Friday, February 15, 2008

strange blues

Hoje é um dia estranho. Bem estranho. Andando debaixo desse sol, encontrei uma guria sentada numa mureta. Ela chorava baixinho enquanto falava no celular. Fiquei com a imagem dela na cabeça. Minha vizinha, uma pessoa que mora sozinha depois que a mãe morreu e nunca foi de falar muito comigo, me ligou agora à tarde. Disse que estava preocupada comigo. Eu disse que não havia motivo para isso. Ela respondeu que achava estranhos eu não dormir mais e andar de um lado para o outro durante a madrugada inteira. Disse também que podia notar o quanto eu era solitário. Tanto quanto ela. Fiquei lisonjeado, uma pessoa nem tão próxima, apesar de apenas uma parede nos separar, tomando conta. Nunca me vi como uma pessoa solitária. Tenho muitos amigos. Mesmo assim, sinto certo magnetismo pelo termo. Hoje, aqui no escritório, a secretária foi mandada embora. Ela estava aqui havia 8 anos. Era a pessoa mais próxima de mim. Sempre me ligava de manhã me acordando pro batente. Patrulheira. Na hora que vi suas lágrimas, tive certeza da demissão. Ela chegou e me deu um abraço apertado, com o rosto encharcado e o nariz chiando, com um cheiro doce de perfume francês e um ar de princesa abandonada pela velha rotina. Disse que gostava muito de mim. Eu não sou um cara durão. Não sabia como agir. Apenas abracei forte também. Ajudei-a a levar suas coisas pro carro. Tentei encontrar palavras de consolo, no entanto, nada me veio. Eu não sei o que está acontecendo comigo. Noto que algumas mudanças estão acontecendo, bem de leve, como a chegada de uma nova estação. Sinto que algo vai acontecer em breve. Não estou com medo nem porra nenhuma. Quero apenas pegar meu carro hoje à noite, escutar um disco bem tranqüilo. Arejar a mente com o vidro aberto. Dar uma volta por ai e encontrar meus amigos. Nem tocar em assuntos assim. Quero apenas me tolerar um pouco. E conseguir dormir antes do amanhecer.

3 comments:

Pedro Pellegrino said...

A máquina do Fluminense imperrou hein?rsrs.

Anonymous said...

sensível!

Carlos Carah said...

fala, Pedro.

se viu? que bando de mela-cuecas.

abraço