Thursday, October 18, 2012

Inda bem que não é tarde demais para recuperar a merda toda. Eu sempre gritei pelo mesmo nome de mulher enquanto cambaleava por uma rua deserta com uma música dentro da cabeça. Talvez a mesma. Nunca enxerguei claramente. Hoje à noite tou à toa cheio de números e estampas pregados na carne. Sou um inseto numa calçada. O31789541376572984637. Eu fujo de terceira. Ricocheteio pelas paredes como um cupim que dança a valsa do idiota e mergulha numa lâmpada. Eu que sempre achei o céu brilhante demais pra mim. Hoje prefiro luzes elétricas e as sombras. Eu moro num canto famigerado da cidade. Mas frequento sempre a cloaca central. Lá me sinto tão confortável como quando estou sozinho trancado em casa. Cheio de eletricidade. Eu preciso da cidade. Tem vezes que eu dirijo por aí. Sempre pelos mesmos lugares. Os mesmos caminhos. Quando eu quero. Eu faço isso. E têm vezes também que eu misturo um monte de coisas e faço tudo ao mesmo tempo. Nas ruas e em casa. E foda-se se alguém acha isso errado. É tudo que tenho. As ruas e a minha casa. Nunca enxerguei claramente. Eu dirijo por aí. Eu não me importo de ouvir a mesma canção repetida um milhão de vezes dentro do carro, sem esperar ela acabar pra começar outra vez. Eu não espero acabar pra começar outra vez. Eu não espero acabar. A mesma merda de música. Acontece agora ainda. Isso sou eu. Um idiota quadrado. Razoavelmente. Bem melhor que você. Sujeito padrão que se acha o máximo. Não mexa comigo. Quando eu for para as montanhas poderemos viver numa boa. Não troca ideia comigo. Não existe nenhum jogo da minha parte. Apenas mantenha distância. Eu preciso da cidade para dançar minha última valsa idiota. Quando eu for pras montanhas então haverá paz.