Thursday, May 28, 2009

"Suggestion" - Fugazi

emo memo.
bom pa carai.

oferecimento Pretty Goes With Pretty.

Wednesday, May 27, 2009

(continuação da porcaria abaixo)

Compro outro maço num boteco em frente e penso um monte de coisas erradas, como meu dinheiro acabar em breve, antes da aurora. Minha testa arde. Tem um galo nela. Não foi nada. Tomei um baita susto. Os espectros da madrugada estão cada dia mais exigentes e agressivos, como os cães famintos do canil municipal. Iranildo parece fora de si, desferindo golpes no ar e pulando de um lado pro outro. Gordo maluco. A gente cola na casa do Varejão. Ele abre a porta com um baseado na boca. Sua aparência está péssima, parece que foi atropelado por um caminhão de lixo e suas tatuagens estão tão enrugadas que parecem que foram rasuradas com uma faca. Seu apartamento fede e as paredes estão descascadas e úmidas. Tem uma xavascuda seminua horrorosa chapada deitada no sofá, sua pança pende para fora de uma camiseta amarela do Sex Pistols, a boca aberta.

– E aiiiii, parceiro?! – ele praticamente berra, sempre fazendo pose de moleque malandrão. O problema é que já passou dos 60, a base de muita cachaça, droga e Yakult pela manhã.
– Aqui nada. Preciso de 20 conto de pó.
– Cumequié? Tá pensando que é papai?
– Falaí, Varejeira – Iranildo já vai entrando, sem a menor sutileza –, quem é essa ronquefuça aqui? Tá breaca hein!
– Porra, não! Você ainda anda com o Iranildo?
– Saí fora – eu digo lhe entregando uma nota amarela –, pega logo a bagaça que eu vou embora.
– Rapaz. Eu tô na moral aqui, fazendo um amor gostoso com minha cocotinha e você chega cheio de panca assim. Tá achando o quê, Soares? As ruas mudaram.
– Eu num acho nada, profeta, sequer procuro. E essa mulher ai tá morta. – coloco a mão espalmada na testa da infeliz – Tá até gelada. Falando nisso, tem uma cerveja ai?
– Ele se vira e vai até a cozinha. Iranildo começa a fuçar nas gavetas numa agilidade gatuna. Ele quer roubar. É um safado.
– Olha aqui – Varejão aparece sem perceber nada suspeito –, pega uma cerveja e toma sua droga.
– Opa! Assim que eu gosto, papai.
– Agora, senhores, vazem – ele sempre diz isso no final, entortando a cabeça e levantando os braços, como um rei decadente expulsando seus súditos de um castelo em ruínas.

Descemos pela escada de incêndio. Um puta fedor de bosta humana. Iranildo tenta me segurar pedindo um teco:

– Vai, Soares. Alivia, porra.
– Pérai, caralho – eu nego – maior fedor aqui.
– Porra, Soares – ele fala, ofegante –, tinha um berro lindão na gaveta do Vereja, deu maior vontade de pegar, ó.

A gente desce pra Gruta. Ficamos na sinuca-cerveja-pó-cigarro e papo-furado até perto do amanhecer. O jotalhão do Iranildo não cala a boca. Eu não entendo nada do que ele fala. Física quântica. Astrologia. Teatro. Rambo. Negros nazistas da Liberdade. Ladainha das mais incompreensíveis.

– Vamo encarar um inferninho – as primeiras palavras que solto em horas, parece – agora.
– Tua mulher vai ficar...
– Cala a boca.
– Porra, Soares, você nunca falou assim comigo – a bebida começa a afrouxar seus sentidos.
– Iranildo, cara, tu não calou a boca desde a hora que te encontrei.
– E daí, porra? Tava com saudade de fazer um rolê com a tua companhia, truta. Dá cá um abraço.
– Saí fora o caralho!

Vejo uma cambada de emos descendo a Augusta. Sinto nojo. Mas passa rápido.
– Que porra de roupa é essa? – pergunto, injuriado.
– Meu novo estilo, Soares – Iranildo diz isso e levanta o queixo, daí, devagar, cerra os olhos e arqueia as sobrancelhas –, que nem o John Belushi nos irmãos cara-de-pau, tá ligado?
– Lógico. Tá idêntico. O terninho. Chapéu, pá. Inclusive o jeito de andar.

Ele pára . Todo-todo. Sério como uma estátua de folga.

– Tá me tirando, doido?
– Não. Por quê?
– Que idéia torta é essa?
– Torto é o jeito que cê anda.
– Soares, se liga, truta. Lembra daquelas putas que a gente comeu no Treme-treme depois da quermese da Júnia?
– Sei... roubada do caralho. Foi guela.
– Foi mesmo. Peguei uma bicheira na cabeça da piroca. Fui pro hospital e os caras tiveram que arrancar minha fimose na faca, na marra. Chicletinho. Ou, o doutor disse, as verrugas não sumiriam nunca.
– Vixi! – tento me preocupar, sem rir – você devia tá de repouso, né não?
– O caralho! Tô estressado. Sequer posso socar uma. Ficar em casa é a última opção. Se liga, a máquina de lavar roupa da minha goma quebrou – ele dispara a falar, numa levada que me faz esquecer das merdas e me lembra de como é bom encontrar velhos amigos –, minha velha aparece histérica na hora do almoço, começa a reclamar, com um olhar de doida mal comida, que minhas cuecas estão cheias de freadas, que não iria mais lavar aquilo e que eu sou vagabundo preguiçoso e o caralho. Velha folgada, tru, virei bicho!
– é mesmo? Que que cê fez, gordo?
– Ah, meu coroa começou a gargalhar no sofá, me chamou de mela-cueca, cu-froxo e o caralho a quatro – nessa hora seu rosto fica vermelho, algumas veias surgem no pescoço. – Mandei logo ele foder a mãe. Nisso, só senti uma fisgada aqui do lado da orelha – ele abaixa, tira o chapéu e me mostra uma parte raspada da cabeça com um corte cheio de pontos. – O maldito me lascou uma saleirada, Soares.
– Opa! Ah se fodeu – eu preciso me apoiar num poste. – Seu coroa tem a mira sacana. Maldade. Marcou tua jaca, magro.
– Se liga, parceiro! Tá achando o quê?
– Nada. Só que cê tá todo fudido. Todo costurado.
– Maré... liga?
– Sei. Cuidado pro chapéu não atolar.

Caminhamos pela parte escura da Boca do Lixo, puxo o último cigarro e amasso o maço vazio, arremesso a porcaria numa lixeira de plástico entupida pregada num poste. Erro hein. Preciso de mais cigarros, penso. Algumas nuvens carregadas atrás dos prédios do centro. Acendo. Cortinas numa centrífuga. Iranildo não cala a boca. O coitado tá mesmo com os miolos frouxos. Ele não era de falar tanto assim, acho. Sinto-me perdido como um mongolóide pegando ônibus pela primeira vez. Nisso, na Rego Freitas, um cachorro de três patas passa correndo ao meu lado, late rouco pro nada. Caralho, irmão, o que será que vem por ai? Um maluco imundo com pinta de ladrão vem pelo lado contrário e me interpela:

– Dá um cigarro, sangue – ele chega e estende a mão.
– Não tenho - balanço a cabeça, negativamente, e dou de ombros.
– Então, aí, me dá um pega desse teu crivo – ele insiste, numas de me tomar, atravessar.
– Saí fora, mané, tu não tá em condição de exigir porra nenhuma aqui, certo? – falo com calma, tô na minha, no entanto, o filha da puta tenta me acertar uma muqueta que pega de raspão a minha testa. Iranildo, com toda sua habilidade de baleia fora d’água, empurra o desgraçado. Ele cai. Eu me levanto e, como sou covarde, pego uma vassoura velha de esfregar calçada que encontro numa caçamba de entulhos e malho nas costas do folgado. PÁ! Ele rola pro lado e não esboça reação.

Perco o último cigarro.

Thursday, May 21, 2009

confio em ninguém e recuso ajuda

Sou um sujeito atormentado. Acho que deus me fez assim numas de dar risadas. Sinto-me numa planície destroçada pelo vento debaixo de uma tempestade que se alastra ao meu redor. Tudo é muito escuro, sempre, tanto os tons de verde do solo quanto o cinza do céu. Uma sensação dentro da minha cabeça que me aflige diariamente. Existo à noite. Nunca. Quando saio para caminhar pelos escombros da minha vida. Já não tenho amigos mais. Todos desapareceram ou pereceram pelas ruas descascadas dessa cidade. Alguns deles estão internados, como minha mãe. Ainda me lembro muito bem do dia em que Joaquim morreu. Ele ficou encolhido como um feto num terno branco numa viela escura e gelada da Santa Cecília. Tentei convencê-lo a se levantar e ir à um hospital. Ele me abraçou, beijou meu rosto e disse “irmão, prefiro morrer a ser enganado pela mulher que amo”, e o fez. Ninguém sabe o que ele estava sentindo. Algumas pessoas nunca mudam. Eu confio em ninguém e recuso ajuda. Costumo guardar uma arma no armário. Quando saio, carrego ela comigo. Ainda não tive a oportunidade de usá-la. Mas vou continuar. Vou buscar o safado que fez minha mãe triste. Entre becos e saídas da Sé. Na subida da Paim e na 14 Bis. Nas vielas do Jardim Herculano e nos banheiros dos bares do baixo Augusta e da 13 de Maio. Vou procurar nos hospitais públicos e nos terminais mais afastados. Nas esquinas dos Campos Elíseos beirando o Minhocão. Sob um frio de lascar a alma. Um frio que apenas eu sinto. Nas entranhas do negrume paulistano. Vou buscar o safado. E vou descarregar minha arma em sua cara e em seu peito. Vou destroçá-lo e comerei suas tripas. Depois farei uma pequena oração que eu mesmo inventei. Deitarei com os cães. E me sentirei bem satisfeito. O ódio me torna verdadeiro na genial era dos fracos deslumbrados.

Monday, May 18, 2009

xumiguxinha



Achei uma entrevista bacana que Sasha Grey deu para a Rolling Stone brasileira.
Existem poucas mulheres como Sasha Grey.

Tuesday, May 12, 2009

O Cabeça me mostrou essa música ontem. É triste.

É melhor eu ficar quieto, sempre penso isso quando acordo e sinto Neil Young estourando minha cabeça, com um balaço de rifle comprido, dentro do carro. Numa outra tarde em algum outro lugar. O volume no máximo enquanto o pé de chumbo, sem regulagem, afunda o pedal do acelerador e meus dedos sujos deliberam a direção. Fujo pela estadual sem arrependimento no retrovisor. Apenas a culpa me abastece a alma. O sol estalado parece querer coagular minhas vísceras. Vivo numa nuvem. Respiro o ar seco e árido e carregado de fuligem. Dentro do meu barco a motor. Um cadáver dançando com um braço agarrado ao volante e outro segurando um crivo. Pedaços de cães esfarelados pela malha de asfalto. Andarilhos tortuosos com cobertores repletos de carrapichos. Um doido que vaga. Dentro do carro. Apenas eu. Descontrolado. Sem vocação. Oh, mãe, o que mais eu deveria fazer?
Na rodovia cercada de capim seco o motor soa como um arroto dos deuses, um trovão no planalto do outro lado do mundo, que parece intocável agora. Tudo treme ao redor, dentro das sombras dos olhos. Joe Strummer não está por perto para me emprestar um punhado de canções. Empurre-me para fora, assim, quando notar algo estranho comigo. Sem fazer alarde, eu lhe digo, sem fugir de mim. Em câmera lenta e o giro no cume de Aconcágua. Erra-me na curva e jogue-me do desfiladeiro. Embrulhe-me em sangue e vidro. Deposite-me de costas no rio. Um altar que explode em metal e gasolina. Em nome do pai, da puta e do Espírito Santo.
Por que eu deveria querer morrer cantando “Sweet Home Alabama” para Deus?

Monday, May 11, 2009



"Wouldn`t mama be proud"
- Elliott Smith

"To Love Somebody" - Nina Simone

visite 6 Songs.

Friday, May 08, 2009

derilhei

Tuesday, May 05, 2009

vai, caráio.

O The Mirror colocou no site o Top 10 das invasões de palco. Tem lá a manjada guitarrada que Keith Richards malhou num otário; a morte de Dimebag Darrell; Noel Gallagher é arremessado no chão por um sacana gente-fina; agora, quando o fala-merda da Estrela Robbie Williams, rebolando, é pego de surpresa e obrigado a dar um mosh na platéia, quase me caguei.

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aqui o Gadasneve.

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aqui a prova de que era possível se divertir na moral antigamente.
se liga na juke joint.


Hey, hey all y'all.