Tuesday, June 05, 2007

fonte segura

Acaba que fica louco quando a rotina na cidade grande te põe de banho-maria. Nada acontece em lugar nenhum. Os dias correm todos iguais, sem suspeitas. Ontem caminhei por uma Dr. Arnaldo em obras e me senti num formigueiro depois de uma pedrada, quem dera estivesse chapado, pois fiquei paranóico. Parei num ponto de ônibus, traguei um cigarro com um pouco de monóxido de carbono que saia do escapamento do busão e fiquei analisando o caos. É tudo muito feio e eu até gosto disso, mas porra, todo dia. Me senti cansado, querendo voltar pra casa. Daí o sol ia se pondo ali atrás das antenas. Poucas árvores berrando lá no fundo. Coloquei o fone no ouvido e o shuffle começou com Peggy Lee mandando “Sittin’ on the Dock of the Bay”. Tudo melhorou. Fiquei sentando na mureta assistindo aquela merda toda. Várias pessoas. Vários carros. E minhas habituais reclamações freqüentes que inundam minha cabeça diariamente sendo drenadas pela música. Traguei de novo. Outro ônibus passou entortando meu chapéu. Nada acontece em lugar nenhum. Estava ficando atrasado. Estou. Atrasado. Sabotando as tarefas. Distraindo a cabeça. Daí a sensação de monotonia foi embora, o corpo ficou mais leve e um cheiro confortável de buceta invadiu minhas narinas. O puro delírio. Queria mesmo era estar em casa.

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