Sunday, April 12, 2009

festim


com sua voz vulnerável

ela sussurra uma canção

como se lançasse um feitiço

esquecido para mim

 

numa linguagem que consigo entender

ela canta, inacreditável,

que amanhã a poeira vai baixar

e o sol aparecerá para nós

 

ela me põe no colo

e destrincha meu coração

e enterra blasfêmias sob as sombras

das árvores dos campos

do outro lado da trincheira

 

ela vaga,

e me alerta sobre a longa batalha da noite anterior

sobre a última esperança

sobre gostar de quem não existe mais

sobre dormir de dia

 

tomando leite e assistindo desenho do Papa-Léguas.

 

3 comments:

Adriana Godoy said...

Lindo e doce como uma bala de festim o seu texto.
O desenho da maior qualidade, maravilhoso.
Aliás, adoro seus desenhos, sua arte. Beijo.

Aruanda said...

Realmente. Muito bonito.
Desenho e texto...

Aruanda

said...

Finish him!!! muito bom velho, vem cá esses poemas fazem parte de algum livro seu ou projeto de um futuro (who knows?), vejo seu blog há um tempo e tô vendo que eles tão aparecendo agora com cada vez mais frequência, e tão melhorando pra caramba.
valeu!