Monday, April 28, 2008

Furei. Bebi água. O Mário me descolou uma carteira na classe dos fodões, na Jam Session de quadrinhos que rolou ontem na HQMIX pela Virada Cultural, ali na Praça Roosevelt. No entanto, por motivos de uma força bem maior - como kriptonita - fugi de São Paulo e do escarcéu que foi esse final de semana na capital. Pelo line up da bagaça, creio que não fiz falta alguma, só espero não ter cauterizado meu filme com o simpático organizador.
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Fui assistir “Aos Ossos que tanto doem no inverno” na sexta. Puta que o pariu, hein, Sérgio Mello. Tu é um desgraçado. Apelão. Primeiro por ter escrito aquilo ali. Logo na primeira peça já chega mostrando adagas enferrujadas. Depois, por ter juntado no mesmo engradado essa equipe: Mário, Nelsinho, Marcelo Montenegro e a Soledad, que não conheço, mas que pela direção, só pode ser uma grande pessoa. Apareci no Ruth Escobar um tanto esmerilhado pela noite anterior, mesmo assim, comprei um Toddynho e um pão de queijo e me sentei no boteco ao lado. Daí o Sérgio apareceu e ficamos jogando palitinhos até o início da peça. Então, eu entro naquela salinha claustrofóbica, noto uma figura perturbada segurando uma espingarda, minha mente já pensa “lá vem”. E veio. Eu sabia. Algo que aconteceu numa pequena cidade industrial. Que me fez matutar sobre o fato de muitas pessoas nunca terem encontrado paz na Terra. Sobre causos que arrancam uma risada inquieta do ouvinte. Sobre como lavar a roupa suja sem sabão, e a saudade que esfrega teu rosto chão. Gritos abafados pelo escuro do quarto. Sobre uma revanche que se transforma em redenção. Eu sabia. Pouca gente deve saber.
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