídos por multinacionais) e numa época pré-internet, o máximo que qualquer banda conseguia eram citações em matérias sobre o udigrudi nacional e ter o Jello Biafra, ex-Dead Kennedys, na platéia de um de seus shows, no Der Tempel em 1992. Com toda esta bagagem, ainda em 92, o MJ faz seu grande show, no Aeroanta em SP, abrindo a noite para um show do DeFalla.

Aparecer na imprensa não era problema para o Mickey Junkies: em 1º de janeiro de 1993 o jornal O Estado de S.Paulo estampava na capa de seu caderno cultural uma matéria com Dave Grohl, na época ainda baterista do Nirvana, elogiando os discos de bandas brasileiras. A respeito da demo Mickey Junkies, Grohl comentou: “Tem influências de punk antigo, é cool !” Em fevereiro de 93 eles gravam a 3ª demo, desta vez ao vivo no programa Clip Independente, que colocava bandas brasileiras ao vivo na Brasil 2000 FM durante 1 hora semanalmente.

Ainda em 1993, os críticos da revista Bizz elegeram o Mickey Junkies como 4ª colocada no quesito revelação de 1992. À frente deles, Skank e Daniela Mercury, com um honroso 1º lugar para o Second Come. Mas o melhor de 1993 ainda estava por vir: o Mickey Junkies participou do 1º Juntatribo, festival alternativo que aconteceu na UNICAMP naquele ano e reuniu as melhores bandas do underground brasileiro. O jornalista Felipe Christ escreveu num jornal da época: “Mickey Junkies foi um dos destaques da noite. O vocalista ensandecido ganhou a atenção do público apoiado por uma banda competente…”

“A True Noise Experience” foi a 4ª demo da banda em apenas 2 anos de existência. A esta altura do campeonato, bandas contemporâneas como Second Come, Killing Chainsaw, Pin Ups e Virna Lisi já tinham seus discos, só faltava o do Mickey Junkies. A banda continuava a tocar bastante, aparecia em vários programas de TV, em todas as revistas e jornais possíveis, eram o must dos fanzines da época. Além disso, a música “Holiday on Ice” estava entre as mais tocadas da rádio Brasil 2000, e entrou numa coletânea em disco de vinil do programa Clip Independente.

Em 1994, outra coletânea, a famosa “No Major Babes” do selo Caffeine, distribuído pela Paradoxx e organizado pelo jornalista Marcel Plasse, trazia a versão exclusiva de “Waiting for my Girl”. Este primeiro contato com a gravadora Paradoxx resultaria no CD Stoned, gravado em julho de 1995 e lançado no mesmo ano pela Paradoxx, uma das poucas independentes “grandes” da época. O disco foi produzido por R.H. Jackson (que havia gravado “Scrabby” do Pin Ups).

Mas após ter conseguido o que todas as bandas da época procuravam - gravar um disco - os problemas que levariam ao fim da banda começaram.

Retorno

O recesso das atividades da banda durou exatos 10 anos. Até que em 2007, o grupo voltou a se encontrar, a ensaiar e a se apresentar ao vivo. Em paralelo à retomada, o selo Midsummer Madness produziu uma edição online do disco Stoned, acrescida de um bônus com sete músicas, e o quarteto, que foi uma das atrações da 14ª edição do Goiânia Noise Festival, realizada entre os dias 21 e 23 de novembro de 2008, lançou na ocasião uma nova faixa intitulada "Tryin' to resist". O ano de 2009 foi marcado por aparições em programas da web, como o Poploaded, apresentado por Fabio Massari e Lúcio Ribeiro, e shows no Vegas, Matilha Cultural, Centro Cultural da Juventude, entre outros. Em 2010, a banda segue compondo e tocando.

Ler mais: http://www.myspace.com/mickeyjunkies#ixzz0zRChcxKs

Wednesday, September 08, 2010

eu gosto de Screaming Trees

O site Pitchfork colocou sua lista das 200 melhores músicas dos anos 90. Achei um pouco forçada, têm muita porcaria ali, como todas essas listas extensas, e outras coisas que nem imagino quem são; além do velho lixo que pega bem falar que gosta hoje em dia e fazer cara de panaca grafiteiro que sai em revistas ultra-descolada com fotos fora de foco e tênis logotipado sem meia. mas vale conferir.

Aqui, The Vaselines se expressando muito bem.

"I Hate the 80's" - The Vaselines

Herói Devolvido

A V Mostra de Teatro Cemitério de Automóveis continua.
Hoje e amanhã rola "Herói Devolvido", adaptação e direção de Mário Bortolotto do livro do Marcelo Mirisola.
Assisti algumas cenas durante o ensaio na semana passada. é foda.
amanhã estarei lá.

às 21hs, 08/09/2010 e 09/09/2010
CCSP - Centro Cultural São Paulo
Rua Vergueiro, 1000.
Sala Jardel Filho

Tuesday, September 07, 2010

fiquei sabendo agora que Abbey Lincoln morreu. bem no dia do meu último aniversário. aqui ela canta "For All We Know", no início de Drugstore Cowboy, de Gus Van Sant. essa versão é tão bonita que chega a ser perigosa, algo fora de moda, como aquela vizinha no prédio da frente que arremessa, de madrugada, garrafas através da vidraça do apartamento.

Thursday, September 02, 2010

breve na Festa de Merda

Predador Entra na Sala



ainda restam 2 semanas de temporada.

Wednesday, September 01, 2010

V Mostra de Teatro Cemitério de Automóveis




amanhã começa a V Mostra de Teatro Cemitério de Automóveis.
logo de cara a gente volta com "Música para Ninar Dinossauros", nos dias 3, 4 e 5 de setembro.

Sexta e sábado, às 21h; domingo, às 20h - Ingressos: R$10,00 - preço popular (retirada de apenas um ingresso por pessoa): todos os dias para 20% da lotação da sala (R$ 2,55) - Sala Jardel Filho (324 lugares)
Rua Vergueiro, 1000 - tel: (11) 3397-4002
Paraíso - São Paulo - SP



Tuesday, August 31, 2010

estreia hoje no CCBB



não deixem de assistir.

Festa de Merda#setembro de 2010#22h



agora vai.

abaixo o release da banda PORTO, do Richard Ribeiro. Ele participou da primeira edição da Festa de Merda, em 2005, no Susi in Transe, tocando com o DEBATE.

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Porto é o projeto de Richard Ribeiro, baterista e compositor que nos últimos tempos vem se apresentando com artistas de diversos gêneros musicais no Brasil e no exterior.

Em Porto, Richard mostra a diversidade de suas influências, com um trabalho instrumental que mescla elementos do jazz, rock e improvisação.

Além de arranjos rítmicos criativos, destacam-se no novo projeto as belas melodias de metalofone, tocado sem que haja interrupção dos movimentos na bateria, alem de disparar bases pré programadas.
As apresentações desde 2006 vêm sendo feitas em duo e em trio com o guitarrista Renato Ribeiro e Mauricio Takara no vibrafone.

Atualmente, Richard Ribeiro é integrante dos grupos: SP Underground (do trompetista Rob Mazurek), Jeneci, Bodes & Elefantes, MDM, Lurdez da Luz e Dudu Tsuda. Tocou com Nana Vasconcelos, Mike Ladd,Nathan Bell, Faraquet, Hurtmold, Karina Buhr, Cidadão Instigado, Guizado, PexbaA, entre outros.

Richard Ribeiro já participou de festivais nacionais como Nokia Trends, Tim Festival, Londrina Jazz Festival, Goiania Noise, e já traz no currículo turnês e apresentações internacionais como Chicago World Music Festival (Chicago, Illinois - EUA, 2006)
SXSW (Austin, Texas - EUA, 2007)
Guelph Jazz Festival (Guelph, Ontario - Canada, 2006)
Verona Jazz Festival (Verona, Itália,2008)
House of Cultures (Berlim, Alemanha,2009).

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aqui uma amostra do que eu vou colocar na discotecagem, pra já ir ensaiado:

"Two Pints Of Lager And A Packet Of Crisps Please"
- Splodgenessabounds

Saturday, August 28, 2010

hoje, hein

venhaí

Wednesday, August 25, 2010

manda a próxima rodada

Conca lança Deco, na sutileza, que faz um lançamento de prima para Washington cutucar o barbante de Harlei, o goleiro do Góias. Tô feliz pra caralho. O Fluminense do Muricy vem jogando de forma assoberbante, colocando um pesado manto sobre minha eterna desconfiança. Não perde há 12 jogos, sendo o melhor visitante do Brasileirão. Conca vem destruindo as defesas adversárias com dribles lisos e letais como golpes de katana; e agora arrumou um irmão mais velho, o portuga destro Deco, que já demonstra entrosamento do meio pra frente e atuou bem hoje, no Serra Dourada, ajudando na marcação quando precisou. Os laterias são rápidos como quem rouba e disparam em contra-ataques fulminantes. A defesa funciona seja com os 3 brucutus André Luiz, Gum e Leandro Euzébio, ou com apenas 2 deles recebendo ajuda do meia defensivo Diogo. Se continuar assim, vai exterminar muito técnico ainda; Silas, do Grêmio, foi o primeiro.
No fim de semana o Fluminense encara os bambis no Maraca. O grande problema são os desfalques, nem Emerson nem Fred nem Gum estarão em campo. O São Paulo, forte candidato ao descenso, vem jogando futebol como se fosse queimada.
Já o Corinthians não preocupa, embora seus torcedores sejam realmente chatos, por isso, mando um dedinho no cu de cada um.



montado com sobras de peças de fotocopiadoras Xerox pelos carcamanos chapados Tanino Liberatore e Stefano Tamburini, o bio-mechanoid cyberpunk Ranxerox resurge, finalmente, numa compilação da editora Conrad, com todas as histórias, inclusive algumas inéditas que não saíram pela falecida Revista Animal, nos anos 80, quando esgotavam das bancas em poucos dias. numa Roma pós-apocaliptica e decadente recheada de ultra-violência e sexo sujo, com as ruas dominadas por gangues de viciados e todo tipo de delinquente matusquela, Ranxerox faz qualquer coisa para agradar Lubna, sua putinha chupeteira viciada de 12 anos de idade. Liberatore é uma lenda dos quadrinhos italianos, já Tamburini, um artista esquisito como um grande artista supostamente deve ser, morreu de overdose de heroína com 31 anos, logo após os dois finalizarem o terceiro capítulo da série. com uma estética brilhante e original, a saga de Ranxerox pode ser considerada uma das maiores obras-primas dos quadrinhos underground.

Tuesday, August 24, 2010

Haxixins



a excelente banda de psychgaragefuzz e o caralho a quatro Os Haxixins vão da ZL para os braços da Europa. vão tocar o terror lá, tenho certeza. puta banda fudida de sujeitos podres.

Friday, August 20, 2010

breve

Wednesday, August 18, 2010

Monday, August 16, 2010

hoje.



coloco som na noite da Vivi. quem quiser aparecer, me avisa.

Friday, August 13, 2010

numa sexta-feira 13 de agosto,

Ted Barrow está de volta.
e isso é do caralho.

e Diddy Wah continua na sua onda "vocês precisam ouvir isso".
se liga nos Elvis.
há 33 anos, o rei empacotava com 14 drogas variadas borbulhando na corrente sanguínea.

::
nem toda polícia...

Thursday, August 12, 2010




Coloquei meu fone de ouvido e minha jaqueta de couro com o forro tão estropiado quanto o das mesas de sinuca do centro da cidade e fui atrás de um dos sujeitos que contribuíram para arruinar minha vida. Terça-feira passada, num começo de noite frio e acinzentado, o congestionamento travava tudo em frente à minha casa, os coletivos estavam entupidos de pessoas preocupadas em chegar logo onde quer que fossem. Larguei meu automóvel de bateria arriada na goma e desci a Cardeal peregrinando, alheio a tudo ao meu redor e com vagas idéias erradas rodeando minha mente. No fone, Harlem tocava alto, muito alto, e ditava meu ritmo. Meia hora e meia depois, cheguei ao meu destino e percebi que o mesmo estava apinhado de gente. Eu já esperava por isso, pois quem estava lá dentro era a lenda viva Robert Crumb. Atochei a boina fundo na cachola e, depois de perceber que seria impossível conseguir um lugar nas cadeiras, me posicionei num degrau estreito da escada, logo atrás de onde Crumb e seu amigo Gilbert Shelton se sentariam para bater um papo maneiro com a rapaziada. Caco Galhardo chegou logo na seqüência e me confessou ali sua ansiedade de intermediar o papo com esses dois senhores que se empanturraram de LSD nos tempos áureos da calça boca de sino. Confesso que nunca li Freak Brothers nem calcei chinelo de couro, cultivo certo asco de qualquer coisa referente aos hippies, mas estava ali apenas para ver, mesmo que de longe, Robert Crumb.
Do local que me posicionei - e não me levantaria mais durante as próximas 2 horas - estava a menos de 2 metros da mesa principal. No momento que os sujeitos entraram, uma muvuca ensandecida se formou por cima da minha cabeça, bicos de sapatos me futucavam as canelas e bundas alheias me esbarravam na cara o tempo todo. Não me importei com nada, apenas em escutar e acompanhar o bate papo apocalíptico que estava rolando. E foi divertido pra caralho. O cara era aquilo mesmo que eu imaginava, um cínico desgraçado, um sujeito engraçado e sacana, que me acompanhou na adolescência em mochilas encardidas e no banco de trás de carros atapetados com vidro à manivela, em salas de aulas tediosas e rodas de maconha no final da rua.
Quando parei de sentir minhas pernas, resolvi me levantar e fumar um cigarro na companhia dos meus amigos. Já estava satisfeito e feliz. Impossível negar que fiquei emocionado.


Leia também, longe dos 140 caracteres e comments abreviados, o relato do Grampá, que conheceu Crumb em Paraty; e do Mac que fez um rolê com o cara para encontrar vinis de 78 rpm em Sampa. São de lascar.


na próxima segunda discoteco no On The Rocks.
quem precisar de lista mande um alô.

Wednesday, August 11, 2010

Sunday, August 08, 2010

"Stand By Me" - Ben E. King

Saturday, August 07, 2010

Tinha uns caras ai que entravam no mato no meio dum puta breu, puxando os cavalos pelas rédeas. Isso há uns 37 anos atrás. Eu nem imagino como eles enxergavam nessa escuridão duzinferno. Lembro que o Salvador, um capataz negro imenso com uma careca reluzente e um sorriso torto porque tinha quebrado o queixo, acertou o rapazinho lá, o tal do filho do prefeito, como era mesmo o nome dele... Walter, é, o Waltinho. Ele, o Salvador, deu com a peixeira no pescoço do infeliz. Ninguém mandou o janota caçoar do crioulo, né? O sangue jorrou todo no assoalho do salão. Nessa hora foi um escarcéu. Todo mundo abriu. Mas num segundo ficou aquele silêncio que sucede esse tipo de infortúnio, e você sabe do que eu tô falando. O Salvador ficou lá, parado que nem estátua. A cabeça brilhando num suadouro desgraçado, o olhar baixo coberto pelas sombras e a mão esquerda segurando o pulso da outra mão que tava com o facão. O filho do prefeito estatelado, o sangue escapando do corpo bem nutrido pelo talho na nuca que nem petróleo numa fenda de terremoto. Foi do cacete. Aí o Salvador pegou o rapaz pelo calcanhar e foi arrastando através da porta. O corpo ainda deu uma estrebuchada, como se o espírito quisesse ficar no balcão. Eu fui atrás, tinha medo não, eu gostava do Salvador. Mais uns cretinos vieram também, que já estavam até sóbrios nessa hora. Vi o Salvador jogar o corpo do rapaz no lombo do cavalo. Daí foi na frente puxando a rédea, entrou no matagal e sumiu. Ainda fiquei um tempo escutando ele farfalhar o mato enquanto se embrenhava cada vez mais pra dentro, só que depois eu acho que era o vento. Tinha uma lua redonda no céu, que nem uma tampa de panela, isso deve ter ajudado ele a enterrar o Waltinho.

Monday, August 02, 2010

atualizado

Saturday, July 31, 2010

"Lapse" - Bill Callahan

Wednesday, July 28, 2010

eu queria pegar aquela rodovia que vai pro oeste. nem bem sou um cidadão aqui. quando chego em casa, escuto o vizinho tocar seu piano misturado ao som de algum massacre que acontece na televisão no noticiário de fim de tarde. aqui do outro quarto. ouço a brasa queimar o papel do seu cigarro. a metrópole emfurecida lá em baixo. nem me importo mais. nem durmo. sonho com o sibilar dos caminhões ocasionais na rodovia.

momentinho poeta #53

existem pessoas

que contam
coisas
números
existem pessoas que escutam
ouvem
ou vêem

folhas secas sopradas pelo vento

isso já era
é à toa

existem pessoas que se acham
grandes
coisa
existem coisas
existem pessoas
que são iguais
nem todas
que latem pro carteiro preocupado
com outras coisa

existem coisas

Monday, July 26, 2010


(clique para ampliar)

Wednesday, July 21, 2010

Monday, June 28, 2010

terça - 29/06

Thursday, June 24, 2010

I've been sitting here, thinking

essa música lasca o mármore da alma. me manda pruma autoestrada mal iluminada sem sinalização alguma, restos de dia esfarelando no horizonte, o vidro do carro aberto, um cigarro na canhota e uma long neck pescoçuda sambando no painel.

me faz pensar neste filme também.

"Your Own Backyard" - Dion

I've been sitting here, thinking
About when I started in drinking
I went on to dope
It surely did change my life

I cried a tear in a beer for me
I lost everything near and dear to me
Mainly my children and my wife

My idea of having a good time
Was sitting with my head
Between my knees

I knew everything there was to know
Everything except which way to go
I cried, oh, God, take me
Will you, please

Many a time
I swore up and down
I didn't need any of this junk
That was going round

I can quit
Let me finish what I got
After all, this stuff
Sure costs a lot
Then I'll get my feet
Back on the ground

I can't tell nobody
How to live their life
Even though inside
We're all the same

All those things are toys
I was playing with
You know we're all losers
In that game

Now since I've been straight
I haven't been in my cups
I'm not shooting downs
I'm not using ups

You know I'm still
As crazy as a loon
Even though I don't run out
And cop a spoon
But thank the good lord
God, I had enough

Now, I got a friend
His name is Richard Grands
He says you don't need
To be stoned to grow a friend

Believe me
You're all beautiful people
Just the way you are
Tell me, what has that
Stuff done for you so far, yeah

I've been sitting here thinking
Been winking, I been blinking
I don't have to sit around
No more and nod

I can do anything
That I wanna do
I do it straight
I do it so much better too
And it's, it's gotta start
Right in your own backyard

I said it's gotta start
Right in your own backyard
You know everybody has
Their own beautiful backyard

You might have oil wells
In your own back yard
Yeah, your own backyard...

Wednesday, June 09, 2010

em Brasília

Monday, May 31, 2010



"There are moments that I've had some real brilliance, you know. But I think they are moments. And sometimes, in a career, moments are enough. I never felt I played the great part. I never felt that I directed the great movie. And I can't say that it's anybody's fault but my own ... I am just a middle-class farm boy from Dodge City and my grandparents were wheat farmers. I thought painting, acting, directing and photography was all part of being an artist. I have made my money that way and I have had some fun. It's not been a bad life."


Dennis Hopper, 1936-2010

Wednesday, May 26, 2010

monohand



estreia hoje no parlapa. apareçam. na minha opinião, a peça vai fazer as pessoas sorrirem como se olhassem para uma foto engraçada no jornal; escutassem um papo de louco num coletivo, ou melhor, lessem uma série de tiras hilárias sobre uma situação casual. e isso ai é otimo. porra, é o primeiro texto do Caco Galhardo pro teatro, e o cara é um sacador do dia a dia paulistano ordinário, onde nasce o humor palpável mas que apenas caras como ele conseguem criar em cima disso. as gurias são talentosas pacarai; o cenário coloca uma esquina da dona Oscar Freire no palco; agora a trilha... bom, a trilha, espero que dê uma baratinada, ou eu e o Sérgio Arara vamos perder as penas.

"MENINAS DA LOJA"
Primeiro texto para teatro do cartunista Caco Galhardo, trata com humor as histórias e confidências de quatro mulheres que trabalham numa sapataria. Direção de Fernanda D'Umbra.
Espaço dos Parlapatões | Quintas-feiras, às 21h, e sextas-feiras, às 21h30 | Até 2/7

xxx

no site da NME rola a interessante votação "Most Beautiful Band Logo". têm uma porrada de logos clássicos ali. eu gosto dos toscões dazantiga, tipo Clash, Public Enemy, Motorhead, até o do PIL me agrada.


xxx

tá certo que o clipe - a gravadora disponibilizou de forma viral antes do lançamento do disco - é um caminhão de bosta, como diz o Zed, mas a música é corrosiva, daquelas que de cara podem causar um dano repentino nazureba, depois estoura nas tripas até aflorar na cara. the black keys não é uma banda de comédia como um otário de costeletas me falou esses dias numa buáti cheia de seguranças protegendo seu traseiro.

Thursday, May 20, 2010

hoje

às 19hs30, no CCBB.


e mais tarde, no Sarajevo





e também tem Saco de Ratos, no Aurora


A partir das 24h00 - Rua 13 de Maio, 112 - Bixiga - Tel: 3255-5564
Ingresso : R$5

"ô... rola di amanhecer na Paim com a cara toda mijada, bunéco doido, tá ligado, ermão?"

Tuesday, May 11, 2010



eu passava horas de boca aberta, babando em cima de cada capa do Conan que esse sujeito fazia. lembro até hoje da primeira vez que me deparei com uma delas, numa banca de revistas em Brasília. porra, o barato se destacava no meio de todas as outras; dava medo e curiosidade; daí eu comprei a Espada Selvagem e fui pra casa. eu tinha 8 anos. aquilo mudou a porra da minha vida.
se não fosse o Frazetta, juro, jamais teria me envolvido com folhas em branco.

valeu, Frank Frazetta, tu sempre foi uma lenda pra mim.

Sunday, May 09, 2010

Música Para Ninar Dinossauros


foto: Kelly Knevels

Hoje, às 20h

no Espaço Parlapatões,
Praça Roosevelt, 158

Wednesday, May 05, 2010

todas as quintas de Maio

ferve

Wednesday, April 28, 2010

Big Rock Candy Mountain

Sempre me pergunto para onde vão aqueles andarilhos esfarrapados quando cruzo com algum deles, cambaleante, com grandes olhos que brilham sob os faróis do carro no acostamento de uma rodovia erma à beira de uma cidade que não existe. Completamente isolado da civilização moderna. Talvez para lugar nenhum. Quem sabe um eterno retorno. Ecos de delírios espumantes para as estrelas no manto negro do céu. Eu vejo o vagamundo caminhando para lugares abandonados e baldios dentro do seu peito, como uma criança de três anos esquecida num parque de diversões semi-desativado, e tento imaginar para onde vai aquele homem e no que ele pensa. Expressões silenciosas na pele vincada pelo sol que cobre os ossos protuberantes. Rosto de granito. Cobertores com marcas de cigarros e carrapichos. Panela sem cabo. Caixa de fósforo vazia. Fadiga permanente e saudade perdida. Nada em lugar nenhum. Sentado no chão, perto de uma fogueira, solitário com resto do mundo que gira ao redor. Indo e vindo no balanço de alguma bebida genuína. Às vezes quando me sinto fajuto, completamente do avesso, fumando furiosamente deitado no colchão olhando o ventilador lento no teto, percebo o andarilho. E sinto inveja de sua bravura.

Friday, April 23, 2010

estréia sábado, 21hs



"os pterodátilos foram os animais mais graciosos que já voaram nesse mundo."

também aos domingos, 20hs, no Espaço

Sunday, April 04, 2010

Wednesday, March 31, 2010

só mais uma coisa, saca só que foda o Alex Chilton mandando "I Will Always Love You" numa rádio em Memphis, em 1975. e sim, essa música é aquela uma lá que a Whitney Houston canta, que na verdade é uma composição da Dolly Parton, que canta "Jolene" e por ai vai...

Chilton morreu há 2 semanas. ele foi guitarrista do Big Star, uma banda foda dos anos 70. o primeiro disco deles, #1 Record, é considerado em muitas listas por ai um dos discos mais tristes da música pop.


"I Will Always Love You"
- Alex Chilton

roubei o Boogie Woogie Flu. tem muito mais lá.

estreou

“Brothers” o sexto disco de estúdio do duo The Black Keys será lançado no dia 18 de Maio. Experimente “Tighten Up” - uma das 15 músicas que estarão no disco -, produzida pelo Danger Mouse.

“Tighten Up” - The Black Keys

**

Ontem assisti o documentário “End of the Century – The History of Ramones” que o chapa Marcelo Montenegro gravou pra mim. Bem alto de madrugada na televisão. Emocionante. Aquele caralho de banda salvou minha vida diversas vezes, mergulhado numa calçada rachada com um bando de amigos violentos cantando “Here Today, Gone Tomorrow”, com todo o entusiasmo da juventude escorregando sorrateiramente do bolso de trás da calça jeans justa de Dee Dee.
Hoje eu ainda continuo a me sentir inadequado cortando as unhas dos pés no sofá às três da madrugada ouvindo Ramones. Nada novo. Nada. Sequer algo passageiro ou uma música do Bowie na cabeça, aquela dazantiga em que ele diz que nunca fez coisas boas. Já que às vezes o que resta mesmo é chutar latas num fim de tarde nublado de um domingo de feriado prolongado em São Paulo, com o sol se pondo atrás dos edifícios e as luzes dos postes acesas, quando as sombras começam a abraçar as poucas pessoas na rua e eu finjo ser Joey Ramone só para me tolerar um pouco.

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ando viciado na Estante Virtual. Lá encontrei a “Última Saída para o Brooklin” e “Réquiem para um Sonho”, dois livros fora de catalogo de Hubert Selby Jr. que passei a adolescência procurando em sebos de diversas cidade brasileiras. É possível encontrar tudo lá e eu, imbecil, não me toquei antes. A coleção completa da revista Animal ou até mesmo a lendária Circo. Firmeza. Já chamei pelo “Mulheres”, do Bukowski e “A Lua do Falcão”, do Sam Shepard. Agora vou ali buscar a biografia do Frank Sinatra que está disponível num sebo aqui na Teodoro.

Thursday, March 11, 2010

hoje.

tô lá já.

Wednesday, March 10, 2010

Sunday, March 07, 2010

a life along the borderline

e neste final de semana mais um sujeito atormentado e talentoso deu um jeito de escapar pela porta dos fundos. Mark Linkous suicidou-se no sábado. Linkous era mais conhecido pelo seu projeto de alt-country Sparklehorse. Algumas de suas músicas são grandes experiências de como se sentir triste e confortável num sábado de sol. confira abaixo o belo vídeo de "It's a Wonderful Life":

Thursday, March 04, 2010

Bad Dog

São 5 horas da tarde. Shirley está sentada nua de tênis no azulejo azul da varanda. o quintal dela. com seu velho hábito inofensivo de riscar os braços com uma lâmina gasta de estilete. Fico um pouco intrigado com a rede que ela está usando nos cabelos. E tem um filho da puta buzinando na esquina há horas. Ecos intermitentes dentro da sala de estar onde durmo como um moribundo de favor. Rumores moídos espalhados num prato estilhaçado com restos da noite anterior. Uma caixa de areia entupida com a merda do gato atropelado. A casa está cheia de pessoas que não conheço nem de vista, hippies desdentados que mijam em potinhos e que gostam de massagem e da puta da mãe natureza deles e dos executivos preocupados. Tentam argumentar com calma, bastante dengo comigo, sobre como sou um sujeito sortudo por ainda estar vivo. Mas é à noite que eles ficam bêbados e choram ouvindo música mexicana. Shirley sempre chora mais que todos e berra sem saber agüentar as conseqüências nem medir as chances, mesmo assim, vai morrer de velha, eu sei, com o rosto inacreditavelmente enrugado e cistite. E todos falam muito alto, parecem caricaturas circunspectas e imundas que só falam merda, rumores. Sempre que acordo no meio da sala, nesse colchão úmido de solteiro sem lençol como comida esquecida num prato na geladeira, penso em Miyamoto Musashi de cócoras cagando em sua caverna escura elétrica. e chove torrencialmente e uma cortina d’água se forma na entrada da gruta.

Tuesday, March 02, 2010

Uma mosca enorme voa ao redor da minha cabeça. O fedor que meu coração louco exala. Pela janela vejo um doido que vaga se esgoelando noite adentro no meio da rua; os carros desviam dele complacentemente. Os faróis brilhando no asfalto molhado. Sombras surgem e desaparecem nas paredes do meu apartamento, como alucinações de um drogado solitário em abstinência. No quarto ao lado, um pecador sem fé seca suas lágrimas sob a escuridão azul e oblíqua que precede o amanhecer, sentado no chão com uma arma carregada no colo, pensando em dar um tiro nos miolos. O grito do louco chama através dos trovões. Moradores de rua que esperam o juízo final nas margens lamacentas das sarjetas do centro. Aquela música que costumávamos cantar toca baixinho na vitrola com estalos em plic plocs. A mosca zumbe ao redor da minha cabeça. A agulha suja e empoeirada desliza sobre o vinil como um carro descontrolado numa curva molhada. Resolvo pegar minha garrafa de uísque e as chaves do Chevy. Já não me sinto tão mal. Tento apenas entender toda essa obsessão sinistra pela morte que os moradores dessa cidade compartilham em silêncio. Uma forma permanente de autodestruição, nos empurrando lentamente na direção da janela. Um abalo físico. Uma necessidade. O resultado é sempre dramático. Pessoas desconhecidas e repletas de fúria. Somos, provavelmente, mais perigosos para nós mesmos do que para os outros.

E vice versa.

Monday, February 08, 2010




Hoje, após passar boa parte da década enjaulado por posse de cocaína e violações de condicional, Gil Scott-Heron, um dos maiores poetas americanos vivo, lança seu primeiro álbum de músicas inéditas em 13 anos. Muitos achavam que ele estava até morto. A XL Recordings coloca na praça “I´m New Here”, um projeto de 4 anos de trabalho junto à Richard Boss - o dono da gravadora independente que possui um catalogo invejável - que foi até a prisão convencer Scott-Heron a gravar e lançar a parada. Você pode escutá-lo na íntegra aqui. Descolei o primeiro single, “Me and the Devil”, uma adaptação assombrosa de “Me and the Devil Blues”, uma das 29 músicas que Robert Johnson gravou nas lendárias sessões num estúdio no Texas. Com percussão eletrônica marcada, típico da black music que Scott ajudou a criar e influenciou desde o começo dos anos 70, a música segue densa e arrastada e coloca o diabo ao seu lado num começo de noite. A canção que dá nome ao disco é uma cover do Smog, também conhecido como Bill Callahan, um folk que fala de recomeço e que, na voz de Scott, soa como bluesman esquecido no canto mal iluminado de um bar. “Your Soul and Mine” surge com uma base eletrônica e sintetizadores fazendo clima para a poesia de Scott-Heron. “I´ll Take Care of you” é uma pérola soul carregada de anseio na voz poderosa do crioulo chapado. O disco, sem dúvida, é um dos lançamentos do ano.

Gil Scott-Heron - "Me And The Devil"