Tuesday, September 25, 2007

Açougue

minha revanche é verdadeira quando caio de cara no chão e meus ossos de vidro se espatifam numa calçada do centro. meu amor não me esquece quando telefono de madrugada dizendo que fui espancado por um fantasma que mora dentro de um buraco no meu peito. minha retaliação é decidida quando não sei o caminho de casa mesmo sob a claridade truculenta de um novo dia, morto na noite anterior. outro pedaço de mim escapole e some quando acordo do transe na escuridão devassa para me libertar da dor de algo que já me esqueci. minha desforra é crime contra mim mesmo, numa forma de matar aquilo que me incomoda, que não tem aspas nem pernas nem braços para me açoitar, que apenas me gira numa espiral mundana e depois ri da minha cara. minha covardia é a fuga para um lugar onde o vento não sopra e as pessoas brilham sob lâmpadas elétricas, onde procuro algo afiado como metal para rasgar tudo isso que corta dentro de mim.

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