Friday, September 07, 2012

"No primeiro romance de Gaddis, The Recognitions (1964), um personagem que fala com a voz do autor se lamenta: "o que ele querem do homem que não foram buscar em seu trabalho? O que esperam? O que restará quando ele terminar seu trabalho, o que é um artista além do resíduo do seu trabalho, os restos humanos que o perseguem?". Romancistas do pós-guerra como Gaddis e Pynchon e artistas do pós-guerra como Robert Frank responderam a essas questões de maneira diferente de Norman Mailer e Andy Warhol. Em 1954, antes que a televisão tivesse destronado o rádio como mídia dominante, Gaddis já dizia que não interessa quão sedutora e subversiva possa parece a autopromoção a curto prazo, pois o artista que realmente leva a sério resistência a uma cultura de imagens inautênticas destinadas ao mercado deve resistir a se tornar ele mesmo uma imagem, mesmo que ao preço de certa obscuridade. Por muito tempo, seguindo o exemplo de Gaddis, fui intransigente e queria que meu trabalho falasse por si próprio. Não que eu fosse exatamente bombardeado por convites; mas me recusei a dar aulas, a fazer resenhas para o Times, a escrever sobre a escrita, a ir a festas. Falar de forma extrarromanesca numa era de personalidades me parecia uma traição; implicava na falta de fé na suficiência da ficção como meio de comunicação e autoexpressão, e portanto ajudaria, eu acreditava, a acelerar a debandada do público, que se afastaria do imaginado em direção ao literal. Eu tinha uma cosmologia de heróis silenciosos e traidores gregários. O silencio, no entanto, é eficiente apenas se em algum lugar alguém esperar que sua voz seja alta. O silêncio nos anos 1990 parecia apenas a garantia de que eu estaria só. E no fim percebi que minha desesperança no romance era menos resultado da minha obsolescência que do meu isolamento. A depressão se apresenta como um realismo em relação à podridão do mundo em geral e à podridão da sua vida em particular. Mas o realismo é apenas uma máscara para a verdadeira essência da depressão, que é uma dolorosa alienação da humanidade. Quanto mais convencido estiver de que você é o único com acesso à podridão, mais medo terá de se relacionar com o mundo; e quanto menos se relacionar com o mundo, mais traiçoeiro  parecerá o resto da humanidade sorridente, que continua a se relacionar com ele." Jonathan Frazen, "Qual é a importância?", 1996